PUTIN: PIONEIRO DA DEMOCRACIA RUSSA

Nos últimos anos, vários líderes ocidentais começaram a criticar o presidente russo Vladimir Putin, afirmando que a democracia em seu país está em retrocesso (depois dos supostos avanços na década de 90, durante o governo de Boris Yeltsin). A imprensa reitera tais acusações, e escreve sobre a falta de liberdade de expressão, ausência de oposição e existência de presos políticos na Rússia de Putin. Nada disso acontece, e acabemos pontualmente com os argumentos dessas acusações descabidas.

1- “Repressão à oposição.” Putin não fechou o Parlamento, nem proibiu nenhum meio de comunicação ou partido político normal. O legislativo funciona normalmente, sem interferências do poder executivo, e Putin tem opositores tanto à direita quanto à esquerda: os comunistas, os liberais que participaram do governo de Yeltsin e os ultra-nacionalistas. O que acontece na Rússia é que a grande maioria da população não vê nenhuma outra alternativa a Putin: não querem os comunistas, e menos ainda os liberais dos anos 90, que quase arrasaram o país. Putin ganha as eleições e tem apoio da grande maioria da população (mais de 70% de aprovação) porque está recuperando a economia e o nível de vida, além de combater o terrorismo com eficiência. Ninguém mais tem uma proposta sólida que consiga atrair o eleitorado russo. Putin não reprime a oposição, é a população que não confia nela.

O único partido político proibido é o Nacional Bolchevique, mas não por questöes políticas, mas criminais: seus membros cada vez estavam atuando de maneira mais violenta, e seu líder, Eduardo Limonov, incitava o ódio contra judeus, muçulmanos e outros povos da Federação Russa.

2- “Falta de liberdade de expressão.” Putin é criticado pela imprensa de seu país, e nenhum meio foi fechado, e tampouco nenhum jornalista preso ou perdeu o emprego, por fazê-lo. A única lei de restrição à livre informação que existe na Rússia é a que proíbe a meios de comunicação eletrônicos (rádio, televisão e internet) divulgar notícias ao vivo sobre seqüestros e ataques terroristas. O propósito não é proibir ou reter informação à população, mas aos terroristas: em 2002, quando do seqüestro do teatro Nord-Ost em Moscou, os terroristas podiam ver por TV as forças policiais e militares concentradas fora do teatro, e o que elas pretendiam fazer. A lei é clara e específica, com o propósito único de impedir que os terroristas se adiantem às forças de segurança, e não coibir o direito à informação.

3- “Presos políticos”. Peçam a qualquer organização de direitos humanos uma lista de presos políticos na Rússia, e ela virá em branco. Não existe neste país nenhuma pesssoa presa por motivos políticos, apenas criminais. A imprensa ocidental, porém, diz que o empresário Mikhail Khordokovski é um preso político. Na verdade, ele foi preso por sonegação de impostos no valor de bilhões de rublos e fraude. Pintam Khordokovski como um pioneiro do mercado livre na Rússia, um homem que da “miséria soviética” conseguiu, com seu trabalho, tornar-se um dos maiores bilionários do mundo. Pura fantasia: Khordokovski ganhou sua fortuna comprando empresas soviéticas por preços insignificantes, graças a seus contatos com o governo de Yeltsin, e a aumentou sonegando impostos, pagando mal ou nada a seus empregados, e enviando ilegalmente dinheiro ao exterior. O lugar de um tal escroque é a cadeia. Prendê-lo não é reprimir a livre iniciativa, mas fazer valer o império da lei e permitir que na Rússia surja um verdadeiro capitalismo.

A prisão de Khordokovski, além de fazer justiça contra milhões de russos que foram saqueados e empobrecidos, teve outra vantagem: os demais empresários que deviam impostos ou salários, vendo que terminou a ausência de lei dos anos 90, passaram a pagá-los espontaneamente, temendo ir para a prisão.

Agora lembremos alguns atos de Yeltsin, o “herói da democracia russa” segundo o ocidente: proibiu o principal partido de oposição, o comunista; fechou o parlamento e o atacou com tanques; terminou com meios de comunicação que se opunham a seu governo, inclusive o principal jornal do país, o Pravda. Além, claro, de saquear a economia do país, levando dezenas de milhões de russos à miséria e fazendo com que o PIB russo fosse apenas metade do que era nos tempos soviéticos.

Por que então Yeltsin é considerado um democrata e Putin um tirano? Noam Chomsky, lingüista estadunidense famoso também por seus lúcidos ensaios políticos, escreveu ainda na época de Yeltsin: “O ocidente gosta dele (Yeltsin) porque ele é impiedoso e está disposto a continuar as ‘reformas’ (uma palavra que soa bem). Estas ‘reformas’ têm como propósito levar a antiga URSS ao estado de país de Terceiro Mundo que ela tinha antes da Revolução Bolchevique. A Guerra Fria foi em grande parte fruto da demanda para que essa região se tornasse o que ela era antes: uma área de recursos, mercados e mão-de-obra barata para o ocidente.”

Exato. E agora, com Putin, o ocidente vê seus planos malogrados: a economia russa se recupera, o nível de vida da população progride, a indústria russa se desenvolve e o país está deixando de ser um mero fornecedor de matérias-primas. E, graças a tudo isso, a Rússia se fortalece na geopolítica mundial, voltando a ser uma grande potência. Como sempre, o padrão ocidental para definir um “democrata” e um “tirano” é simples: democrata é aquele que serve aos interesses ocidentais, e tirano aquele que não os atende.

Carlo MOIANA Pravda.ru Buenos Aires

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