Ossétia do Sul, Abkházia, Kosovo e o futuro

Um ano após o reconhecimento pela Rússia da independência das Repúblicas da Ossétia do Sul e da Abakházia, o Cáucaso começa a ganhar uma forma nova, a gozar mais estabilidade e a fazer mais sentido, enquanto Moscovo recebe as boas-vindas como um amigo na sua esfera histórica das operações. Dadas as ações e as reações de outros poderes não tão amigáveis à Rússia, não constitui surpresa nenhuma.

Clima da paz, finalmente

Um ano depois, há finalmente um clima da paz no Cáucaso, se bem que continue a haver um punhado de provocadores na Chechénia e uns bandos de criminosos e bandidos em Daguestão e em Ingushétia, como em toda a parte. Entretanto, os cidadãos de Abakházia e de Ossétia do Sul são hoje menos stressados, sentem-se mais seguros, sentem-se mais felizes, sentem em casa com seus vizinhos novos que desejam ajudá-los e não aniquilá-los, como os georgianos de Saakashvili.

O esforço tremendo nos projetos sociais e económicos fundados e financiados por Moscovo do orçamento da Federação Russa vêm como um grande contraste aos anos de opressão nestas repúblicas sofridas sob uma Geórgia que recusou historicamente de organizar os referendos, que foi sua obrigação nestes territórios sob a lei soviética que assinou. Nada disso é referido na comunicação social ocidental “livre” e russofóbica.

Moscovo mostrou muita paciência durante muitos anos

Durante anos, Moscovo fez o seu máximo esforço para tentar conseguir uma solução política e negociada à questão destes territórios povoados por ossétios e abkhazes, russos étnicos, dentro da Geórgia, sempre de um ponto de vista que fosse satisfatório também para Tblisi. Está escrito em todos os comunicados diplomáticos. Geórgia passou anos, e cada vez mais sob o regime do Putchista maníaco assassino e criminoso de guerra Saakashvili, amigo da OTAN, que passou o tempo obstruindo os processos, obstruindo a lei e finalmente, no verão passado, lançou um ato chocante do chacina - se espera, sem o consentimento dos mestres de Saakashvili em Washington, na altura o regime de Bush.

Assim, o quê foi Moscovo suposto a fazer? Sentar-se nas mãos e assistir a chacina dos seus cidadãos por um bando dos maníacos apoiados por mercenários de países simpatizantes da OTAN e “aconselhados” por efectivos das forças armadas dos E.U.A., colocar a mão no coração e cantar God Bless America? Mulheres e crianças foram atingidas com rajadas de metralhadora nas caves dos apartamentos onde se abrigavam, aterrorizadas. Homens idosos foram assassinados na rua. Bebés foram esmagados com os tanques pelos soldados georgianos que riam-se, bêbados em ódio.

É este o tipo de operações para qual Washington os treinou? São estes os amigos da OTAN? São estes os valores que a OTAN, aquele clique de traficantes de armas não eleito mas que dita as políticas estrangeiras dos seus países-membros, representa? Saakashvili, apoiado pelos Estados Unidos, fez um dramático erro de cálculo naquela noite, mas o quê esperar de um doido comedor de gravatas completamente e totalmente não-preparado para o governo e preparado completamente e totalmente para encher os seus bolsos e os da máfia que o rodeia? Ao custo do povo da Geórgia, claro.

Moscovo reagiu de forma moderada

Ninguém sabe o que estava atravessando a mente de Mikheil Saakashvili nessa noite infame de 7 para 8 de agosto de 2008. Horas depois de ter assinado um acordo de paz, mandou as suas forças lançarem um ataque maciço e selvático contra Tskhinval e preparar um assalto similar em Abakházia, pensando (absurdamente) talvez que porque o primeiro-ministro Putin estava nos Jogos Olímpicos, a atenção de Rússia estaria focalizada em outra parte.

O que seguiu foi uma derrota total e humilhante para as forças militares assassinas da Geórgia, seus apoiantes de facto dos E.U.A., seus instrutores (metragem da TV que as fontes de notícias ocidentais tinham esquecido de editar mostrou ordens muito claramente em inglês norte-americano a serem dadas às tropas georgianos em fuga) e apesar do fato de que as forças armadas da Rússia tiveram um sucesso ressonante e uma vitória brilhante, a resposta foi medida e contida, limitada a uma invasão punitiva para degradar a capacidade da Geórgia lançar outra vez um ataque tão selvagem.

Muitos questionaram porquê a Rússia não foi até Tblisi e arrastar Saakashvili perante um tribunal para responder pelos seus crimes de guerra, providenciando às cidades da Geórgia o mesmo tratamento que os georgianos deram aos civis de Tskhinval. Contudo, Moscovo respeita a lei e conformou sempre à letra da lei, com uma expulsão do agressor, proteção da vida civil de todas as partes e a abstenção de causar danos desnecessários (comparem por exemplo a campanha dos E.U.A. em Iraque onde as estruturas civis foram alvejadas arbitrariamente com equipamento militar ou a campanha criminosa da OTAN em Sérvia onde foram massacrados cidadãos comuns).

Hoje e o futuro

Um ano depois, Ossétia do Sul e Abakházia estão submetidos a um processo de desenvolvimento e não de repressão. Seus cidadãos vivem em paz e não com medo. O clima é um da felicidade e não da amargura, como antes. Há amor no ar em vez de ódio. Para aqueles que duvidam, vão ao Internet e perguntem a abkhazes e a ossétios sua opinião. Para aqueles que desejam virar os eventos de último agosto, agora é demasiado tarde, mas perguntem aos povos da Abakházia e de Ossétia do Sul como sentem, com quem querem viver e com quem não querem viver.

Nicarágua e a Federação Russa já reconheceram as Repúblicas de Ossétia do Sul e da Abakházia e um grupo de estados está preparando-se para fazer o mesmo. Tanto faz se fazem ou não. Sob a lei internacional, já existem as novas Repúblicas.

Os paralelos com Kosovo são injustificados

Os paralelos com Kosovo são injustificados porque o caso é totalmente diferente. Kosovo foi, é e sempre será uma parte integrante da Sérvia, desde o começo da nação sérvia e a união dos povos sérvios. Não é sua culpa que as albanesas foram lá parir durante décadas para criar um desequilíbrio da população em seu favor, não é sua culpa que os albaneses lançaram ataques terroristas contra as autoridades sérvias e não é sua culpa que a OTAN decidiu criar um estado mafioso de traficantes de drogas, contrabandistas de armas e proxenetas.

Kosovo é Sérvia e não há nada na lei internacional que indica que um poder estrangeiro pode simplesmente cinzelar para fora parte de um país, cortá-la e dar a terceiros afirmando “isto é seu”. Os tempos de desenhar linhas em mapas terminou há muito tempo e há algo chamado a lei internacional, que ou deve ser respeitada por todos, ou então por ninguém.

Geórgia foi legalmente vinculada a realizar referendos na Ossétia do Sul e na Abakházia a respeito da independência. É evidente que não os realizou porque soube que o resultado, democrático, seria a favor da independência. E dado o ato de tentativa de genocídio no verão passado, dado que a maioria esmagadora de ossétios e abkhazes escolheria viver nos seus próprios estados apoiados pela Rússia, seu amigo, faz grande sentido que Abakházia e Ossétia do Sul devem ser reconhecidos como estados independentes, enquanto um Kosovo independente, além de ser um contra-senso, é ainda uma violação da lei internacional.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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