Powell: primeiro as mentiras, agora a arrogância

Colin Powell tem um descaramento. Vem a Moscovo como convidado e publica uma carta num diário importante (Izvestia), afirmando que os Estados Unidos da América estão preocupados acerca da base legal de democracia na Federação Russa, acerca das bases militares russas em países da CEI e acerca da política russa na Chechenia.

Eis o homem que mentiu entre os dentes ao Conselho de Segurança da ONU, quando apresentou as suas fotografias pormenorizadas das fábricas das Armas de Destruição Maciça de Saddam Hussein, elogiando simultaneamente a inteligência “magnífica” sobre esses programas.

Eis o homem que representa um regime que perpetrou o acto mais bradante de desrespeito pela lei internacional por enviar as suas forças militares ao Iraque, fora do CS da ONU, que sob cada e qualquer documento sobre a gestão da crise, teria de ser consultado.

Eis o homem cujo governo deu o seu aval a um acto de chacina sem precedentes na história recente, em que dezenas de milhares de pessoas foram assassinadas, mutiladas ou deixadas sem abrigo ou emprego.

Eis o homem cujo governo mandou suas forças militares atacar infra-estruturas civis com uma ferocidade tão selvática que até hoje, quase um ano depois, ainda não estão em funcionamento vários serviços básicos.

Eis o homem cujo governo enviou as suas forces militares para uma Guerra sem causa justa.

Eis o homem cujo governo desrespeitou a ONU e a Carta da ONU, despresando a organização como “a Liga de Nações”. Eis o homem cujas forças militares quebraram as normas da Convenção de Genebra, não uma vez mas repetitivamente.

Eis o homem cujo governo enviou suas forces militares para o Afeganistão – em retaliação, que não é um causus belli legítimo – onde chacinaram outros 3 000 civis.

E este homem – Colin Powell – tem a lata de apresentar as suas preocupações acerca das relações de Moscovo com seus parceiros na Comunidade de estados Independentes?

Colin Powell tem o descaramento de olhar Vladimir Putin olhos nos olhos e falar da Chechénia? Colin Powell tem a audácia de publicar uma carta ameaçadora na imprensa do país que o recebe como convidado? Além de ser um mentiroso e além de pertencer a um regime que é responsável por assassínio em massa e crimes de guerra, Colin Powell demonstra uma ausência de boas maneiras e um excesso de arrogância, que parece ter aprendido dos seus colegas de regime.

Seria bom o Colin Powell lembrar que está num país cujo presidente foi eleito democraticamente pela grande maioria dos seus cidadãos, numa eleição transparente e aberta.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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