Complô internacional contra as eleições presidenciais na Síria

Não ficaremos tontos e nem esquentaremos a cabeça tentando analisar os motivos ocultos por trás das posições dos Estados Unidos da América e seus seguidores na França e nos outros países europeus sobre o mérito da presidência na Síria e sobre o pacote de reformas adotado pelo Governo da Síria para consolidar a democracia, os direitos humanos, a soberania da lei e da liberdade no país.

Faissal Al Mekdad*

Se alguns se surpreenderam com a decisão destas partes de proibir os cidadãos sírios de exercer o seu direito básico de eleger o seu presidente, que irá liderar o seu país, nós afirmamos que este tipo de procedimento só vem confirmar, tanto para nós quanto para a comunidade internacional, a hipocrisia, a desinformação e a seletividade com que alguns países ocidentais tratam o entendimento da democracia.

Os governos ocidentais sempre foram assim, com seus "valores" colonialistas, com suas políticas de "dois pesos e duas medidas", com a corrupção de seus líderes que preferem lidar com os regimes dos outros países, que atendem aos seus interesses e aos interesses de Israel, às custas dos ideais universais e dos valores disseminados pela civilização europeia.

Mas em relação às medidas, as quais convenceram muitos dos países em desenvolvimento a adotar para gerir as questões dos escravos, eles encontraram muitos argumentos para viola-las aqui e impô-las aos outros acolá, sem considerar a sua valia para alguns países. Em todo caso, são eles que dizem que os valores humanos, tais como a liberdade, a democracia, as eleições, os direitos humanos e a justiça são valores universais que devem ser aplicados em todos os países, independente dos costumes, tradições, história e regimes políticos e sociais.

Permito-me, e peço desculpas ao leitor pela minha absoluta sinceridade, dizer que os Estados Unidos e seus seguidores ocidentais transformaram todos estes valores, que disseram serem "valores universais", numa farsa. Além disso, eles mesmos se transformaram numa farsa. Analisem comigo e verão que as melhores relações que estes países, aos quais me referi acima, possuem estão em flagrante contradição com o que eles divulgam e vendem através das posições de seus políticos e de seus meios de comunicação, dos quais só restou de sua credibilidade, precisão, imparcialidade e objetividade, um papo furado.

Cito um exemplo: Será que a relação destes países com os governantes dos países do Golfo se baseia em valores democráticos, direitos humanos, justiça e sábia liderança? Se a família saudita tiver realizado, no século passado e no início do século XXI, muitas eleições legislativas, sem que soubéssemos, para eleger o parlamento saudita e, à luz deste, eleger os governos, câmaras locais e emires das províncias, então que nos perdoem pela nossa ignorância sobre o assunto.

Quanto ao presidente socialista François Holland e seu chanceler, tawil el omr (que tenha vida longa - uma expressão dos países do Golfo) o "mulá" Laurent Fabius, temos informações de que os dois assinaram acordos mal cheirosos com certos países onde as luzes dos direitos humanos nunca se acenderam, ao longo de sua história. Existe aí algo sobre direitos humanos, sobre democracia e sobre estado de direito?

Ou a verdade é que isto está em contradição com o princípio básico da revolução francesa pela liberdade, igualdade e fraternidade?

As lamentações do "respeitável" chanceler francês, suas lágrimas derramadas e suas cobranças porque os Estados Unidos não destruíram a Síria são um flagrante exemplo da insensatez e da loucura destes líderes e de seus regimes falidos, contraditórios à posição de seu país como membro permanente do Conselho de Segurança e das metas da Carta das Nações Unidas, que afirma a solução dos problemas deve ocorrer pelos meios diplomáticos e pacíficos.

Quando se trata de eleições, os cidadãos destes países conhecem bem a origem dos recursos que dão a vitória à este ou àquele candidato em alguns países, além dos milhões que recebem de alguns governantes árabes para financiar as suas campanhas políticas. Todos sabem o que quero dizer e a quem me refiro, especificamente na França.

Quanto ao porquê da França, da Grã Bretanha e, às vezes, alguns países subordinados da União Europeia, se apressarem em conquistar alguns países e governos na África, na Ásia e até na Europa, sob diferentes argumentos, em contradição aos valores de seus povos, esta é uma pergunta pertinente! A resposta exata para esta pergunta é que estes países insistem em enxergar o mundo com os olhos do colonialismo, do domínio e do controle das capacidades dos povos.

Muitos dos representantes da União Europeia e de seus países membros nos disseram que não existe democracia na União, o que existe é um grupo de países conhecidos, cerca de três ou quatro países, que tem o poder de decisão política e administrativa. Mais uma vez, citando como exemplo, temos a França interferindo, de forma sistemática e flagrante, nos assuntos dos países independentes e soberanos que já foram submetidos à colonização francesa.

Caso contrário, como vocês explicariam esta paixão que ela nutre pelo Líbano, pelo Mali e pela República Centro Africana? A cada momento, um destes países assiste a certos acontecimentos que fazem com que a França e somente a França saia dando cabeçadas nestes países para "restabelecer a ordem". Por que? A resposta não é somente o saudosismo da época colonial, mas sim a continuidade da era do colonialismo e de mantêr a tutela sobre estes e muitos outros países.

O que me levou a escrever estas linhas foi a farsa personificada na decisão do governo francês em proibir os cidadãos sírios na França de exercer o seu direito básico e seu dever nacional de eleger, dentre vários candidatos, o presidente de sua pátria mãe. Talvez outros países sigam essa histeria francesa.

Este tipo de decisão, de proibir um cidadão, qualquer cidadão, de exercer o seu direito ao voto contradiz a lei dos direitos humanos em seus três elementos básicos: A Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que o governo francês alega, falsamente e caluniosamente, seguir enquanto atua, do coração de Paris, contra ela. O governo britânico e outros também atuam contra ela às claras.

Àqueles que se posicionaram ao lado dos terroristas e contra o governo da Síria, saibam que ninguém acredita em seus argumentos, que levaram a este tipo de decisões imprudentes. Tal é a alegação de que a situação de segurança na Síria não permite (as eleições) ou que está em desacordo com a Declaração de Genebra. Foram realizadas eleições presidenciais no Afeganistão, onde a Al Qaeda imprime a sua hostilidade contra o povo afegão. A França, a Grã Bretanha e os Estados Unidos aplaudiram estas eleições.

Assim como foram realizadas as últimas eleições no Iraque, o país irmão, onde o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) mata os nossos irmãos iraquianos, assim como ocorre na Síria. Então por que eles não interviram nestes países? É claro que nós não queremos que eles intervenham. Quanto à alegação de Genebra, ela é falha desde o princípio porque a Declaração de Genebra não abordou as eleições sírias, mas sim incentivou a continuidade das atividades das instituições do Estado sírio.

Eles se reuniram, ou melhor, uns trouxeram os outros à força ou sob chantagem, para a capital do extinto império colonialista, com o objetivo de emitir uma declaração contra as eleições presidenciais da Síria. Esta declaração não vale nem a tinta usada para escrevê-la. São as mesmas folhas amareladas, trocadas entre suas capitais, para reafirmar suas decisões que falharam em concretizar qualquer um de seus objetivos.

A concentração daqui por diante e até mais ou menos uma quinzena, será em torno de afetar negativamente as eleições presidenciais na Síria, que serão realizadas no próximo dia 03 de junho. Não nos deixemos surpreender com este tipo de imoralidade e interferência descarada por parte de países que se dizem democráticos ou por parte de países que sequer sabem o significado da democracia, para proibir a realização de eleições de caráter pluralista, que atendem à nossa caminhada pelas reformas políticas, iniciadas pela liderança síria no contexto de suas amplas orientações e seu compromisso honesto de realizar as ambições e "necessidades" do povo sírio.

Como se atrevem as autoridades francesas e outros a tomar uma decisão de proibir os sírios ou quaisquer outros de exercer o seu direito democrático de eleger quem eles considerarem adequado para tirar a Síria da crise pela qual atravessa?

Quem toma este tipo de decisão não é democrático, nem civilizado e seu povo o cobrará pela adulteração de seus princípios. Tanto as autoridades francesas quanto as autoridades de qualquer país que se posicionarem contra a democracia, intitulada pelas eleições, estão com isso confirmando a sua posição a favor do terrorismo e dos assassinos do ISIS e da Frente Islâmica, que derramaram o sangue dos sírios sem clemência. Estão apoiando os sheikhs da Irmandade Muçulmana, encabeçados por Erdoghan e seu serviço secreto, pelos sauditas que retiraram do ventre do wahabismo todos os movimentos extremistas, takfiristas e criminosos, além de outros que não mencionarei aqui para perder o tempo do respeitável leitor.

O cenário está claro e a insensatez da Europa Ocidental, dos americanos e de seus agentes nos regimes árabes chegou a um limite escandaloso, através de seu apoio aos terroristas do ISIS, do Jabhat Al Nusra e da Frente Islâmica, só porque a Síria é o último refúgio do nacionalismo, do arabismo e do compromisso com as questões da nação, especialmente a questão palestina, e seu posicionamento ao lado dos povos do mundo pela soberania, liberdade e independência.

Os responsáveis pela matança de dezenas de milhares de cidadãos são aqueles que ofereceram dinheiro, armas, abrigo e apoio às quadrilhas de terroristas, são aqueles que cortaram o abastecimento de água potável para as crianças, mulheres e idosos de Aleppo por dez dias. Se a ira e o ódio impulsionam alguns governos europeus e americanos a seguir com suas políticas cegas e sanguinárias contra a Síria, para alcançar seus objetivos e servir a Israel, então é direito do eleitor europeu julgar seus governantes e ele já o fez.

Onde estão Chirac, Blair, George Bush filho e Sarkozy? À liderança síria basta a honra de assumir a responsabilidade de combater o terrorismo e resistir à todo aquele que tentou atingir a soberania da Síria, sua independência e sua liberdade. A história dirá que o Sr. Presidente Bashar Al Assad resistiu diante do terrorismo, cancelou, sob severas condições, a lei marcial e decretou a lei de administração local, a lei do pluripartidarismo, a nova Constituição síria, a liberdade de imprensa e a realização das eleições parlamentares.

Quem conspira contra as eleições presidenciais sírias está conspirando contra a democracia, contra o pluralismo político e contra a liberdade de expressão na Síria. Quem conspira contra a Síria e está atuando para que haja um vazio na liderança da Síria, está também atuando para destruir a Síria, para desmantela-la e para entrega-la já mastigada para os terroristas do ISIS, da Jabhat Al Nusra,  da Frente Islâmica e de milhares de milícias terroristas que vem destruindo a Síria e alvejando suas crianças, seu presente e seu futuro.

*Vice Ministro das Relações Exteriores e Expatriados da República Árabe da Síria

Tradução: Jihan Arar

http://www.iranews.com.br/noticia/12156/o-complo-contra-as-eleicoes-presidenciais-na-siria-e-um-ato-contra-a-democracia-e-uma-violacao-aos-direitos-humanos

 

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X