Natal

Seja com bacalhau, tender, chester, perú, bagre, cabrito, polvo, carne de caça, funje – algumas das comidas que tradicionalmente acompanham esta data festiva – o Natal é uma época de celebração, de convívio familiar ou com amigos, de bem estar e de alegria.

Basta de más noticias, basta de desastres, baste de falarmos sobre o Iraque, sobre tortura, sobre assuntos tristes. Pelo menos por dois dias, vamos lembrar valores sãos e bons e sólidos, como a importância do amor para o próximo, o respeito para os outros e a beleza do acto de partilhar com prazer em pé de igualdade e fraternidade.

Vamos lembrar também a importância de amar a nós próprios e sentirmos bem com os nossos atributos positivos, deixando com seriedade para o ano novo a resolução de melhor aquilo de que não gostamos tanto.

Mas acima de tudo este Natal, vamos todos comprometermos a viver este momento em alegria e paz, na esperança que a humanidade consiga no futuro concretizar de forma definitiva os sonhos de alguns – nomeadamente a erradicação de pobreza, a erradicação de desigualdade e um mundo em que não faz qualquer diferença às esperanças ou oportunidades na vida o sítio de nascimento.

Não esqueçamos aqueles que sem qualquer culpa própria, não estão a ler estas palavras num écran porque nem computador, nem electricidade têm e/ou porque não tiveram acesso a uma escolaridade básica.

Na Rússia, algumas pessoas celebram o Natal no dia 25 de Dezembro, trocando presentes, mas isso não passa de uma escolha pessoal de imitar o Natal Ocidental, ou mais provavelmente celebrar dois Natais, pois o Natal Ortodoxo é celebrado no dia 7 de Janeiro, de acordo com o data de nascimento no calendário juliano.

Para muitos, a grande festa começa na véspera do ano novo com uma refeição especial e é claro Sovietsky Champagne e vodka. Come-se kholodets, que é uma geleia de carnes frias, perna de porco, seletka (silyótka), ou arenques com beterraba em fatias e maionese e saladas de olivas.

Para os que têm sorte, tiram férias entre o ano novo e o Natal Ortodoxo, que é acompanhado com bolos tradicionais e jogos que remontam ao tempo da Rus – crianças se disfarçam e visitam as casas dos vizinhos, dançando e cantando e recebem um brinde. As moças mais velhas tentam ver o seu futuro marido nesse dia. Algumas pessoas gostam de prever o futuro por verter cera derretida em água e ver as formas que aparecem.

Na véspera de Natal (de 6 a 7 de Janeiro), muitas pessoas fazem jejum até que aparece a primeira estrela no céu e depois a mesa é posta para a Santa Ceia de Natal, que tem de ter tradicionalmente kutya e ganso assado. Algumas pessoas fazem jejum durante os 39 dias antes de Natal, até dia 6 de Janeiro, Véspera de Natal.

Kutya representa a fertilidade e é comida na Páscoa e no natal. Os ingredientes são trigo (2 canecas), água(três quartos de uma chávena), semente de papoila (uma caneca), nozes picadas (meia chávena), maçã (uma, descascada e cortada em cubos), mel de abelha (2 chávenas) e açúcar. Se quiser fazer um Natal tradicional russo, tem de aprender a fazer a Kutya. No dia antes de comer, primeiro secar o trigo num forno quente, mexendo de vez em quando para não queimar. Lavar e colocar em água fria, deixando no frigorífico durante a noite.

No dia de comer, colocar um terço de uma caneca de mel numa caneca três-quartos cheio de água a ferver. Colocar o trigo numa panela na sua água e ferver, deixando em lume brando durante três horas e meia, até que rebentam as sementes. Ferver as sementes de papoila durante 4 minutos, depois drenar e esmagar no almofariz. Quando tudo estiver frio, colocar junto numa tigela, acrescentar a maçã e colocar no frigorífico para ficar bem frio antes de servir. Pode acrescentar também frutos variados secos.

Além da kutya e ganso, a Ceia tem outros pratos, 12 no total, em memória dos doze apóstolos e os pratos consistem em peixe, Borsch (sopa de beterraba), couve recheado com cereais, frutos secos cozinhados, leitão e outros pratos regionais – a Rússia se estende desde a fronteira com Bielorússia até a Coreia.

Põe-se feno nas mesas e no chão para dar sorte à agricultura no ano que vem a as crianças fazem o som de galinhas para que hajam muitos ovos. As casas são decoradas com Yelka, árvores de Natal decoradas.

As prendas são distribuidas por Babushka, que tinha sido convidada a visitar o menino Jesus quando nasceu, mas estava demasiado frio e ela resolveu não ir. Depois se arrependeu e passou o resto de eternidade a distribuir prendas às crianças bem comportadas.

Outras figuras invocadas nesta altura na Rússia são Ded Moroz (Avó Geada) e Snegoroushka, a Moça de Neve (Snyeg)

Muitas famílias têm o presépio, que tem a forma de uma caixa circular onde colocam figuras de madeira, a cena central sendo o nascimento de Cristo Salvador.

Em russo, Feliz Natal diz-se S Rozhdestvom Khristovym ou Schastlivovo Rozhdestvo e Bom Ano Novo é S Novym Godom ou S Novym Godom, s novym schastem

Bom Natal!

Timofei BYELO e Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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