Juiz decide veredicto do único réu do cerco de Beslan

Um juiz russo estava decidindo, na quinta-feira, qual seria o veredicto da única pessoa levada a julgamento pelo cerco à escola de Beslan, que matou mais de 300 pessoas em 2004, sendo que metade das vítimas era formada por crianças.

A promotoria pediu a pena de morte para Nurpashi Kulayev, que segundo eles é o único sobrevivente do grupo que tomou a escola de Beslan em setembro daquele ano.

Parentes das vítimas afirmam, porém, que as autoridades estão usando Kulayev como bode expiatório. Eles afirmam que a causa de muitas das mortes foi a desastrada tentativa de resgate, mas nenhuma autoridade foi levada a julgamento.

"Não me considero culpado, não pela morte de nenhuma criança ou adulto", disse Kulayev com a voz trêmula, dentro de uma cabine de vidro no tribunal. "Quanto àqueles que são culpados, que eles confessem sua culpa quando forem capturados".

O juiz que julga o caso, em Vladikavkaz, capital da Ossétia do Norte, no sul da Rússia, disse que o tribunal voltaria a se reunir para que ele anuncie o veredicto. Ele não deu previsão de data.

Há em vigor na Rússia uma moratória para a pena de morte, portanto a pior sentença para o réu será a prisão perpétua.

Um grupo fortemente armado, ligado a separatistas chechenos, tomou a escola no primeiro dia de aula, quando os pais acompanhavam as crianças. Os atiradores mataram a maioria dos reféns homens. As mulheres e crianças foram concentradas no ginásio da escola, cercados de bombas.

Dois dias depois, houve uma troca de tiros entre os sequestradores e as forças de segurança. Na confusão, um total de 331 pessoas -- 186 crianças -- morreram. Muitos morreram no incêndio do ginásio, cujo teto desabou.

Cinco mulheres que perderam parentes no cerco entraram na quinta-feira em seu sétimo dia de greve de fome, em protesto contra o julgamento, que consideram uma farsa para acobertar a responsabilidade das autoridades.

"Eles não querem punir aqueles que têm de ser responsabilizados, quem deu a ordem para que tanques e lançadores de granada atingissem a escola", disse Ella Kesayeva, do grupo Voz de Beslan. O grupo dela exige um novo julgamento. Outras organizações de familiares apóiam a pena de morte para Kulayev.

Uma investigação oficial concluiu que a polícia e os serviços de inteligência foram negligentes. Segundo o inquérito, o cerco poderia ter sido evitado se houvesse mais segurança nas escolas.

O inquérito não responsabilizou, porém, as autoridades que lideraram a caótica operação de resgate. O presidente da investigação disse que, mesmo com os erros, a culpa final pelas mortes é dos sequestradores.

O checheno Kulayev disse ao tribunal que estava entre os sequestradores, mas que não matou ninguém. Não há jurados no julgamento.

Segundo Reuters

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