Quem precisa de inimigos?

O país que tem um Parlamento como esse e homens públicos como José Serra não precisa de inimigos. Contrariando os interesses nacionais, para cuja defesa foram eleitos, 292 deputados aprovaram o projeto de lei 4567, de autoria do tucano José Serra, que retira da Petrobrás a exclusividade da operação do pré-sal e entrega a sua exploração ao capital estrangeiro.

Foi um atentado à soberania nacional, sob os olhares complacentes dos militares, onde se imaginava havia nacionalistas como o general Ernesto Geisel. Semelhante projeto jamais seria submetido a uma Câmara como essa, de maioria entreguista, por um presidente nacionalista como o saudoso Itamar Franco. Não se poderia esperar outra atitude, no entanto, de um presidente produzido por um golpe, como Michel Temer, que não tem nenhum compromisso com o povo, do qual não recebeu um único voto para ocupar o Palácio do Planalto. E, com a decisão da Câmara, escancarou-se o caminho para a privatização da Petrobrás.

Temer está conseguindo, em apenas cinco meses de governo, o que o tucano Fernando Henrique Cardoso não conseguiu em seus oito anos de mandato. FHC ainda começou a fatiar a estatal e tentou mudar o seu nome para Petrobrax, sem sucesso, para privatizar a empresa. Ele ainda conseguiu, porém, privatizar a Vale do Rio Doce, um dos maiores crimes de lesa-pátria já praticados em nosso país, o que está se repetindo agora com a Petrobrás, por iniciativa de Serra, hoje ministro das Relações Exteriores. Por que será que os tucanos têm obsessão em entregar o Brasil para os estrangeiros? Com o sucesso do desmonte da Petrobrás, em andamento por decisão do seu presidente tucano Pedro Parente, o governo Temer já planeja também entregar aos Estados Unidos a base espacial de Alcântara, no Maranhão, igualmente tentada por FHC durante o seu governo. E agora outro tucano, João Dória, eleito prefeito de São Paulo, já anunciou a próxima privatização dos principais parques da capital paulista, uma iniciativa que obrigará o paulistano a pagar pedágio se quiser passear naquelas áreas.

Pelo visto de nada valeu a luta dos brasileiros que, na década de 40, ocuparam as ruas e foram perseguidos pela policia na memorável campanha de "O petróleo é nosso", que levou o presidente Getúlio Vargas a criar a Petrobrás. Temer, Serra e os 292 deputados que aprovaram o projeto, além dos senadores que já o haviam aprovado na Câmara Alta, vão entrar para a história como vendilhões da pátria, execrados pelas gerações futuras, mas essa perspectiva não os preocupa, porque estão mais interessados nas vantagens pessoais obtidas no presente. Resta ao povo sair às ruas para tentar impedir mais este crime contra a Nação, repetindo a luta dos brasileiros há mais de 60 anos. Nunca é demais lembrar que foi exatamente por criar a Petrobrás que Getúlio, entre outras coisas, foi levado ao suicídio.

Na verdade, está se repetindo hoje no Brasil o que aconteceu na década de 50, quando Getúlio foi duramente combatido não apenas por criar a Petrobrás mas, também, por governar para os pobres, como Lula e Dilma. Não foi por outra razão que ela foi destituída da Presidência da República e, também, porque Lula vem sendo covardemente perseguido. Eles desagradaram as chamadas "forças ocultas", que tem entre seus representantes a grande mídia, e sofrem as consequências por seu amor ao país, em cuja defesa se dedicam desde os tempos da ditadura militar. Getúlio deixou bem claros, em sua carta-testamento, os motivos e a identidade dos seus perseguidores, quando escreveu: "À campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se a dos grupos nacionais, revoltados contra o regime de garantia do trabalho. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente".

Após o golpe que o conduziu ao Planalto, Temer vem fazendo exatamente o que Getúlio denunciou: além da privatização da Petrobrás ele está retirando direitos dos trabalhadores, mexendo na aposentadoria e no salário mínimo, mudando o ensino médio por medida provisória, sem ouvir os professores; ampliando a dívida e trazendo o FMI de volta; aumentando o desemprego e aprofundando a recessão; estabelecendo tetos para gastos com saúde e educação, acabando com programas educacionais que abriram as portas das universidades para os estudantes pobres, enfim, destruindo todas as conquistas sociais obtidas nos governos petistas. E tudo isso com o apoio da mídia e o aval da maioria do Congresso Nacional, que destituiu Dilma e o colocou na Presidência, e sob os olhares complacentes do Judiciário, hoje empenhado em impedir Lula de voltar ao Planalto em 2018. Esse é o preço que o ex-presidente operário está pagando por lutar pela restauração da democracia no país, por ousar eleger-se Presidente da República e por trabalhar em favor dos pobres. Mas ele não se suicidará, como fez Vargas.

Na verdade, longe de correr da raia, apesar da covarde perseguição de que tem sido vítima, Lula pretende voltar com força total às ruas para defender o Brasil da sanha dos entreguistas. A não ser que o prendam, convulsionando o país, ele deve retornar às suas origens de líder sindical para conduzir a luta em defesa do nosso petróleo. E se o prenderem estarão fortalecendo a sua liderança, cuja força será sentida nas eleições presidenciais de 2018. Mesmo que o impeçam de ser candidato, conscientes de que não conseguirão vencê-lo nas urnas, ele elegerá o novo presidente.

Por Ribamar Fonseca

Com apoio de www.brasil24/7,com

 

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