Iraque: Se tiverem provas, apresentem-nas

Se os serviços secretos dos EUA têm provas que o regime de Bagdade está em quebra das suas obrigações internacionais, seria melhor apresentar as provas ao fórum competente, nomeadamente a ONU.

Sergei Lavrov, o embaixador da Federação Russa na ONU, disse ontem que seria melhor os países não estarem a insistir na existência de programas de desenvolvimento de armas de destruição em massa sem apresentarem as provas para suportar tais posições, dado que o inspector da UNMOVIC, Hans Blix, ter declarado que não há ainda qualquer motivo ‘para suspeitar que Iraque está em quebra das suas obrigações internacionais.

Os EUA estão a isolar-se cada vez mais no mundo diplomático. O discurso e Washington agora é que, se não houver provas que o Iraque tem armas de destruição em massa, também não há provas que não as tem.

Washington assim vai inexoravelmente ao encontro da suposição que a sua administração está detida nas mãos do grupo de pressão das companhias de energia, que rodeiam a Casa Branca. Primeiro foi Afeganistão, ponto de elo entre os campos de gás natural no Turcomenistão e Paquistão, com os seus portos americano-amigaveis no Oceano Índico. A conduta de gás já está em fase de projeto para atravessar o Afeganistão, como foi previsto pelo Mullah Mohammed Omar em 1998, numa entrevista a um jornalista paquistanês, depois de ele ter recusado uma oferta bilionária de deixar uma companhia norte-americana construir a conduta. Disse na altura que sabia que os EUA iriam atacar o Afeganistão, usando Bin Laden como desculpa.

O que tem a ganhar no Iraque é basicamente tudo. É o elo ocidental da pinça que vai circum-navegando os recursos da Ásia Central, começando pela instalação dum regime Washington-amigavel, como no Afeganistão, indo depois para norte, onde vai encontrar a Chechenia, apoiado nas suas bases na Geórgia, de onde os terroristas e bandidos chechenos operam, e logo a seguir, os vastos campos de petróleo do Mar Cáspio, numa região já convenientemente desestabilizada pelos terroristas chechenos, financiados e equipados por países estrangeiros.

Timofei BYELO PRAVDA.Ru