Desejo de armar cilada a Putin

A imprensa ocidental está repleta de histórias que trazem a mensagem do tipo “Derrota da Rússia na Ucrânia” e aqueles que engolem este tipo de disparate já agora podem começar a acreditar que é a cegonha que traz os bebés e que o grifo vai comer as crianças mal comportadas. A verdade mais uma vez foi distorcida.

Para começar, não foi o Presidente Vladimir Putin que congratulou Viktor Yanukovich quando a primeira declaração foi feita na Ucrânia quanto à sua vitória, foi um adido seu, que respondeu de acordo com as normas diplomáticas e de acordo com a posição da Federação Russa relativamente ao respeito pela lei internacional e à sua crença que as relações internacionais e a gestão de crises devem ser regidos pelo foro de lei estabelecido para tal, nomeadamente o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Depois de ter-se apercebido que a Comissão Central das Eleições na Ucrânia ainda não tinha deliberado sobre o resultado final, Vladimir Putin declarou imediatamente que a posição da Federação Russa não é intrometer-se nos assuntos internos da Ucrânia mas sim, deixar espaço para as autoridades competentes resolverem os problemas e questões relativos ao país, uma política que Vladimir Putin seguiu desde o início até ao fim deste assunto, num exemplo de coerência política e diplomática. Esta linha de coerência não traz e nunca trouxe uma situação em que a Federação Russa entrasse em colisão com o Ocidente, porque a Federação Russa não é, como a União Soviética nunca foi, bastião de beligerância. Por isso se coloca a questão, qual é o problema que o ocidente tem para com a Rússia e com Vladimir Putin, cuja política externa é focada num desejo de formar relações amigáveis entre os estados, numa base de fraternidade e igualdade, assinando acordos bilaterais que estimulam os laços económicos, políticos e culturais e que visam a criação dum mundo em que uma irmandade de nações vive lado a lado, resolvendo os seus problemas através do devido foro de lei, o CS da ONU?

Será isso um crime tão grande? Se não, talvez o ocidente deveria começar a pensar e reconsiderar. A posição de Vladimir Putin relativamente à Ucrânia é que é um assunto interno deste país, ponto final.

Evidentemente, cabe aos ucranianos decidirem se querem o lacaio ocidental, Yushchenko, que tentará instalar bases da OTAN no seu solo em troca de contratos bilionários, que irá representar os ucranianos ocidentais, mais pobres e rurais e que irá alienar os ucranianos orientais, mais desenvolvidos e mais prósperos, cujo desenvolvimento industrial não tem igual na região e que podem muito bem decidir recolocarem-se na Rússia, se as condições forem criadas.

Viktor Yanukovich teria sido a garantia contra essa eventualidade mas não é a Federação Russa que está obcecada em falar nestas eleições. Se os ucranianos quiserem o Yushchenko, assim seja e boa sorte. Quem perde são eles, quem ganha é a Rússia.

Contudo, antes de sabermos os resultados oficiais da eleição, a posição correcta seria, e é, no caso de Vladimir Putin, deixem que o povo da Ucrânia decida. Por quê é que o ocidente tem um problema com isso?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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