A evidência do Powell: incrível e inacreditável!

Foram estas as fontes “credíveis de inteligência” citados pelo Secretário de Estado dos EUA, fontes estas que julgou “magníficos” e que eram supostos a estabelecer os fundamentos para uma guerra contra o Iraque.

A documentação referida é um relatório fornecido por Tony Blair à administração Bush, que tinha sido encomendado ao MI6, os serviços secretos britânicos para operações no exterior, pelo conselheiro do Primeiro Ministro britânico, Alistair Campbell.

O Professor Glen Rangwala, da Universidade de Cambridge em Inglaterra mal podia acreditar naquilo que ouvia quando Colin Powell apresentou duma forma convencido, “corajoso” nas palavras do seu presidente, a sua evidência contra o regime de Bagdade. Já tinha ouvido tudo antes, em 1991, porque era a tese dum aluno seu, Ibrahim Al-Marash, agora também professor, que trabalha em Califórnia.

Dez das 19 páginas do relatório dos serviços secretos britânicos, deste relatório “magnífico”, juntamente com os erros de ortografia no texto original, são do documento de tese, datado 1991. Os outros nove páginas são partes de textos, copiadas e coladas, de revistas de defesa facilmente acessíveis no Internet, como por exemplo “Jane’s Defence Weekly”. O texto copiado da tese refere à prática do regime iraquiano esconder armas de destruição maciça em residências particulares e mesquitas, muito citado no discurso de Colin Powell para realçar a acusação de Washington, de que o Iraque está a esconder seu armamento e está a “fazer batota”, nas palavras do Presidente George Bush.

O facto que oito chefes de governo europeus (de Portugal, Espanha, Dinamarca, Itália, Hungria, a República Checa e a Polónia, juntamente com Tony Blair do Reino Unido) assinaram há dias uma carta jurando apoio à política seguida por Washington relativamente ao Iraque, é prova da sua total incompetência para continuarem nos seus lugares, sendo eles motivados mais por um desejo servil de serem os sicofantas dos americanos, ganhando em retorno parte do espólio, do que o desejo de prestar um serviço credível, sério e equilibrado de governação para os seus países.

O facto que o Reino Unido e os EUA podem basear uma causus belli, uma razão para uma guerra, propositadamente, em informações falsas e tendenciosas é totalmente inacreditável. São os governos dos EUA e do Reino Unido que estão a “fazer batota”.

A ganância para o petróleo do Iraque levou dois governos que eram no passado credíveis a iniciarem uma procura cega pelo poder, a conseguir pela colonização do petróleo do Iraque, sem dúvida instigados pelo lobby de energia que rege o que acontece em Washington.

Que os Estados Unidos da América pudessem apresentar esta justificação para a sua guerra contra o Iraque ao Conselho de Segurança da ONU, quer dizer, pelo menos, que o seu governo é criminalmente negligente, ou tem um total desrespeito para a ONU ou então é inteiramente incompetente.

O polícia mundial foi apanhado com os dedos na caixa de esmola. É impensável que a actual política dos EUA seja autorizada a prosseguir pela comunidade internacional.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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