Hora do medo. Tempo de ódio

Hora do medo. Tempo de ódio

 

Jolivaldo Freitas

 

Amanhã é dia de votar e neste ano difícil que se acaba, digno de ser esquecido - se possível o fosse - pela história. Um tempo em que os brasileiros sempre tão cordiais, amigos, receptivos e tão humanos mostraram suas caras verdadeiras e preferiram perder os amigos, a cordialidade o humanismo e rejeitar o próximo, por mais próximo que fosse, em prol de ideias políticas por mais extremistas que sejam, contaminados que fomos pelo que grassa em quase todo mundo, a partir do não-pensar de Donald Trump e da direita esquizofrênica que abala os principais países europeus, notadamente do Leste e dos péssimos exemplos do populismo que coletamos aqui na América do Sul e na Central.

Vivemos no Brasil um ódio contemporâneo que cresce e que não vai passar nem com uma possível vitória da esquerda ou da direita, pois o extremismo vai gerar feridas abertas e se houve cicatrização será um queloide visível e amargo, pelo que preveem os especialistas em política e em sociologia. O desafeto chegou num nível extremo como não se viu nunca antes na história desse país, nem mesmo quando Dom Pedro I ao ver que a constituição que estava apoiando iria retirar boa parte dos seus poderes e limitar suas ações, decidiu por suspendê-la e a classe política explodiu. O país se dividiu.

O ódio dos extremos, dessa vez, sequer dá direito à opinião do centro e é considerado pecado gravíssimo se colocar como omisso, numa filosofia de o que vier será ruim mesmo (diferente do omisso pretérito que achava que o que o destino reservasse estaria bom). Viramos todos bárbaros com a ajuda da tecnologia. O brasileiro é o lobo do brasileiro sob o manto quântico da Internet que ajuda a destilar o ódio como jamais se viu odiar, de forma gratuita, sem fronteiras, ilimitado.

Os especialistas mostram que mesmo depois das eleições o ódio continuará exacerbado, pois os vencedores receberão as batatas, como diria Machado de Assis e aos vencidos restarão o escárnio e a raiva, a tentativa permanente de desqualificar quem obteve sucesso, o que vai refletir na alma, na estrutura, na economia e na política do país, num momento em que o mundo se vê envolvido numa guerra econômica entre duas grandes potências militares e econômicas, os EUA e a China, com graves reflexos nos Terceiro Mundo, nos países emergentes, no BRICs.

O que estamos vivendo até essa véspera de eleição é a constatação de que o mundo virtual tem se materializado. As agressões antes afetas ao Big Data posta-se nas ruas, nos clubes, nos supermercados, na fila do banco, no taxi, nas arenas e até na hora do almoço de domingo nas mesas das famílias. Quem vai poder controlar isso? Quem vai poder dar um basta? Somente você se deixar o ódio de lado. Vencer o medo. Agir de forma inteligente, com equilíbrio emocional porque a animosidade é um tiro no pé ou no peito de uma Nação.  Radicalização nunca deu certo. Basta um erro e iremos todos para a terceira divisão da ordem mundial. Pois, o que se pode dizer: o Brasil de hoje sofre da síndrome da Esfinge e todos querem se devorar, antes de decifrar.

Escritor e jornalista: Jolivaldo. [email protected]

N3

 

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