Victor Alksnis: O futuro da Letónia será decidido na Rússia

Na véspera das eleições legislativas na Letónia, onde 40% da população é russo, em 5 de Outubro, entrevistámos o político mais famoso na Rússia cujos origens estão na Letónia.

O senhor opunha-se à independência dos estados bálticos da União Soviética nos anos 80/90. Ainda é da mesma opinião?

Não só me opunha, tentei evitar a desintegração da nossa Pátria, a URSS mas infelizmente as correntes políticas mundiais foram mais fortes e agora, não é possível regressar a uma unidade geográfica como era a URSS. A independência da Letónia é por isso um facto assumido.

O senhor e os seus colegas an DUMA criticaram as violações dos direitos humanos da minoria russa na Letónia. A situação se alterou?

Ainda é o ponto fraco an Letónia. A maioria dos russos que ali vivem não têm quaisquer direitos à cidadania. Os nacionalistas não fazem o russo a língua oficial e o mais absurdo agora é que num país onde só 25 % falam letão, querem retirar o russo como língua oficial de ensino! A Letónia vai em brevê integrar-se an OTAN e an UE. Isso enfraquecerá a dependência da Letónia sobre a Rússia?

Militarmente, não, porque a Letónia é independente da Rússia há onze anos. Quanto à UE, isso arruinará as suas estruturas industriais e de agricultura, que ficou cada vez mais fraca desde a desintegração da União Soviética. Economicamente não poderá sobreviver sem a Rússia. Se não quiserem morrer a fome, terão de se virar a Moscovo.

Qual o partido que irá apoiar nas eleições?

Com certeza, vai ser a Coligação para Direitos Humanos numa Letónia Unida. Tem os melhores políticos, por exemplo o Alfred Rubiks, que for Primeiro Secretário da Comissão central do Partido Comunista da Letónia, que depois da independência teve de passar seis anos na prisão por causa das suas crenças políticas. O povo está insatisfeito com as políticas sociais e económicas dos nacionalistas nos últimos anos. A Coligação poderá obter 20% dos votos, o que seria óptimo.

Poderá romper-se a Coligação?

Não é segredo que o Partido de Concordância Pública poderá sair da Coligação e formar governo com os três partidos nacionalistas. Assim o Yanis Yurkans ficaria a segunda figura mais poderosa no país.

O que acha da política do Kremlin sobre a Letónia?

A administração do Presidente Putin apoia a Coligação mas só 10% dos recursos disponíveis para proteger os direitos da minoria russa foram aplicados. Como sempre, as coisas feitas cosmeticamente substituem as coisas reais.

E o que acha da possibilidade do compositor, Reimond Pauls, ser o Presidente letão?

Acho que perdeu mais do que ganhou quando entrou no partido Popular, mas de facto ele fala letão e russo e num país com duas comunidades, é importante. Seria aceitável para ambos as comunidades, se o bloco Coligação, Partido Popular e Caminho da Letónia ganhassem uma maioria parlamentar.

O senhor gostaria de voltar à Letónia?

Como político letão, não, porque os meus interesses básicos estão concentrados na Rússia. Possa visitar talvez, mas quando saí da Letónia em 3 de Outubro de 1992, declararam-me persona non grata e nem sequer podia visitar a campa do meu pai. Sim, gostava de visitar Yurmala e lembrar a minha infância, a maior parta da minha infância se passou aí...se calhar a melhor parte.

Anna KOLCHAK PRAVDA.Ru

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