Eleições na Argentina: Quem é Nestor Kirchner?

“É um homem de acção e convicções fortes”, diz um dos seus apoiantes num comício político no centro de Buenos Aires. Isso ninguém pode negar porque se não fosse, este advogado de 53 anos, que nasceu no extremo sul da Argentina, não seria candidato presidencial.

Nestor Kirchner começou na vida pública em 1983, como escriturário na administração pública de Rio Gallego, a pequena cidade capital da província de Santa Cruz, mais perto da Antárctida do que ao Equador, onde nasceu no seio duma família católica alemã. Tendo militado durante muitos anos pelo partido Peronista (de Juan Domingo Peron e sua mulher, Evita), Nestor Kirchner tornou-se Presidente da Câmara de Rio Gallego.

Depois duma administração municipal competente entre1987 e 1991, foi eleito Governador da província da Santa Cruz, o posto que mantém até hoje.

Kirchner ganhou a reputação de ser bom administrador e eficiente fiscal, tendo feito uma intervenção importante na economia pública da província. No entanto, os opositores de Nestor Kirchner dizem que Santa Cruz é muito fácil de governar visto que tem uma população pequena e vastos recursos naturais, incluindo petróleo e gás. De facto, esta região é uma das menos populosas na Argentina: 159,726 habitantes em 243,943 quilómetros quadrados.

Começou a preparar a sua ascendência à presidência há dois anos, tentando criar uma terceira via entre as duas facções do partido Peronista, que tem a hegemonia em Argentina, facções representadas por Carlos Menem e Eduardo Duhalde. Naquela altura, Nestor Kirchner dizia que os dois faziam parte do mesmo “sistema da Máfia” que provocou a pior crise de sempre na Argentina. Contudo, sendo o candidato oficial, apoiado por Duhalde, muitas pessoas da equipa do actual presidente estão trabalhando na campanha de Kirchner para destruir a base de poder de Menem. As maiores fontes de apoio são o Ministro das Finanças, Roberto Lavagna, e os poderosos peronistas de Buenos Aires, controlados com mão de ferro por presidente Duhalde.

Nestor Kirchner não tem carisma nem figura de estadista, no entanto é bom orador e pragmático comunicador, o que compensa parcialmente as falhas na figura que apresenta na TV. Bom técnico economicamente, ainda não tem ideias claras sobre o cenário internacional. A sua frase de campanha “O Mundo é mercado para os produtos argentinos” pode soar bem aos industrias locais mas não faz sentido algum para um país que tenta voltar a crescer depois da crise de 2001.

Nas palavras de Elisa Carrio, uma opositor na primeira volta das eleições, “Kirchner não é tão mau como Menem; teremos de escolher entre um candidato não péssimo e Al Capone (Menem). Eu votarei por Kirchner”. Se Nestor Kirchner não faz erros, será eleito Presidente da Argentina com uma vasta maioria no dia 18 de Maio, dado o sentimento anti-Menem que grassa no país.

Hernan ETCHALECO PRAVDA.Ru BUENOS AIRES ARGENTINA

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