Descobrir as mentiras da OTAN

No dia 29 de Março, sete novos países juntaram-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte, que entrou em vigor num contexto internacional completamente diferente em 24 de Agosto de 1949, para garantir a segurança da área do Atlântico Norte. Por quê, então, é que esta organização agora se espalha na direcção do Oriente, até as fronteiras de leste de Turquia e até a Estónia, com alcance fácil às cidades de Moscovo e São Petersburgo?

Cada vez mais longe do Tratado de Washington

A OTAN foi constituída pelo Tratado de Washington, do 4 de Abril de 1949, que foi ratificado em 24 de Agosto do mesmo ano. O Artigo 1 estipula que “As Partes comprometem-se, de acordo com o estabelecido na Carta das Nações Unidas, a regular por meios pacíficos todas as divergências internacionais em que possam encontrar-se envolvidas, por forma que não façam perigar a paz e a segurança internacionais, assim como a justiça, e a não recorrer, nas relações internacionais, a ameaças ou ao emprego da força de qualquer forma incompatível com os fins das Nações Unidas”, após uma introdução que afirma que o objectivo da OTAN é “de favorecer a estabilidade e o bem-estar na área do Atlântico Norte”.

A pretensão inicial foi estabelecer uma aliança em que as partes no acordo iriam apoiar uns aos outros no evento dum ataque (da URSS, que nunca veio). O que vimos ontem foi uma expansão a leste que não cabe em qualquer dos artigos que constituem a organização. A OTAN cita Artigo 10, para justificar a sua expansão: “As Partes podem, por acordo unânime, convidar a aderir a este Tratado qualquer outro Estado europeu”…porém o Artigo 10 continua: … “capaz de favorecer o desenvolvimento dos princípios do presente Tratado e de contribuir para a segurança da área do Atlântico Norte”.

Se o princípio original foi formar um bloco defensivo contra a ameaça erradamente imaginada (da URSS), entre os estados europeus, para garantir a segurança do Atlântico Norte, como justificar o facto que as fronteiras da OTAN se esticam bem dentro do continente da Ásia, e outras áreas da Europa, dezenas de quilómetros distantes da área do Atlântico Norte?

Agradar a Rússia

No Tratado de Roma, de 28 de Maio de 2002, fez-se uma tentativa para agradar a Rússia e acalmar os seus receios relativamente a uma expansão da OTAN a leste, que tinha sido de facto sua política desde o “Estudo sobre o Alargamento da OTAN” em Setembro de 1995, muito antes do surgimento do fantasma do terrorismo internacional.

Este Tratado estabeleceu o Conselho OTAN-Rússia, um organismo para consultas, decisões conjuntas e criação de consenso, baseado num princípio de igualdade e interesses comuns. Sob este Tratado, consultas têm lugar mensalmente ao nível de embaixadores, semestralmente ao nível de Ministros e ocasionalmente ao nível de Cimeira (Chefes de Estado).

Visto que a gestão de crises é uma das áreas cobertas por este Tratado, onde estava este consenso e onde estava o processo de consultas antes do ataque ilegal contra o Iraque? E por quê razão continuar a expansão agora para as fronteiras da CEI se Moscovo não se sente a vontade com esta política?

A doutrina de Bush

A verdadeira razão pela expansão a leste da OTAN é claramente visível na retórica do Presidente George W. Bush, na cerimónia na Casa Branca ontem, depois da Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, e Roménia se juntarem à organização: “Testemunham alguns dos maiores crimes do século passado, os nossos novos membros trazem clareza moral ao objectivo da nossa aliança…eles compreendem a nossa causa no Afeganistão e no Iraque…porque a tirania para eles ainda é uma memória fresca”.

Essa idiotice intemerata e intemperada foi seguida por frases pelo agora claramente assimilado Colin Powell, como por exemplo “nações a suplicar pela sua liberdade”.

Se Presidente Bush está a referir aos grandes crimes e à clareza moral, talvez ele queria explicar o que está acontecendo em Guantanamo, onde prisioneiros são detidos sem julgamento, sem acusação, em gaiolas, e onde foram torturados. Talvez ele queria também explicar a razão pela qual seu regime quebrou a lei internacional, quebrou os termos da Carta da ONU, da Convenção de Genebra e os Princípios da própria OTAN, perpetrando um acto de assassínio em grande escala no Iraque, cometendo ao mesmo tempo crimes de guerra. E já agora, no assunto de clareza moral, como é que ele justifica o acto de mentir, de forjar documentos e de usar chantagem contra os membros do Conselho de Segurança da ONU para justificar seu causus belli?

Os objectivos da OTAN são cometer crimes de Guerra, deixar cair bombas de fragmentação em áreas civis, bombardear festas de casamento, chacinar populações civis, assassinar crianças, considerar como alvos militares infra-estruturas civis e atribuir contratos sem concurso, estabelecer bases militares a volta do globo que estão com alcance fácil dos seus recursos?

Neste caso, vamos alterar o nome de Organização do Tratado do Atlântico Norte para Organização Terrorista do Atlântico Norte.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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