A visita histórica e emocional de Fidel a Buenos Aires

Visivelmente emocionado, Fidel Castro terminou na segunda-feira a sua visita a Buenos Aires com um discurso público, depois de ter assistido a tomada de posse do novo presidente da Argentina, Nestor Kirchner. Às portas da Universidade de Buenos Aires, um edifício majestoso em estilo grego, Fidel Castro falou perante uma multidão de 40,000 pessoas, que enfrentaram o frio durante três horas para o ouvir.

Foi o primeiro discurso ao ar livre fora de Cuba. O evento tinha sido planeado para ter lugar dentro da aula magna da universidade, mas devido ao grande número de assistentes, teve de ser realizado fora. O líder revolucionário apareceu às nove horas de manhã em ponto e falou durante quase três horas. Ninguém se mexeu durante a totalidade do discurso e quando Fidel disse que o discurso iria ser transmitido ao vido na TV argentina, a multidão gritou: “Cuba, Cuba, Cuba, el pueblo te saluda!” (O povo o saúda).

Fidel Castro abordou uma larga gama de assuntos cubanos e latino-americanos. Entre longos períodos de aplauso, o líder da revolução cubana explicou como funcionam os sistemas de educação e cuidados de saúde em Cuba, relatou histórias pessoais do revolucionário argentino-cubano Ernesto Che Guevara e falou dos eventos mundiais, criticando a política externa dos EUA e a “globalização neo-liberal”.

Fidel castro começou por agradecer a presença dos milhares de pessoas, apesar do tempo frio e agradeceu as autoridades locais por terem permitido que ele fizesse o seu discurso. Numa indicação do seu apoio ao novo presidente da Argentina, Fidel proclamou “Os argentinos fizeram um golpe contra o neo-liberalismo”. Depois falou da vida de Che Guevara, dizendo que era um dos melhores homens da América.

O presidente cubano descreveu-se como um homem optimista, que acredita na salvação do mundo e a predominação de ideias sobre a força. “Eu penso, porque sou optimista, que este mundo pode ser salvo apesar dos erros cometidos pelo homem, apesar dos poderes enormes e unilaterais, porque acredito na predominação das ideias sobre a força”.

Encorajado pelo povo, que gritavam “Olé! Olé! Fidel! Fidel!” o chefe de governo cubano criticou os planos belicosas norte-americanas e a contínua hostilidade de Washington contra a Cuba. “Eles sonham não só na destruição da revolução mas também o povo que é capaz de resistir mais do que 40 anos de bloqueio”.

Referiu o que chamou a política externa “Nazi-fascista” da administração Bush depois dos ataques em 11 de setembro, acrescentando que não é exagero falar duma pretensão dos EUA instalar uma nova ditadura fascista no mundo, quando se ouve que há mais de 60 países que podem ser considerados alvos para ataques-surpresa preventivos.

Fidel Castro era o centro das atenções durante a inauguração de Nestor Kirchner, aclamado pelos políticos argentinos tanto quanto o seu novo presidente, enquanto as multidões se juntaram nas ruas para vê-lo passar. Castro-mania agarrou a sociedade argentina, que tradicionalmente não é considerada esquerdista.

Fidel Castro deixou Argentina an manhã de terça-feira. Provavelmente nunca esquecerá esta recepção calorosa pelo povo argentino.

Hernan ETCHALECO PRAVDA.Ru BUENOS AIRES ARGENTINA

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