Malvinas – um rabinho do colonialismo britânico – mas cheio de petróleo

Há cem anos atrás os britânicos repetiam a todo instante que no império “o sol nunca se põe”. Alusão ao fato de terem colônias em todas as partes do mundo. Hoje não é bem assim.

Laerte Braga

Aquela pompa toda que cerca o palácio de Buckinghan, onde mora a rainha Elizabeth II, aquele negócio do soldado da guarda da rainha sequer piscar e volta e meia um cair duro desmaiado, faz parte do espetáculo britânico para o resto do mundo, show para turistas colonizados, fascinados com um império que não existe mais, um reino que virou colônia dos EUA. Suprema ironia, os EUA foram colonizados pelos britânicos.


Há cem anos atrás os britânicos repetiam a todo instante que no império “o sol nunca se põe”. Alusão ao fato de terem colônias em todas as partes do mundo.


Hoje não é bem assim. O primeiro-ministro inglês engraxa sapatos do presidente norte-americano e a rainha Elizabeth II é só um bibelô de luxo oferecido ao mundo do espetáculo para manter vivo o show do colonialismo capitalista.


As Ilhas Malvinas são um rabinho do antigo império britânico. Mas cheias de petróleo e gás natural. Foram invadidas em 1833 pela Grã Bretanha, tomadas à Argentina e mantidas na guerra de 1982, depois que Leopoldo Galtieri, ditador e general (redundância na maioria dos casos) deu um golpe dentro do golpe e tentou retomar as ilhas para sustentar o regime.


À época o governo Reagan ficou ao lado dos britânicos e o ditador brasileiro João Baptista Figueiredo fez que não era com ele, permitiu aos ingleses usar uma ilha no litoral brasileiro, para reabastecimento de seus navios e aviões. Típica atitude de comandado (como era) diante de ordens superiores vindas de Washington.


Existe um episódio pouco contado sobre a primeira guerra do Iraque, o governo de Bush pai. O ditador Saddam Hussein era aliado incondicional dos norte-americanos, foi armado inclusive com armas químicas e biológicas para uma guerra contra o Irã (morreram milhões de iraquianos e iranianos no conflito). O prêmio, a recompensa de Saddam seria o Kwait, país inventado pelos britânicos após o fim da II Grande Guerra, parte arrancada do território iraquiano, lógico, por conta do petróleo.
Saddam só atacou o Kwait depois de autorizado pela embaixador

a dos EUA em Bagdá. A reação veio alguns meses depois quando os norte-americanos perceberam que o ditador se apoderara de tal quantidade de petróleo que seu preço estava se tornando impagável. Tivesse sido menos ganancioso Saddam estaria no poder até hoje. Tivessem os EUA um mínimo de honra, teriam cumprido o acordo. Mas não, removeram a embaixadora, puseram mordaça na imprensa e içaram a bandeira do patriotismo canalha que move esse tipo de gente.


As Ilhas Malvinas são território argentino e prêmio que os EUA mantêm através de garantias até de ação militar se for o caso (como foi em 1982), à fidelidade da colônia de hoje, a Grã Bretanha.


Há uma recomendação das Nações Unidas, resolução, que determina que as ilhas são “área em disputa” e a solução deve passar pela via das negociações. O governo britânico jamais aceitou qualquer processo de negociação.

Os habitantes britânicos da ilha não são nativos. Para garantir a posse do território (e do petróleo), desde o final do século XIX e até as duas primeiras décadas do século XX o Reino Unido fez o traslado de cidadãos britânicos para as Malvinas, com vantagens como terras, garantia de renda e toda uma infra-estrutura para que lá pudessem se manter, assegurando o domínio do antigo império, hoje colônia norte-americana.


Companhias britânicas de petróleo são associadas a companhias norte-americanas. Formam cartéis, assim como cartel das drogas colombiano, sob o comando de Álvaro Uribe e treze bases militares dos EUA. Ou os dez mil soldados para manter o Haiti sob controle e garantir as reservas petrolíferas existentes naquele país.


O mesmo que fazem com o Brasil desde o fim do monopólio estatal do petróleo proposto por FHC e do qual se valem hoje para tentar apoderar-se do pré-sal. Jogam suas fichas na candidatura de José Collor Arruda Serra.

Há uma ação direta, contundente, sistemática, constante do governo dos EUA voltada para a América Latina como um todo, a América do Sul, particularmente, em busca de assegurar o controle do petróleo nessa parte do mundo, de minerais estratégicos (associados a elites nascidas no Brasil – elites não têm pátria) e da Amazônia.


As ilhas Malvinas são a concessão que fazem a Grã Bretanha, mesmo porque, a Grã Bretanha é um estado dos EUA com um pouco mais de autonomia.


A devolução das Malvinas à Argentina, ao povo argentino, é uma luta de todos os povos latino-americanos.
A decisão da Grã Bretanha de iniciar a exploração de petróleo naquela região é um ato de agressão política, econômica, resquício do colonialismo imperial e momento vivo do colonialismo neoliberal.


Aceitar uma decisão dessas, ou limitar a reação a protestos diplomáticos pouco produtivos, sem efeito algum, é como aceitar um estupro e depois acostumar-se com o segundo, o terceiro, até aquele procedimento do mais forte virar regra.
Some a alma.


Neste momento as ilhas Malvinas são a alma dos povos e nações latino-americanos.
O alerta feito pelo presidente da Venezuela Hugo Chávez é real, necessário, exige que ospaíses da América do Sul mais que manifestar repúdio a atitude do governo britânico, decidam tomar decisões mais enérgicas, contundentes mesmo, em defesa da soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas.


Quem prestar atenção ao fato vai perceber que a mídia brasileira, a chamada grande mídia, pouco falou do assunto. Seja porque é difícil defender a posição dos britânicos, discutir a questão a sério, seja porque essa mídia é parte do novo império, braço do novo império. Molda os povos latino-americanos no medo de fantasmas que não existem, enquanto saqueiam essa parte do mundo.


A luta do governo argentino, do povo argentino é uma luta de brasileiros, de uruguaios, de paraguaios, de venezuelanos, de equatorianos, de bolivianos, mesmo de países governados por regimes simpáticos a Washington (Chile, Peru, Colômbia), pelos seus povos e movimentos populares.
Querem que sejamos novamente a América Latrina, como éramos conhecidos na segunda metade do século XX. Um depósito dos interesses dos EUA. Para isso não hesitam em dar um golpe militar em Honduras, em financiar a campanha de candidatos presidenciais subordinados a Washington (caso de Arruda/Serra no Brasil), em qualquer ação que se lhes assegure os privilégios e o controle dessa parte do mundo.


Estava vendo há pouco o jornalista Joelmir Beting chamar a atenção do presidente do Brasil por ter assinado o plano nacional de direitos humanos e o plano de cultura, tanto quanto o de reformular os critérios legais para o setor de comunicação no País. Beting é funcionário da rede BANDEIRANTES e Arruda/Serra é um dos herdeiros.


O medo que canais de fato livres para expressar opiniões contrárias e diversas à verdade absoluta dessa mentira plena que veiculam diariamente, de rádios comunitárias mostrando ao povo o que significam elites pútridas como as nossas, o modelo perverso ditado por Washington, tudo isso deflagra um conflito de grandes proporções onde as armas não vomitam as balas de urânio enriquecido com que os norte-americanos matam iraquianos e afegãos, mas um espetáculo que aliena e rouba a alma latina.


Querem que nos acostumemos ao estupro.
É hora de içar a bandeira argentina em todos os corações e mentes de latino-americanos e ir buscar de volta as Ilhas Malvinas, território argentino ocupado por invasores britânicos.


É uma luta que não se esgota só na via diplomática.
Quem quiser saber a verdadeira razão das guerras que Washington trava, em nome da “democracia”, deve ir a
http://www.juntosomos-fortes.blogspot.com/


e prestar atenção a cada palavra do veterano de guerra dos EUA Mike Prysner. O título é exatamente esse, a “verdadeira razão das guerras”. É um desafio. Um soldado norte-americano falando a cidadãos norte-americanos que o inimigo real está “em nossa casa” e não “nos povos que matamos”.


Malvinas, território argentino, luta de todos os latino-americanos.

Laerte Braga, jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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