Americana perde emprego por fotografar caixões com soldados

Uma das fotos, foi publicada na primeira página da edição de domingo do Seattle Times, um jornal da Costa Oeste norte-americana, e desde então vem percorrendo a internet.

A foto exibida no jornal (veja acima) mostra mais de duas dezenas de caixões, dentro de uma aeronave pousada no Kuait. O diretor do diário, Michael Fancher, disse ter recebido demonstrações de apoio dos seus leitores devido à publicação, através de e-mails e telefonemas.

Tami Silicio, 50 anos, foi despedida na quarta-feira pela Maytag Aircraft Corp. depois que funcionários do governo dos EUA expressaram "preocupações bem específicas" relacionadas à foto, disse William L. Silva, presidente da Maytag. O marido da fotógrafa dos ataúdes, David Landry, também foi demitido, sem que a empresa apresentasse seus motivos. A Maytag tem um contrato com a força aérea americana, para fornecer serviços aeroportuários.

Silva não quis comentar as preocupações do Pentágono, apenas frisou que Tami violou regras da companhia e do governo federal. A alegação do governo norte-americano é que censura a divulgação das fotos "por respeito aos familiares das vítimas".

Censura começou em 1991

Segundo uma política adotada desde a Guerra do Golfo de 1991, o Pentágono proíbe que a imprensa fotografe caixões de corpos de combatentes sendo trazidos de volta aos EUA, alegando que a publicação de tais fotos representa uma dor a mais para as famílias dos mortos. Críticos dizem que informação está sendo negada ao público, e que a administração Bush insiste na política para evitar o impacto, na opinião pública, dos caixões sendo trazidos do Iraque.

A proibição tem relação com os traumas deixados pela Guerra do Vietnã (1963/1975). As imagens dos cadáveres de soldados sendo repatriados para os EUA em sacos de plástico negro tiveram forte impacto sobre a opinião pública dos EUA, estimulando o movimento pela paz.

"É algo que você não vê na mídia"

Tami disse que tirou a foto de 20 caixões envoltos com bandeiras dos EUA prestes a serem transportados do Kuwait para os Estados Unidos a fim de mostrar aos parentes dos mortos que equipes civis e militares tratam com carinho e devoção os restos mortais de seus amados. "Eu não tinha a intenção de perder meu emprego nem de ficar famosa", disse. "Sinto-me como alguém que foi golpeada no peito por uma barra de ferro", disse ainda. Ela está sendo mantida no Kuait, enquanto seus empregadores e o exército decidem o que fazer.

Ela enviou as fotos a um amigo do seu Estado, Amy Katz, que por sua vez repassou-as ao jornal. E autorizou a publicação sem pedir nenhuma compensação financeira. "Eu disse simplesmente: uau", relata o fotógrafo do Seattle Times, descrevendo sua reação ao ver a foto. "É algo que você não vê na mídia", complementa.

Entretanto, Patrick Cockburn, correspondente em Bagdá do jornal britânico Independent, afirma, citando o major-general norte-americano Mark Dempsey, que 40% dos efetivos das forças o de segurança, recrutadas pelos militares estadunidenses, voltaram para casa; enquanto outros 10% mudaram de lado e "atualmente trabalham contra nós". Dempsey, que comanda a 1ª Divisão Blindada dos EUA, baseada em Bagdá, disse que a desintegração dos serviços de segurança foi mais séria do que se admitia anteriormente.

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