Bacia do Níger dá um bom exemplo

Ontem lutámos por causa da terra. Hoje lutamos por causa do petróleo. Amanhã, lutaremos por causa da água. A Bacia do Rio Níger providencia uma visão útil do que poderá acontecer no futuro – nove países da África Ocidental se juntam para discutir como gerir e partilhar seus recursos hídricos.

Esta área árida da África Ocidental, onde nove países dependem do Rio Níger pela sua sobrevivência, já testemunhou os problemas potenciais causados pela falta de água.

Num passado não muito distante, houve conflitos armados por causa do fornecimento da água, demonstrando que em casos extremos, o futuro poderá ver guerras em grande escala por causa da gestão de recursos hídricos.

Uma falta de água soletra uma palavra sinistra: morte. as comunidades que ganham a vida por pastoreio, da pesca ou da agricultura desaparecem, quando os leitos secos dos rios se tornam em poeira e o deserto avança.

A má gestão dos recursos soletra a mesma mensagem. Uma acumulação de lodo causa bloqueios e mudanças de direcção da caudal, uma falta de atenção pode ver os cursos de água estrangulados por plantas aquáticas flutuantes e uma falta de responsabilidade pode criar problemas massivas de poluição, com a descarga de químicos ou resíduos não tratados no rio, causando a devastação por centenas ou milhares de quilómetros a jusante.

É para discutir estes problemas e para adoptar medidas comuns que nove países se juntaram na Autoridade da Bacia do Rio Níger, sob os auspícios da ONU: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Guiné, Costa de Marfim, Mali, Níger e Nigéria, que têm uma população conjunta de 100 milhões de pessoas.

Essa é um acto civilizado, esse é o que a humanidade pode esperar numa nova ordem mundial que reflecte a vinda dum novo milénio. Discussão, debate e diálogo, baseado num espírito de amizade e igualdade, sob a égide da ONU.

É pena que nem todos os países são suficientemente civilizados para abordar a gestão de crises desta maneira.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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