Lula quer união de países em desenvolvimento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na Índia a formação de um bloco comercial entre os países em desenvolvimento. O primeiro passo foi dado ontem em Nova Delhi, quando representantes do Mercosul assinaram um acordo preferencial de tarifas fixas com o governo indiano.

A formação da união comercial entre os países do G-20, o grupo de países em desenvolvimento que lutam juntos na OMC (Organização Mundial do Comércio) por regras mais justas nas negociações de bens agrícolas no mercado internacional, pode acontecer em junho, quando da realização no Brasil da 11ª reunião da Unctad, órgão da ONU que lida com questões de comércio e desenvolvimento.

Livre comércio

Na ocasião, devem ser abertas as negociações do Sistema Geral de Preferências Comerciais. "Será este, possivelmente, o primeiro passo para a criação de uma área de livre comércio entre os países do grupo, aberta a outros países em desenvolvimento", afirmou o presidente.

Na reunião de ontem com representantes do governo indiano, Lula ressaltou que o intercâmbio entre Brasil e Índia pode render avanços fundamentais para a sobrevivência de ambos os países no contexto global. "De nada adianta para a Índia e o Brasil ficar de braços cruzados esperando que os países ricos resolvam nossos problemas", disse o presidente. "É preciso que nós mesmos, países em desenvolvimento, assumamos a responsabilidade pelo nosso destino e juntemos forças para defender os próprios interesses nas negociações comerciais e nas questões relativas à paz e à segurança internacional", afirmou Lula.

Acordo

No acordo entre o Mercosul e a Índia, assinado pelas autoridades de Nova Delhi e por representes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, será incentivado um comércio de mais de 1,7 mil produtos a partir do próximo semestre. "Inauguramos hoje, com o Acordo-Base de Acesso a Mercados, no âmbito das negociações Índia-Mercosul, uma nova era para a cooperação Sul-Sul", disse Lula, acrescentando que a aproximação comercial entre o Cone Sul e a Índia deve servir de exemplo para iniciativas semelhantes no mundo em desenvolvimento.

"O presidente tem falado tantas vezes em uma mudança na geografia comercial do mundo. Um acordo entre Mercosul e a Índia é uma ilustração concreta, gráfica, dessa mudança", afirmou o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores. Mercosul e Índia vão negociar nos próximos 120 dias a lista de produtos que serão beneficiados pelo acordo de tarifas fixas e menores. O primeiro encontro dos grupos de trabalho será em fevereiro, em Buenos Aires, e o segundo está marcado para o mês de março, em Nova Délhi. A expectativa é de que as negociações terminem até junho e que o acordo passe a ser implementado gradualmente a partir do próximo semestre.

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