Colômbia. Farianas. A ideologia de gênero não existe!

A difusão da existência de uma suposta ideologia de gênero nos acordos de paz de Havana teve um manejo abusivo e mal-intencionado para gerar medo e desqualificar moralmente o Acordo Final, desestimulando sua leitura e conhecimento. Há que deixar claro que a ideologia de gênero não existe e portanto não pôde ser incluída no Acordo Final.

por Victoria Sandino Palmera, Delegación de Paz de las FARC-EP / Resumen Latinoamericano/ 14 de Outubro 2016.-

O que, tem sim o Acordo é um enfoque de gênero que recolhe as obrigações internacionais e os mandatos constitucionais da Colômbia em matéria de Direitos para as mulheres. O enfoque de gênero busca fundamentalmente implementar ações para avançar na igualdade real entre homens e mulheres, porém isto implica reconhecer que as mulheres e as meninas têm sido as mais afetadas pela pobreza e a violência, nos conflitos armados.

Se se revisa os acordos de maneira sensata, pode-se ver que, seguindo os parâmetros internacionais e acadêmicos do enfoque de gênero, se incluiu uma estratégia dual. Quer dizer, se propõe ações para avançar na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e se propõe ações específicas para atender as necessidades e propostas das mulheres que vivem em condições de vulnerabilidade, como as mulheres chefes de família, vítimas do conflito, mulheres campesinas, indígenas, afrodescendentes e negras, entre outras.

O enfoque de gênero permite ademais propor ações para identificar os impactos sobre as condições de vida materiais das mulheres o exercício dos direitos civis e políticos na vida e direitos das mulheres dos grandes temas nacionais: por exemplo: o Acordo propõe identificar, prevenir e atender as violências contra meninas e mulheres associadas aos cultivos de uso ilícito. No acordo, as partes reconhecemos que se requer ações específicas para gerar uma maior consciência cidadã, e promover a participação das mulheres; não só buscamos ampliar e fortalecer a democracia com o exercício dos direitos civis e políticos, também se inclui ações para atender as condições de vida materiais das mulheres, por isso se propõe o acesso à terra e ao desenvolvimento rural tenha em conta as mulheres como uma população importante, que contribui com a economia de maneira decidida e fundamental.

Estes são só alguns dos exemplos que deveriam motivar a leitura do Acordo para entender que a ideia que se vendeu ao povo frente à existência de uma suposta ideologia de gênero, como uma armadilha para promover o homossexualismo ou para impô-lo, "ideologia" que, segundo o destituído procurador Ordoñez, está "encriptada" no enfoque de gênero dos acordos de Havana, não é mais que uma mentira para ocultar os verdadeiros interesses pessoais de representantes do mais atrasado obscurantismo que se comprometem publicamente a "purgar" a ideologia de gênero dos acordos de Havana", sentindo saudades dessas épocas em que suas purgas se davam nas fogueiras.

Se bem que o enfoque de gênero reconhece que existem pessoas com orientações sexuais diversas que também foram afetadas de maneira particular e direta pelo conflito, o acordo final não faz referência alguma acerca da composição da família colombiana, nem tampouco sobre as supostas cartilhas que seriam implementadas nos colégios, com o objetivo supostamente de promover a homossexualidade. Quer dizer, não se propõe nada do que diz a suposta "ideologia de gênero", tão só se reconhece as populações diversas e suas realidades, frente às quais os acordos têm que propor ações para que suas necessidades sejam atendidas de uma maneira efetiva. É necessário entender que o acordo final tem alguns avanços e, ao contrário do apresentado pelos que manipulam a informação, não vamos nos imiscuir na privacidade da vida das colombiana e dos colombianos...

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