Cantinhos esquecidos do nosso mundo

Enquanto o circo internacional fica focado no Iraque, onde George Bush gastou centenas de bilhões de dólares dos seus contribuintes espalhando liberdade e democracia e ganhando corações e mentes, chacinando dezenas de milhares de pessoas inocentes, ao sul e um pouco ao oeste do Iraque, no Corno de África, continua quase sem reparo uma crise humanitária que afecta milhões de pessoas, num dos cantinhos esquecidos do nosso mundo.

Na Eritreia, cerca de um quarto da população depende de apoio alimentar e a ONU avisou que a comunidade internacional tem de continuar o seu nível de apoio senão põe-se em risco a existência de um milhão de pessoas.

900.000 pessoas na Eritreia sofrem as consequências duma seca de duração de quatro anos e/ou guerra em algumas regiões e de acordo com os relatórios da ONU, a taxa de subnutrição chega a 19% da população. A colheita falhou outra vez este ano, aumentando e complicando o problema.

Em termos de emergência internacional, uma taxa de subnutrição de 15% se classifica como “emergência” por isso, onde está esta história na imprensa internacional? Ainda por cima, a ONU indica a evolução duma situação de calamidade num futuro próximo, dado que 66% da população não consegue satisfazer as necessidades diárias básicas em termos alimentares.

Na Somália, a leste da Eritreia, existe uma crise humanitária há muito tempo devido a uma seca e ciclos de pobreza endémica, que destroem o tecido da sociedade. Jan Egeland, Coordenador de Apoio de Emergência da ONU, pediu que a comunidade internacional preste mais atenção à situação nesta zona, esquecida no rescaldo da guerra ilegal de Bush.

Falando de Somália e Eritreia, invadimos o mundo confortável daqueles que gostam de receber suas notícias filtradas num prato cuidadosamente confeccionado e pedimos desculpas para tal, especialmente nesta altura do ano, em que queremos ouvir histórias de fadas e ursinhos dourados que vivem na floresta mas de facto há uma crise humanitária e milhões de pessoas precisam de ajuda.

Não querem ser bombardeadas, nem libertadas, nem invadidas, nem querem liberdade e democracia, nem querem que lhes ganhem a confiança dos corações e mentes. Simplesmente querem colocar uma refeição básica na mesa para suas famílias, e simplesmente, exigem o direito à sobrevivência.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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