A Semana Revista

CALÚNIA!!

Subcomissão do Senado dos EUA calunia políticos russos

Chega a altura agora das acusações. Com o regime de Bush em queda livre nas sondagens, Washington procura noutras paragens o foco da atenção dos cidadãos dos EUA para desviá-los da realidade crua – a péssima situação sócio-económica interna. Com a política externa em caos no Iraque, com a opinião mundial inflamada contra Washington devido à sua campanha assassina contra tantos milhares de civis, Moscovo agora se encontra no centro das atenções, fonte histórica de más notícias para uma imprensa comprada russofóbica.

Baseando uma parte substancial da sua informação nas declarações feitas por antigos membros do governo no Iraque, a Subcomissão Permanente do Senado sobre Investigações abriu um dossier contra os antigos adidos presidenciais Alexander Voloshin e Sergei Issakov, e o deputado Vladimir Zhirinovsky, acusando-os de estarem envolvidos no escândalo petróleo-para-comida, recebendo pagamentos de milhões de dólares em troca de favores. Na semana passada, acusou o deputado britânico George Galloway e o antigo Ministro do Interior da França, Charles Pasqua, de estarem envolvidos no mesmo caso, acusações essas negadas veementemente pelos arguidos.

Porém, qual foi o país que estava a monitorizar o Iraque de perto durante a década dos anos 90? Qual foi o país que cometeu actos de pirataria e terrorismo no Iraque numa base quase diária? Qual foi o país que sabia que cerca de oito bilhões de USD de petróleo foi contrabandeado do Iraque através da Síria e o país-membro da OTAN, Turquia? Foi a Federação Russa ou os Estados Unidos da América?

E quais são as acusações? Que oficiais russos receberam petróleo, que poderiam vender por grandes lucros? Desde quando é que russos precisam de receber petróleo, com tantas reservas na Rússia? Quais são as fontes? Ex-governantes iraquianos que vivem sob o regime fantoche de Washington no Iraque, que diriam qualquer coisa que fosse se pensavam que iria melhorar seus interesses e a firma norte-americana Bayoil, cujos gestores foram indiciados em Abril. Mas que fontes tão credíveis, essas.

Baseado em rumores e coscuvilhice, a subcomissão do Senado alega que o Conselho Presidencial, então liderado por Voloshkin, poderia ter recebido 16 milhões de USD enquanto Zhirinovsky poderia ter ganho 8,7 milhões.

Mas onde estão as provas que os pagamentos foram feitos? Onde estão as provas que essas quantias foram recebidas?

Parece que Washington depressa faz alegações e insinuações e depois quando vem a altura para as substanciar, bate com a cara na parede. Não há muito tempo, lá estava Washington a garantir que o Iraque tinha Armas de Destruição Massiva, que colocava uma ameaça imediata e grave aos EUA e aos seus aliados e que Washington até sabia onde estavam as ADM, nas palavras de Rumsfeld: “Em Bagdade e ao norte, ao sul, a leste e ao oeste daí” e nas palavras de Powell: “A serem levadas pelo deserto fora…em veículos”.

Agora vêm com histórias contra figuras públicas russos. A posição do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa é uma de cautela, esperando até que seja publicado um relatório exaustivo da ONU. Até aí, qualquer menção do caso não passa de boatos e há que lembrar que o registo dos EUA de George Bush não convence ninguém.

Fazer alegações sem fundamento deste tipo é calúnia. Talvez tenha chegada a altura para fazer acusações contra Washington, que os EUA atacaram uma nação soberana fora dos auspícios da ONU, que tal ataque precisava sempre duma resolução separada do CS sob a Carta da ONU, quebrada por Washington, juntamente com as Convenções de Genebra enquanto chacinou até 100.000 pessoas num acto de assassínio em grande escala não visto há décadas.

E o que tem a dizer a subcomissão do Senado acerca disso?

2005 COMO VAMOS?

60 anos depois da Segunda Grande Guerra Mundial – o quê é que conseguimos realizar? Superficialmente, fizemos um longo caminho desde 1945 mas será que abordamos as raízes dos nossos problemas?

Seis décadas depois do final da Segunda Guerra Mundial, o Homem se acha no limiar do terceiro milénio com promessas e frases de ocasião amiúde mas em termos práticos, pouco ou nada feito.

Embora tenha havido melhorias (a esperança da vida aumentou em muitas regiões da terra, as guerras que sofremos nada parecem com a escala da segunda guerra mundial e houve enormes progressos científicos em quase todas as frentes), ainda nos achamos num mundo em que a regra da lei não é respeitada, as oportunidades não são iguais, uma proporção substancial da nossa população vive em condições deploráveis e o espaço entre os que têm e os que não têm aumenta dia após dia.

O Iraque foi um exemplo clássico de onde o Homem pode errar, onde a diplomacia entrou em colapso, onde a ONU foi desrespeitada e ultrapassada como organismo insignificante e impotente, tal como acontecera com a Liga das Nações um século antes e onde a crueldade e a insensibilidade daqueles que detinham o poder foi utilizado sem qualquer respeito pela vida humana.

Há porém bons exemplos. Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são um farol que ilumina o caminho que o Homem deveria estar a seguir, fixando alvos e providenciando umas linhas-guia, através dum processo de diálogo, para o estabelecimento de políticas de desenvolvimento sustentável pelo mundo fora.

Outro exemplo encorajador foi a Comissão para África, estabelecida pelo Primeiro-Ministro do Reino Unido, Tony Blair. Esta Comissão teve uma base tão larga quanto possível e emitiu seu relatório em Março deste ano sobre os problemas enfrentados pelo continente africano, apresentando soluções. Estas serão discutidas na cimeira dos G8 em Gleneagles, Escócia, em Julho.

E é precisamente aqui o foco das nossas atenções, nos mecanismos da tomada de decisões, no nível político mais alto possível (às vezes vedado) onde se encontram os que detêm o poder. Por muito que os técnicos trabalhem num nível menos visível, por muito que tente pressionar a opinião pública, falta a visibilidade na altura da tomada de decisão.

No nível onde as políticas e os negócios são misturados e onde os barões invisíveis têm tanto poder, ou mais, que aqueles que nós elegemos em eleições democráticas, entrelaçam-se os planos de negócios, políticos e de interesses pessoais.

É aqui o ponto onde devemos atacar, o mal que temos de rectificar, nomeadamente a culminação do modelo capitalista no sistema monetarista e liberal, onde a linha de fundo quer dizer tudo e onde a vida humana fica redundante, onde os que controlam a riqueza detêm poder absoluto e os que não detêm poder nem riqueza são condenados a uma situação em que o valor da vida humana se relega a um nível abaixo do valor de dinheiro.

Nesse modelo, a competição, supostamente uma ideal que estimula o progresso, ganha uma faceta mais perversa, que leva à destruição e à morte, que leva à extinção dos valores humanos enquanto a gula dos elitistas corporativos dita a política mundial num nível não-Clausewitziano talvez pela primeira vez na história moderna.

A rota alternativa, seguida por Marx, Engels, Lenin e outros, criando um sistema em que a política era ditada pelo povo, criando sociedades em que a paz e o pão eram garantidos num estado seguro, que providenciou a habitação gratuita, sistemas de educação e de saúde excelentes e gratuitas, pensões garantidas, trabalho garantido, alimentação garantida, foi atacada pelos construtores e apologistas deste modelo capitalista desumana.

Se o sistema comunista desapareceu na Rússia talvez porque nunca lhe deram qualquer hipótese de continuar (embora seus objectivos principais foram alcançados) e porque faltou um elemento importante, reconhecer e recompensar o esforço humano, então o que existe no palco mundial é ainda pior.

Enquanto o sistema comunista conseguiu algo, o modelo da direita, monetarista, capitalista e liberal também produziu caos e desastres, que é a vida diária de tantos milhões de pessoas, os que querem comprar uma casa, que querem ganhar e manter um emprego, que querem um sistema de educação e de saúde.

Basta dizer que o PIB da URSS em 1990 era o dobro do PIB da Federação Russa de 2000. E o sistema comunista era assim tão mau?

SITUAÇÃO TENSA EM UZBEQUISTÃO

Alexei Malashenko, Centro Carnegie, Moscovo

Os eventos foram provocados por uma situação social difícil e a alta taxa de desemprego, que são a culpa do Presidente Islam Karimov. Qualquer protesto social num país como este onde a maioria da população é muçulmano irá mais cedo ou mais tarde ganhar um cariz religioso.

Alexei Makarkin, vice-director geral do Centro das tecnologias Políticas

Karimov tem estado a vacilar entre a Rússia e os EUA. Na semana passada ele comprometeu-se, saindo da GUUAM (Geórgia, Ucrânia, Uzbequistão, Azerbaijão e Moldova). Precisa de apoio político, que Moscovo está numa posição para poder dar. Prevê-se um aumento na cooperação entre Moscovo e Uzbequistão e talvez a adesão de Tashkent à Organização do Tratado de Segurança Colectiva (Federação Russa, Bielo-Rússia, Arménia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão) e EurAsEC (Comunidade Económica Eurásia), cujos membros são a Rússia, Bielo-Rússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão).

Konstantin Zatulin, Deputado da DUMA Estatal da Federação Russa

Há todas as razões para acreditar em Karimov quando afirma que a desestabilização no seu país se deve a organizações extremistas islâmicas. Ele tem-nas perseguido com determinação e tem agido correctamente até agora.

Sergei Mitrokhin, Vice-Presidente do partido Yabloko

Foi mais uma questão duma revolta de parte da sociedade uzbeque e o tecido empresarial contra o autoritarismo de Karimov. Tomar o lado dele poderia levar a uma guerra civil em Uzbequistão e a formação dum estado islâmico.

CSKA CAMPEÃO!! Primeira equipa russa a vencer Taça UEFA. Sporting CP 1 – CSKA 3 CSKA Moskva ganhou a Taça UEFA hoje em Lisboa, vencendo o clube anfitrião Sporting Clube de Portuga 3-1 no seu próprio Estádio José Alvalade, depois de ter demonstrado a inteligência de jogar futebol estratégico e táctico no seu melhor nível. As equipas alinharam:

Sporting Clube de Portugal

Ricardo, Barbosa, Sa Pinto, Enakarhire, Garcia, Beto, Rochemback, Moutinho, Liedson, Rogério, Tello

PFC CSKA MOSKVA

Akinfeev, Ignashevich, Aleksei Berezoutski, Daniel Carvalho, Olic, Vagner Love, Odiah, Zhirkov, Aldonin, Vassili Berezoutski, Rahimic

CSKA merece levar a Taça UEFA a Moscovo depois duma bela partida de futebol táctico, inteligente, concentrado e organizado, que silenciou a multidão da equipa de casa (o estádio do Sporting tinha sido escolhido para o final da Taça UEFA 2004/5 já na época passada). Foi uma questão de “à terceira, é de vez” para CSKA, que já jogou duas vezes em Portugal esta época (0-0 frente ao FC Porto na Liga dos Campeões e 1-1 frente ao SL Benfica na Taça UEFA).

Porém, foi Sporting a inaugurar o marcador, após 28 minutos, quando o brasileiro Rogério chutou na entrada da área com um remate que entrou como um foguete no canto superior direito da baliza de Akinfeev, que não teve qualquer hipótese. 1 – 0.

Até então, o Sporting tinha estado a aumentar a pressão sobre CSKA, que por sua vez tinha demonstrado que poderia ser difícil de conter no contra-ataque, o que fez com que Sporting teve de deixar por trás os médios defensivos, que ficaram assim impedidos de apoiarem o ataque.

Sendo assim, a mensagem foi dada e recebida: CSKA veio a Lisboa para vencer. A defesa da equipa de Moscou começou a bloquear e parar tudo que a equipa da casa lançou contra ela e as incursões no meio-campo ficaram cada vez mais incisivas, culminando numa bela hipótese para o avançado brasileiro da CSKA, Vagner Love, aos 44 minutos, mas rematou ao lado.

Sporting iniciou a segunda metade do jogo com determinação e quase bisou aos 51 minutos quando Akinfeev foi penalizado por ter agarrado ao passe de Ignashevitch na área mas o remate de Rochemback saiu ao lado. Aqui foi o ponto de viragem do jogo.

Primeiro, o Daniel Carvalho no meio campo e depois Vagner Love à frente começaram a demonstrar sinais de perigo até que aos 57 minutos, CSKA igualou o jogo com um remate de cabeça de Aleksei Berezoutski, que converteu o ponta-pé livre de Carvalho. 1 – 1.

Depois disso, o jogo desenvolveu-se em movimentos fluentes, varrendo o campo de baliza a baliza, primeiro Sá Pinto se pôs a frente dum remate de cabeça de Liedson, bloqueando o tento, mas aos 65 minutos, CSKA marcou o segundo golo, Carvalho tendo alimentado Zhirkov que enterrou a bola na baliza de Ricardo. 1 – 2.

Entre os minutos 70 e 75, este jogo forneceu uma boa razão porque os doentes cardíacos não devem assistir jogos deste tipo, as duas equipas desenvolvendo lances excitantes, futebol ao seu melhor nível, justificando o bom dinheiro pago pelos adeptos. Primeiro, Krasic (CSKA), depois Rogério (Sporting), depois Krasic outra vez, depois Rogério, que bateu no poste a uma distância de um metro e dentro de meio minuto, até que Daniel Carvalho fez o passe da noite para seu compatriota Vagner Love enterrar o jogo e o Sporting. 1 – 3.

Os adeptos russos celebraram na noite quente lisboeta num ambiente amigável e hospitaleiro, providenciando um excelente exemplo da calorosa recepção portuguesa depois de 92 minutos de futebol ao seu melhor nível.

CSKA volta a Moscou merecendo a sua vitória e ganhando muitos amigos pelo seu futebol limpo, directo e inteligente. Se a selecção nacional da Rússia conseguir construir algo baseado nisso, será uma equipa a observar de perto na FIFA 2006 na Alemanha.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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