Japão: São horas de actuar como membros da comunidade internacional

Quantos japoneses, e com razão, se queixam de terem sido vítimas de terrorismo nuclear, quando os Estados Unidos da América escolheu alvos civis para actos de exterminação em grande escala durante a Segunda Guerra Mundial? Mas quantos japoneses falam acerca da crueldade praticada pela frota baleeira japonesa?

“Se imaginarmos um cavalo que é obrigado a puxar uma charrua através das ruas de Londres com três lanças explosivas no seu estômago, enquanto jorra sangue na berma do passeio, teremos uma ideia sobre os métodos utilizados a matar baleias. Os próprios que manejam os arpões dizem que se as baleias pudessem gritar, não havia ninguém que os matasse, porque não haveria ninguém que poderia aguentar os gritos de dor”.

Foram as palavras de um médico a bordo de um navio britânico há cinquenta anos, acerca da crueldade envolvida na prática de matar baleias. Hoje, meio século depois, a frota baleeira japonesa continua a usar granadas explosivas para matar baleias, contra todas as normas internacionais, nas águas protegidas do Santuário do Oceano Sul.

A Comissão Baleeira Internacional proíbe a prática de matar baleias para comida, mas permite a matança limitada para fins de pesquisa. Neste momento, a frota baleeira japonesa está a chacinar umas 900 baleias Minke num santuário marítimo protegido, para fins de “pesquisa”. Novecentas baleias.

O Japão anunciou também que irá caçar outras espécies de baleias em vias de extinção, como a baleia Corcunda.

Esta prática cínica e desrespeitosa pelas autoridades japonesas, que permitem que continue contra todas as normas internacionais (o governo do Japão foi referido nada menos do que 41 vezes por quebras das normas da Comissão) coloca em questão se o Japão é sério acerca da sua posição na comunidade internacional de hoje, que tem tudo a ver com uma abordagem íntegra de várias normas, quer relativas a seres humanos, quer à economia, quer a condições sociais, quer ao tratamento de animais.

Ou então, aquilo que vemos nos mares, hoje, é simplesmente uma continuação das práticas cruéis e desumanas contra os prisioneiros de guerra há meio século atrás? Parece que pouco mudou afinal.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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