Fórum Social Mundial, Mumbai: EUA fortemente criticado

Os protestos no Fórum Social Mundial em Mumbai, Índia, contra a política externa dos EUA são um sinal claro que o regime de Bush perdeu a sua guerra diplomática, enfrentando a opinião internacional hostil com cada passo que faz, divorciando Washington da comunidade internacional cada vez mais com cada dia que passa. O seu apoio flagrante de grupos terroristas na América latina e a destruição da floresta amazónica foram duas das acusações levantadas contra Washington ontem.

Dias depois dos líderes da América latina terem esforçado os EUA a repensar a sua estratégia sobre a ALCA, os protestos contra a guerra ilegal de Washington no Iraque e a sua política nos países latino-americanos demonstraram a hostilidade sentido no seio da comunidade internacional contra a política externa assassina do regime de Bush.

Também no Fórum foi criticado a média, por ser um instrumento obediente do regime em Washington e por relatar eventos internacionais de uma forma comprometida, distorcendo a verdade.

Milhares de manifestantes de todo o mundo se juntaram este final de semana em Mumbai, gritando slogans contra o “assassino”, “criminoso” e “invasor” George W. Bush, devido às suas campanhas militares no Iraque e em Afeganistão. Entretanto, Bernard Cassen, um activista francês contra a globalização e Director do jornal Le Monde Diplomatique, acusou a média de ser “um instrumento nas mãos de hegemonias poderosas”. M. Cassen defende a criação de um “Observatório dos meios de Comunicação” (previsto no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, Brasil, em 2003) para monitorizar a cobertura dos eventos mundiais nos média.

Um bom exemplo deste tipo de cobertura comprometida é Sky News, uma estação de televisão que repetitivamente faz generalizações chocantes, tais como a ligação do governo de Saddam Hussein a Al Qaeda e o ataque terrorista do 9 de Setembro em Nova Iorque, ou a história do final de semana, que mencionou o pelotão de soldados russos que foi esforçado a esperar um avião numa pista de aterragem gelada na Sibéria e a história dos soldados russos não enterrados durante a Segunda Guerra Mundial na mesma peça, evitando dizer que presidente Putin ordenou uma investigação exaustiva nos incidentes na Sibéria.

Os ataques de M. Cassen contra o elemento neo-liberal nos média foram apoiados pelo cubano Fernando Martínez Heredia (Aliança Social Continental) que apelou por “uma guerra para defender a cultura…o direito à informação” e criticou a campanha pelos média “contra as vozes do povo”.

Entretanto, a política de Washington na América latina também foi duramente criticada no Fórum, nomeadamente os grupos terroristas financiadas por Washington que operam na Colômbia e a política de destruir colheitas de coca por fumigação, que não só está a devastar a saúde das populações locais como também está a criar áreas desertas na floresta amazónica.

Edgar Isch López, ex-Ministro do Ambiente do Equador, declarou que o Plano Colômbia de Washington (2 bilhões de USD em apoio militar e económico) “não só provoca uma maior militarização e regionalização do conflito, como também está a destruir a floresta de Amazonas”

Sr. López disse que a fumigação utilizada para destruir as culturas de coca não é nociva, como afirma Washington, mas cria desertos dentro do ambiente e os químicos utilizados, que incluem o glisosulfato, causam lesões na pele e anomalias em células sanguíneas.

O Fórum Social Mundial (entre 16 e 21 de Janeiro), é um evento anual que estuda os efeitos sociais das políticas de laboratório implementadas pelo exército de gestores com visão limitada e uma ausência de senso comum, vomitado para a praça pública por faculdades que seguem políticas neo-conservadores a volta do mundo.

Entre os muitos intervenientes do evento este ano são Professor Aijaz Ahmed (Jawaharlal Nehru University, Índia, escritor e filósofo Marxista); Luis Ayala (Secretário-Geral de Socialist International); Michael Albert (EUA, Znet, Z magazine); Samir Amin (Egito, filósofo Neo-Marxiano); Christophe Aquiton (França, líder de ATTAC, movimento anti-capitalista e anti-globalização); Ahmed Ben-Bella (ex-Presidente da Argélia); Maude Barlow (Canadá, Presidente do Conselho do Conselho de Canadienses); Mustafa Margouti (Autoridade da Palestina, um dos jogadores chave na construção duma sociedade democrática em Palestina); Yosi Beilin (Israel, ex-Ministro de Justiça); Cesar Benjamin e Gustavo Carlos (Brasil, economistas); Fausto Bertinotti (Itália, Secretário Nacional do Partido Comunista Refundado); Nguyen Thi Binh (Vice-Presidente da República Socialista do Vietname); Chico Whitaker (Brasil, um dos fundadores do Fórum Social Mundial e Aleksandr Zharikov (Federação Russa, Secretário-Geral da Federação Mundial de Sindicatos de Trabalhadores).

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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