As armas nucleares de Israel

O diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Mohamed El Baradei, exortou Israel a renunciar às suas armas atômicas como parte de um acordo geral de paz no Oriente Médio e converter a região em uma "área livre de armas nucleares".

"Eu tentei obter um acordo para uma área livre de armas nucleares, mas lamentavelmente não consegui que essa idéia fosse à frente, porque Israel argumenta que esta questão só pode ser discutida dentro de um acordo global e apenas quando for reconhecido que integra a região", afirmou El Baradei, em entrevista publicada ontem pelo jornal israelense "Haaretz".

"Os árabes afirmam que as discussões sobre esta questão poderiam contribuir para estabelecer a confiança que ajudaria à paz", afirmou.

É a primeira vez que o emissário da AIEA se ocupa com a questão da ameaça nuclear israelense. Até então, suas "preocupações" estavam concentradas em tentar encontrar vestígios de pesquisa nuclear em países como Iraque, Irã e Síria.

El Baradei declarou achar necessário lançar, "paralelamente às negociações de paz, discussões visando à criação de um novo sistema de segurança regional que permitiria livrar o Oriente Médio de todas as armas de destruição em massa".

Suspensão

Em sua primeira entrevista a um jornal israelense, El Baradei afirmou que Israel deveria seguir os passos da África do Sul, o único país do mundo que decidiu suspender seu programa de armas nucleares e destruir seus arsenais sob a supervisão da AIEA.

Israel, que não faz parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, jamais confirmou que possui armas nucleares, mas desde 1969 os Estados Unidos consideram que Israel é uma potência nuclear. Segundo especialistas, Israel possui pelo menos 200 bombas atômicas e mantém seu arsenal com a cumplicidade e o apoio dos Estados Unidos que nunca pediram nem permitiram inspeções da ONU no país ao mesmo tempo em que exigem que as inspeções sejam feitas na Síria, Irã e Coréia do Norte.

El Baradei disse considerar que o fato de Israel ter capacidade nuclear "acelera a corrida armamentista e cria perigos" no Oriente Médio.

Segundo El Baradei, a falta de discussões para a criação de uma área sem armas nucleares é responsável por essa corrida armamentista.

"Não posso confirmar com certeza [que Israel tem a bomba atômica], mas leio os jornais e os documentos [sobre o tema] e me parece que isso pode ser considerado um fato. Nós trabalhamos nos baseando na hipótese de que Israel tem uma capacidade nuclear", afirmou. Ele disse também que Israel deveria assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. E alertou que a crença de que Israel estaria mais seguro por causa das armas nucleares é falsa, na medida que outros países da região se sentem ameaçados pela sua presença.

“Francamente, não estou satisfeito com a situação, porque vejo muita frustração no Oriente Médio decorrente do fato de Israel se apoiar em armas nucleares, enquanto outros países do Oriente Médio estão comprometidos com o tratado de não-proliferação”, ele disse.

Diário Vermelho

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