Retirada da Gaza – primeiro passo importante

A média mundial está pronta para relatar os possíveis confrontos entre os colonos em Gaza e as forças armadas de Israel (IDF), talvez também a espera dum golpe por Hamas ou outro grupo de extremistas contra os últimos judeus a deixar este território ocupado, a primeira retirada desta natureza desde que a terra foi ilegalmente ocupada em 1967.

A peça é, “O mundo regozija-se na mudança de opinião do governo de Israel mas o povo israelita está determinada a lutar”. Porém, essa abordagem ao assunto tem duas falhas.

A primeira é que esta mensagem ignora o facto que a grande maioria de cidadãos de Israel, senão entre a comunidade judaica mundial, saúda esta iniciativa por Ariel Sharon de sair da Gaza, um território que nunca pertenceu a Israel sob qualquer norma legal. A realçar, que o Eastado de Israel recompensa os colonos com pacotes generosos de relocação que pode chegar em alguns casos a 400.000 USD.

A segunda é que não há razão para regozijar porque a retirada de Gaza é somente a primeira fase daquilo que terá de ser uma política mais lata para deixar os territórios ocupados ilegalmente, senão é admitir que a ONU é um farrapo. Todos aqueles que exigiram que Saddam Hussein obedecesse a lei internacional devem agora fazer a mesma coisa com Israel.

Por quê é que os árabes devem obedecer as normas estipuladas por esse organismo e os judeus, não? Porque os judeus são superiores aos árabes? Ou será que o lobby dos judeus é tão poderoso, pois faz e desfaz reis mesmo em repúblicas? Mas lobbies não são leis.

Os planos de Ariel Sharon são bem conhecidos e são conhecidos desde que ele escreveu sua própria mapa de estrada para o Médio Oriente há 30 anos. Porém sua mapa é radicalmente diferente da mapa de estrada do Grupo dos Quatro, a saber, ONU, União Europeia, EUA e Federação Russa. A mapa de Ariel Sharon sempre incluiu uma retirada de Gaza mas incluía sempre um reforço da ocupação ilegal da Cisjordânia, onde seria construída uma banda de colonatos a leste das posições dos palestinianos, que criaria uma ilha palestiniana no meio do seu próprio território, rodeado por colonos judeus.

Porém se existe um estado de lei e se os Estados devem ser considerados entidades sérias, então tem de haver uma lei para todos em estado de igualdade, imposto por aqueles que fazem as leis e não uma situação em que Estados decidem quais as partes da lei que convêm, escolhendo as melhores alíneas e deixando o resto no prato.

Israel não tem o direito de escolher porque Israel não está acima da lei. Se Israel ocupa a Cisjordânia ilegalmente, então Israel tem de sair. Mais cedo ou mais tarde, em paz ou pela regra da bala, com boa vontade e em amizade ou então na lamúria da derrota final, porque a escrita está na parede.

A retirada da Gaza é um primeiro passo muito importante, apoiado pela maioria dos cidadãos de Israel mas Tel Aviv tem de seguir o mesmo passo na Cisjordânia. É uma questão de quando, e quantas pessoas inocentes sofrem até que Israel obedeça a lei internacional como o resto da comunidade mundial.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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