A Semana Revista

ELEIÇÕES MUNICIPAIS: PT VENCE E CONVENCE NOS CAPITAIS

Comentários esquecem importância do voto pessoal e ausência de castigo do governo a meio termo

Os dados falam por si: O Partido dos Trabalhadores ganhou 6 capitais no primeiro turno, contra 1 do PPS, 1 do PSB, 1 do PFL, 1 do PDT, 1 do PMDB, 0 do PTB, 0 do PP e 0 do PSDB. O PMDB e PSDB vencem maior número de cidades, com o voto a diminuir relativamente a 2001, com o voto no PT a crescer

Relativamente ao segundo turno, o PT disputa 9, o PSDB 8, o PSB 4, o PFL 3, o PDT e o PMDB 2, e o PPS e PP, 1 cada.

Dá-se muita importância na imprensa internacional a estas eleições no Brasil, para os municípios. No entanto, os comentaristas gostam de politizar a mais e a atribuir a devida importância aos resultados, o cariz pessoal, a menos. Muito embora, não hajam dúvidas que o grande vencedor destas eleições é para já o PT, o partido no governo.

O PT sai vencedor porque quaisquer eleições municipais em qualquer país, a meio do termo no governo, constituem um barómetro que indica a fragilidade ou não deste partido. No caso concreto do Brasil, o PT, embora tenha perdido algumas cidades (Campinas e Ribeirão Preto, por exemplo), teve um excelente resultado nos capitais estaduais e viu crescer seu voto relativamente às últimas eleições municipais, enquanto o resultado do PMDB e PSDB diminuiu.

Há porém de realçar o cariz pessoal da escolha do candidato. Muitas pessoas votam primeiro na figura e segundo nas cores partidárias. Em Campinas, por exemplo, Luciano Zica não conseguiu conquistar a popularidade do perfeito Toninho (PT) que faleceu em 2001 e o resultado foi que o PT perdeu esta cidade.

Um bom barómetro da realidade política no Brasil é a cidade de São Paulo, onde Marta Suplicy e José Serra vão disputar o segundo turno. O PSDB ganhou os votos dos bairros mais ricos enquanto o PT foi o favorito entre os mais desfavorecidos.

É claro que a esperança do povo continua depositado no PT, no entanto há que realçar o colossal erro político deste partido em Fortaleza, Ceará, onde a candidata do PT Luizianne foi abandonada pela cúpula nacional a meio da corrida eleitoral a favor do candidato do PC do B, Inácio Arruda, cuja fraca representação (terceiro lugar com 19% do voto) era previsto por qualquer turista que passou dez dias nesta cidade e que soubesse falar português. Luizianne vai agora ao segundo turno com Moroni (PFL).

A politização das eleições municipais é válida quando existe um voto em protesto contra o partido no poder. Caso contrário, quando o partido do governo não sai demasiado castigado (neste caso até cresceu) tudo leva a crer que o povo do Brasil está disposto a dar o benefício da dúvida ao PT e ao Presidente Lula, embora tenha havido uns cartões amarelos em vários lugares.

Com certeza não é altura para complacência, nem dentro do PT nem dentro dos partidos da oposição.

PCP: OS VENTOS DE MUDANÇA

Carlos Carvalhas usa o senso comum

O Secretário-Geral do Partido Comunista Português, Carlos Carvalhas, anunciou hoje, após 12 anos no lugar, que vai abandonar o posto no próximo Congresso do PCP entre 26 e 28 de Novembro.

"12 anos como secretário-geral, mais dois anos como secretário-geral adjunto. São 14 anos. Não se trata de divergências nem de cansaço", explicou o líder comunista hoje nos Açores, acrescentando que nunca entendeu que o cargo seria eterno, e que entendeu que seu ciclo político tinha terminado.

E bem. O consulado de Carlos Carvalhas a frente do PCP viu o partido passar com cada ano dum partido com intervenção verdadeira na vida política em Portugal, a um partido com uma intervenção virtual.

No entanto, não podemos ser cruéis demais. Virtual, sim, mas também constante. Carlos Carvalhas conseguiu manter a voz do PCP activa e audível e não deixou o partido morrer completamente. Tentou formar um diálogo e não uma ruptura com os Renovadores Comunistas e conseguiu que o partido se mantivesse activo e dinâmico nos anos em que sistemas de governação comunistas caíam amiúde. Porém, conseguiu criar uma realidade política em que o PCP seja uma realidade hoje em Portugal, com boas perspectivas de futuro, enquanto noutros países deixaram o ideal morrer.

No entanto, pouca gente, e Carlos Carvalhas está presente entre este grupo, conseguiu comunicar a mensagem às populações que os grandes objectivos do Partido Comunista foram realizados, e foram realizados a 100%: paz, direitos iguais, democracia, e por aí fora, mas que há muito mais a fazer.

Tendo-se assumido há muito tempo, e muito bem, como partido que não estava obcecado em ganhar o poder, o PCP de Carvalhas pecou em não comunicar a mensagem que estava à procura de novas lutas, de novos objectivos, de novas gentes, de novos membros e mais novos, mais jovens.

As críticas de há três anos atrás aqui nas páginas da PRAVDA.Ru, então na versão inglesa (porque a portuguesa ainda não existia), que o PCP estava a tornar-se num dinossauro político em vias de extinção, foram muito mal recebidas no seio do PCP, embora tenham sido escritas com muito amor e com muita boa vontade, na intenção de ajudar por criticar. Sinal duma linha histórica pouco inteligente e pouco modernista. Morte assumida. Legado de Carvalhas.

A verdade actual é que o PCP se mantém vivo, se mantém activo, tem um eleitorado entre os 4 e os 9 por cento da população de Portugal, tem bases, tem um aparelho municipal invejável e tem boas perspectivas para uma excelente continuação.

O que tem de fazer é passar a mensagem que o excelente trabalho a nível municipal pode também ser uma realidade num palco nacional mas não é por ler discursos, hoje em dia, que se passa esta mensagem.

É preciso ir mais longe, ir mais além. Procurar um candidato que galvaniza a juventude (o futuro), que vai buscar rumos actuais da política do partido, falando em termos do século XXI e não só revolucionários (o presente) mas sem trair as vitórias, as grandes e muitas vitórias da revolução (o passado).

PRAVDA.Ru fez muitos inimigos no seio do PCP durante o consulado de Carlos Carvalhas por criticar o partido com o intuito de o ajudar, se bem que a média fez um espectáculo a volta disso.

Não é por isso que a liderança de Carlos Carvalhas vai passar um mau bocado nas nossas páginas. Ele soube manter viva a esperança no rumo da massa associativa do partido, ligou o passado ao presente e soube retirar-se a tempo de entrar na história política portuguesa com pontos positivos, embora nunca tenha vencido nada.

Agora é preciso o PCP abrir os olhos, melhorar a imagem comunicativa e, pelo amor de Deus, aceitar uma crítica construtiva, bolas!!

Censura em Portugal!!

Governo português comete atentado contra direito de exprimir opinião pessoal, uma liberdade básica e fundamental

O governo português, uma coligação entre o Partido Social Democrata do Primeiro-ministro Pedro Santana Lopes e do Partido Popular do Ministro da Defesa, Paulo Portas, rumou a um caminho mais sinistro, mais perigoso e ainda mais a direita esta semana, com uma acção de censura contra um comentarista político na televisão.

Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Professor de Direito na Universidade Clássica de Lisboa, ex-líder do PSD e no passado opositor ao actual Presidente do partido e Primeiro-ministro do país, Pedro Santana Lopes, comentava a vida política há mais que quatro anos num programa semanal, aos domingos, na estação de televisão independente TVI.

Marcelo Rebelo de Sousa era uma instituição portuguesa aos domingos à noite, porque falava da política com uma linguagem facilmente entendida pelo povo português, sem a verborreia dos outros profissionais nesta área (que falam muito mas que não dizem nada) e disparava em todas as direcções. Falava mal da esquerda, falava mal da direita, falava mal do seu próprio partido, se fosse necessário. Dava a sua opinião, realçada com uma clareza de expressão, uma simplicidade de comunicação, uma singularidade deliciosa que era Marcelo aos Domingos.

Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa eram rivais dentro do PSD há muitos anos e faltou pouco tempo para a máquina política Santanista entrar em acção. Se o ex-Primeiro-ministro José Barroso era incompetente ou fora de pé no cargo (embora tenha sido um bom diplomata e um excelente Ministro de Negócios Estrangeiros), Pedro Santana Lopes não tem esta desculpa: é inteligente, muito inteligente, organizado, muito organizado e sabe perfeitamente bem o que faz.

Uma das primeiras acções de Pedro Santana Lopes foi que colocou assessores de imprensa nos pontos-chave de todos os organismos em Portugal que têm qualquer poder na tomada de decisões. Nada passa para fora senão por estes elementos.

Colocar assessores de imprensa não é crime. Mas no Portugal Satanista, desculpem, Santanista, há muita maneira de matar pulgas.

Vamos examinar os factos: no Domingo passado, Marcelo Rebelo de Sousa teve seu espaço do programa da TVI. Criticou o governo do seu ex-rival no seu partido, Pedro Santana Lopes. Dois dias depois, o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Gomes da Silva, acusou o ex-lider do seu partido de semear o ódio contra o Primeiro-ministro e de dizer “mentiras”.

Mentiras…pois. Parece que está na moda hoje em dia no palco internacional. Temos presidentes e primeiros-ministros (com “p” pequenos) a pedirem desculpas pelas suas acções porque estavam errados, e depois a dizerem que tinham razão. Mas como é que pode ser classificado de “mentira” um programa de comentário político, um programa que é visto pela maioria dos portugueses no Domingo a noite porque querem ouvir a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa?

Opinião é mentira?

Mas não acaba aqui a história. No dia seguinte às declarações do Ministro dos Assuntos Parlamentares, houve uma reunião entre o Professor Marcelo e o Presidente da Média Capital (que controla a TVI), seu cunhado Paes do Amaral, e a seguir Marcelo comunicou à empresa que não iria mais fazer os seus comentários na televisão. A verdade é que uma parte substancial da TVI vai ser vendida ao Portugal Telecom (empresa controlada pelo estado).

Quais foram as pressões exercidas contra Marcelo? Ele prefere nem falar: “O silêncio é uma forma de falar” disse ele hoje, Sábado. Interessante.

O líder do Partido Socialista, o maior partido da oposição, José Sócrates, disse que a situação é “inaceitável” e pediu que o Primeiro-ministro peça desculpas ao país. O líder do Partido Comunista vai mais longe. Carlos Carvalhas (que vai-se demitir do cargo em Novembro) opina que “se é verdade que houve uma pressão ao Presidente da República, creio que o Presidente deve tirar consequências”.

Uma ameaça ao Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio? Pois, ele resolveu reunir-se com todos os intervenientes a pedir que esclarecessem exactamente o que aconteceu atrás daquelas portas fechadas tão sinistras. Afinal, em Portugal no ano 2004, uma pessoa tem direito a uma opinião ou não?

De acordo com a lei, a televisão privada tem o estatuto de ser realizado em regime de concessão em que tem a obrigação de “Favorecer a criação de hábitos de convivência cívica própria de um Estado democrático e contribuir para o pluralismo político, social e cultural”.

Todos nós sabemos que no mundo de hoje, violar a carta da ONU, violar a Convenção de Genebra, chacinar civis numa escala massiva, escolher como alvos militares infra-estruturas civis, passa despercebido no seio da média internacional porque grassa por aí a noção que se pode cometer as piores atrocidades, pedir desculpa, dizer que afinal estava enganado mas que estava certo, e esperar a Deus que o povo esqueça.

Portugal afinal pertence a este clube. Que desilusão. Muitos milhões de portugueses pensavam que todos aqueles que lutavam para uma realidade melhor, todos aqueles que lutavam pelo direito de poderem ter um espaço, um direito de exprimir sua opinião, tinham ganho seu espaço e direito no dia 25 de Abril de 1974. Afinal, não.

O (des)governo Satanista, desculpem, Santanista, fez regressar o barómetro sócio-político de Portugal há 30 anos numa altura em que o resto do mundo está a progredir.

Política internacional: Quando “culpa” se torna “desculpa”

Aliança anglo-saxónica inventa novo preceito como contra-balanço ao direito internacional: o culpado se torna desculpado

Um novo preceito se formou na comunidade internacional, utilizado pela aliança anglo-saxónica, que emprega o pedido de desculpa em público para justificar os males que fizeram e que inventa a noção que embora estavam errados, tinham razão, o que desafia a lógica.

Primeiro, foi o Primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que declarou na Conferência do seu Partido Trabalhista, que podia pedir desculpa pela informação errada providenciada pelos serviços de inteligência mas que não pedia desculpa pela invasão do Iraque. A seguir, foi o Rumsfeld, que não conseguiu dizer a palavra “desculpa” mas que disse à Comissão de Relações Exteriores que os relatórios em que o casus belli foi fundamentado estavam errados e que o argumento que a questão do Iraque estava ligada ao terrorismo internacional também estava errado, mas depois tentou justificar tudo dizendo que Saddam Hussein tinha a intenção de produzir Armas de Destruição Maciça.

Agora é a Ministra de Comércio e Indústria do Reino Unido, Patrícia Hewitt, que disse ontem no programa do BBC Question Time, “Eu quero dizer que todos nós, desde o Primeiro-ministro, pedimos muita desculpa. Nós pedimos desculpa pelo facto que as informações estavam erradas mas eu penso que não estávamos errados em decidir atacar”.

O princípio que uma pessoa pode pedir desculpa por ser errado e depois dizer que tinha razão desafia a lógica. Não é o caso de alguém tirar o lápis do colega de carteira e depois devolvê-lo com um pedido de desculpas. É o caso do mais flagrante desrespeito pela lei internacional, um ultraje contra a comunidade internacional, contra o estado de lei, contra a Carta da ONU, contra a Convenção de Genebra, em que um acto de chacina em grande escala foi cometido, em que um acto de terrorismo ao nível de destruir as infra-estruturas dum país inteiro foi perpetrado.

Se o casus belli foi baseado em dois preceitos – que o governo do Iraque tinha ADM, que colocava uma ameaça imediata aos EUA e aos seus aliados, e que o governo de Saddam Hussein tinha ligações com a rede do terrorismo internacional e os dois preceitos acabam, pela admissão dos elementos que talharam o caso para justificar esta guerra, por serem totalmente errados e falsos, onde é que isso deixa os responsáveis?

Desculpados? Ou culpados?

Srs. Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell e Blair como reagem à acusação que atacaram o Iraque ilegalmente, fora da autoridade da ONU, e sem qualquer casus belli?

Desculpem!

Srs. Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell e Blair como reagem à acusação que são responsáveis pelo assassínio de milhares de civis inocentes?

Desculpem!

Srs. Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell e Blair como reagem à acusação que são responsáveis pela ocasião de danos corporais graves ou intencionalmente ou por negligência criminosa, a dezenas de milhares de inocentes, incluindo crianças?

Desculpem!

Srs. Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell e Blair como reagem à acusação que escolheram como alvos militares, infra-estruturas civis?

Desculpem!

Srs. Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell e Blair como reagem à acusação que basearam suas acções sobre um fio de mentiras desde o início até ao fim, que sabiam muito bem o que estavam a fazer, que decidiram entrar no Iraque porque tinham começado a accionar o mecanismo de guerra sem saberem todos os factos, mas que não tinham a decência ou a espinha de admitir que estavam errados?

Desculpem!

Pedir desculpa não chega. Em todos os países, os que são considerados culpados, mesmo aqueles que pedem desculpa e admitem seus crimes, têm de enfrentar um processo judicial num tribunal, onde são devidamente julgados. Têm de encarar as consequências das suas acções.

Votar a favor da continuação dos regimes de Bush e Blair é votar pela regra que a lei é imposta por linchamento, é um voto pela continuação dos actos terroristas tais como aqueles perpetrados pelas forças militares norte-americanas e britânicas, contra civis.

Os terroristas e os criminosos de guerra devem ser julgados e se forem culpados, devem ser castigados. Por quê razão é que este bando de elitistas deve ser tratado de forma diferente?

Porque são anglo-saxónicos? Ou será porque disseram que estavam enganados?

MENTIRAS, MAIS MENTIRAS E ATÉ MAIS MENTIRAS

Grupo de Inquérito sobre o Iraque afirma que não houve ADM

É oficial: não houve Armas de Destruição Maciça no Iraque, como se fosse necessário ler o relatório apresentado hoje pelo Grupo de Inquérito sobre o Iraque. Há dias, Donald Rumsfeld e Tony Blair, sabendo o teor do que viria a ser revelado, tentaram justificar-se duma forma pouco convincente.

Há dois dias, Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa dos EUA, admitiu que Washington se enganou sobre os ADM no Iraque. Também admitiu que não havia provas ligando Saddam Hussein a Al Qaeda.

Onde, então, está a justificação para o acto de chacina de Bush no Iraque e quem vai ser responsabilizado por aquilo que aconteceu?

George W. Bush levou os Estados Unidos da América para participar numa guerra, uma guerra em que ele gastou duzentos mil milhões de USD, em que mais do que mil soldados norte-americanos perderam suas vidas, em que 35.000 civis foram assassinados ou mutilados pelas tropas norte-americanas, no acto mais chocante de terrorismo de estado testemunhado há décadas.

George Bush levou seu país para participar nesta guerra por duas razões: uma, que Iraque era uma “ameaça imediata” aos EUA e aos seus aliados, por causa das suas ADM. Outra, por causa da ligação provada entre o governo de Saddam Hussein e a rede de Al Qaeda, ligando a questão do iraque à guerra contra o terrorismo internacional, e justificando o ataque, pelo menos nos corações e mentes do povo norte-americano, baseado no horror do 9 de Setembro.

Em Setembro de 2002, Donald Rumsfeld declarou de viva voz: “Nós temos o que nós consideramos serem reportagens muito fiáveis de contactos a um alto nível durante mais do que uma década, e de possível programas de treino na utilização de agentes químicos e biológicos. E quando eu digo contactos, quero dizer entre o Iraque e Al Qaeda”.

Mais tarde, o Secretário de Defesa dos EUA disse que ele sabia onde estavam as ADM do Iraque: “Em Baghdad e Tikrit e ao norte, a sul, a leste e ao oeste daí”. Agora que é confrontado com a verdade nua e crua, Rumsfeld admite ao Conselho sobre as Relações Exteriores em Nova York que nunca viu nenhumas provas ligando Bagdade a Al Qaeda: “Que eu saiba, eu não vi provas duras e fortes que ligam os dois”. Então, tinha as provas ou não tinha?

E sobre ADM: “Acontece que não encontrámos ADM, e por que razão a inteligência estava errada, eu não estou numa posição a dizer”.

Vamos ajudar o Secretário de Defesa: A razão porque a inteligência estava errada é muito simples: porque Donald Rumsfeld, George Bush, Colin Powell, Tony Blair e seus regimes são nada mais, nada menos do que uma cambada de mentirosos descarados, uns assassinos, uns fora-de-lei, um bando de terroristas, de hipócritas, que insultaram a comunidade internacional, que romperam a Carta da ONU e que são culpados de crimes de guerra, de assassínio em grande escala e de danos corporais graves, com dolo, a dezenas de milhares de pessoas.

A verdade é que Saddam Hussein nunca empregou suas armas contra um único cidadão dos EUA. George Bush chacinou milhares de iraquianos numa guerra ilegal. A verdade é que Saddam Hussein afinal era aquele que dizia a verdade, enquanto Bush mentia entre os dentes, enquanto acusava o Presidente do Iraque de “enganar o mundo”. Quem enganou, afinal, o mundo?

Quem apresentava as provas no Conselho de Segurança da ONU, com fotografias, com maquetes, com etiquetas e setas, das ADM no Iraque? Quem mentiu à comunidade internacional, e propositadamente?

Quem dizia que sabiam muito bem onde estavam as ADM, mesmo quando as equipas da UNMOVIC estavam à procura delas e não encontravam nada? Quem dizia que as ADM estavam a ser levadas pelo deserto fora em veículos? Quem falava sempre da guerra contra o terrorismo internacional e quem mencionava com cada frase que dizia, o 11 de Setembro, quando falava do Iraque?

Quem tentou ligar a questão do Iraque ao terrorismo internacional? Quem abriu as fronteiras do Iraque ao terrorismo internacional?

Numa palavra, Bush.

Por isso é o Bush o terrorista internacional, é o Bush que tem, e utiliza, suas Armas de Destruição Maciça, o Bush que é responsavel pela utilização de bombas de fragmentação em zonas residenciais, é o Bush o responsavel pela escolha de infra-estruturas civis como alvos militares.

Agora vem a justificação de Rumsfeld e Blair (Bush não é Homem para admitir que errou e pedir desculpa). Dizem agora que erraram mas que estavam justificados. Ora, ou erraram, e ponto final, ou estavam justificados, e ponto final.

Como se pode dizer que é errado mas que tinha razão? Este bando de mentirosos patológicos já disseram tantas, que parece que eles próprios começam a acreditar na teia de confusão que semearam.

Dizer que o ataque contra o Iraque foi justificado porque Saddam Hussein já não está no poder não é um casus belli justificado nem justificável. Existe algo chamado a lei internacional. O que Blair e Rumsfeld propõem é uma justificação das multidões que resolvem os problemas pelo linchamento. O que propõem é exatamente a mesma coisa como por exemplo, um grupo de homens cercarem outro transeunte, a gritarem “É um bruxo!”, para a seguir, regá-lo com gasolina e pegar fogo nele, depois dizem que o bairro esta melhor porque o homem era mau.

Alguém, algures, tem de aceitar a responsabilidade por aquilo que aconteceu. Não é sustentável que o nosso planeta no início do século 21, no início do terceiro milénio, ainda não seja governado pela lei internacional. Não podemos dizer sim a linchamentos, nem à imposição de ordem pela multidão.

O que aconteceu não pode ficar impune. Senão corremos o risco de ninguém obedecer nenhumas leis. Anarquia, caos. O legado de George Bush. É o que acontece quando o cowboy sai do Texas e tem a mania que pertence no palco internacional.

CPLP em alta, mais uma vez

A CPLP, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste) existe para cooperar e resolver os problemas no seio desta comunidade. Mais uma vez, depois de ter resolvido situações explosivas em Guiné-Bissau e em São Tomé e Príncipe, a CPLP voltou a resolver a crise que deflagrou em Bissau esta semana.

Logo que soube da sublevação militar no dia 6 de Outubro, António Monteiro, o MNE de Portugal, convocou uma sessão de emergência da CPLP, que enviou a Bissau uma missão chefiada por José Ramos Horta e Ovídeo Pequeno, respectivamente MNE de Timor Leste e de São Tomé.

Enquanto as conversas prosseguiam, os ânimos acalmaram entre a unidade revoltoso, que reclamava o pagamento dos salários em atraso na ocasião de terem integrado a missão do CEDEAO na Libéria.

Confirmando a morte dos Generais Veríssimo Seabra e Domingos Barros o Presidente, Henrique Rosa, descreveu o incidente como um “soluço”.

O incidente provocou um debate político intenso em Guiné-Bissau, o que é saudável, quando as armas são palavras e não balas. A CPLP mais uma vez jogou seu papel de forma exemplar.

Parabéns a este organismo, que é uma prova viva da força da comunidade lusófona quando age como uma família e esquece as burocracias pequenas e a mania de rotular as pessoas baseado no acidente que é seu local de nascimento.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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