Blair - o homem de ferro

Blair deve agradecer sua vitória ao fato de que o povo britânico está mais preocupado com os assuntos internos que outras coisas.e os números da economia, por exemplo, estão muito bons. Nem mesmo será necessária a mudança da mobília do número 10, da rua Downing

O partido de Blair não conseguiu o número de assentos no Parlamento dos anos anteriores mas quem se importa? Uma vez que não se precisa de maioria para decidir se a raposa pode ou não ser caçada e quando uma lei importante do interesse de Blair deixar de ser aprovada, ele pode declarar que a oposição está contra os interesses do povo britânico.

Blair conseguiu um novo mandato assim como seu amigo, o presidente norte-americano George W. Bush mas diferentemente de Bush, Blair teve de mudar o discurso para vencer. Por exemplo, enquanto Bush reforçava o combate ao terror e era o que ele precisava fazer pois a economia americana está a beira da recessão, Blair, que não tem tais problemas em casa, para fazer o povo esquecer-se da participação britânica na guerra no Iraque e para melhorar sua imagem pessoal, começou a falar sobre coisas boas como, por exemplo, ajudar a países necessitados e até mesmo sugeriu um novo plano Marshall que foi o plano criado pelos EUA em 1947, para ajudar as economias de alguns países do pós guerra. O plano que hoje seria denominado plano Rice, foi amplamente rejeitado por Bush.

Blair não poderia discursar sobre o combate ao terror porque o Reino Unido não estava sob ameaça. É uma das vantagens de se viver numa ilha. Na verdade, para salvar sua reeleição, Blair teve de se afastar de Bush o mais possível, pois era ele o alvo da desaprovação internacional e é ele que concentra o ódio do fundamentalismo islâmico agora que Israel está sendo mais tolerante com os palestinos e toda vez que Blair é questionado sobre o Iraque ele pode se reportar a Bush que é o líder da aliança e detém o maior número de soldados na região. Ele também tem sorte pois ao tem havido baixas entre os soldados britânicos. O caos que se tornou o Iraque do pós-guerra é quase exclusivamente, problema de seu colega norte-americano.

Há uma questão a ser respondida, n entanto: Porque Blair envolveu a si mesmo e ao povo britânico no Iraque uma vez que, diferentemente de Bush, não tinha interesses diretos no país? A razão aparentemente,, é porque Tony Blair sentia-se um pouco enciumado da enorme popularidade que a ex-Primeira-Ministra Margaret Thatcher, que era do partido Conservador, havia conseguido, face às suas realizações tanto no campo interno quanto no externo. No campo externo destacou-se a brilhante campanha para retomada das lhas Falkland dos argentinos, em 1982 que lhe valeu a alcunha de “Dama de Ferro”. E permaneceu no poder por quatro mandatos.

Tony Blair então, imaginou que deveria fazer algo mais que ser simplesmente um bom administrador e provaria ao povo britânico que um primeiro-ministro do partido Trabalhista também podia ser um grande guerreiro. Foi por essa razão que ele se uniu à megalomania de Bush e, apoiando-se aos estatutos da OTAN foi atrás dos terroristas. Em primeiro lugar veio o Afeganistão que foi bom para a imagem forte de Blair pois foi uma vitória rápida e sem baixas significativas entre suas tropas então, feliz pela vitoriosa campanha no Afeganistão, veio a Bush a idéia de invadir o Iraque cuja campanha foi igualmente vitoriosa sendo que apenas em três semanas a capital já havia sido subjugada. Blair agora, podia dizer que era ta feito de ferro, quanto Thatcher.

Contudo, as coisas no Iraque do pós-guerra não estavam indo bem e Blair aparentemente, se arrependeu de ter se envolvido no Iraque e não mais queria ser conhecido como o Homem de Ferro. Como as eleições se aproxmavam ele decidiu se afastar de Bush, ao menos por um momento e para provar esta condição, ele declarou que não apoiaria uma provável invasão ao Irã. Também aceitou o pedido de demissão de seu Ministro da Defesa, Geoffrey Hoon que foi o culpado pelas informações falsas a Blair que o levaram a invadir o Iraque. Ao menos é o que o povo deve acreditar.

Quanto ao novo Tony Blair, é de se admirar que um Primeiro-Ministro nascido na Escócia se sinta confortável cantando “Deus Salve a Rainha” a invés de seu próprio hino nacional. Quando Blair foi eleito pela primeira vez, certamente o seu povo, O escocês, juntamente com os galeses e os norte-irlandeses, imaginaram que Blair faria um mínimo de esforço para lhes conceder autonomia total, libertando-os dos grilhões ingleses. Além disso, deveria haver a devolução das Falkland, aos argentinos, mas aparentemente, Tony Blair não é este tipo de homem. E parece que nem o século XXI, trará aos líderes ingleses sensibilidade suficiente para descobrir que a era vitoriana terminou.

Jose Schettini Petrópolis, BRASIL

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