Eleições Europeias. Votar, para quê?

A total falta de interesse nas eleições para o Parlamento Europeu, que terão lugar entre 10 e 13 de Junho, é um sinal claro da falta de liderança política neste Continente onde os eurocratas e o povo europeu vivem numa separação de facto.

Seria de esperar que depois de tantos anos de existência da Comunidade/União Europeia, sua população estaria politicamente democratizada ao ponto de poder votar pelos Membros do Parlamento Europeu, entendendo quais são os agrupamentos políticos em Estrasburgo, entendendo os poderes do Parlamento Europeu, entendendo que seu voto conta para estabelecer equilíbrios neste organismo para escolher esta ou aquela política.

Mas infelizmente a realidade é muito longe disso. A taxa de abstenção para esta semana tem sido estimada em cerca de 70%, o que, sendo a verdade, quer dizer que menos que 30% da população adulta deste continente se sente motivado a votar sobre assuntos de interesse comum.

Por quê? Porque em primeiro lugar, a União Europeia, é um dos organismos menos democráticos em existência. No caso do Parlamento, o único organismo que é votado directa e democraticamente não tem qualquer poder executivo. No caso da União, foi implantada de cima para baixo num processo anti-democrático, sem ninguém explicar o que estava a acontecer e quais as implicações para o futuro para cada sector da população.

Em segundo lugar, será que a população entende quem é seu membro do Parlamento Europeu (MPE) e quais são as políticas que vai seguir? Entende aquilo que o Parlamento Europeu faz?

Para atrair o voto, os partidos têm de escolher os temas mais interessantes, quer que tenham algo a ver com a UE ou não. Muitas vezes, se discutem assuntos de natureza interna com relevância nacional, não políticas pan-europeias com impacto internacional e depois o eleitorado é suposto fazer a ligação entre estes temas e o Parlamento Europeu, ligação que não existe.

De facto, a única utilidade destas eleições é precisamente de natureza interna, medindo o grau de apoio aos governos nos 25 países membros, que no caso de Portugal deve, e merece, ser muito escasso.

Cabe à média cada vez mais assumir o lugar de liderança política, explicando ao eleitorado os assuntos e questões que a priori deveriam ser apresentados por aqueles que os defendam ou atacam. No caso do Parlamento Europeu, há oito blocos principais de partidos.

PPE-DE Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Democratas Europeus. É o maior partido com 232 lugares dos 626 deputados. A seguir, há o Partido Socialista Europeu, com 175 deputados. Seguem os Liberais Democratas e Reformadores (54), a Esquerda Unitária Europeia (50), os Verdes e a Aliança Livre Europa (45), a União pela Europa das Nações (22), a Europa das Democracias e das Diferenças (17) e há ainda 31 lugares para outros grupos independentes.

O número de deputados aumentará para 732 na Europa de 25 países, com um número de MPEs consoante a sua população, nomeadamente:

99 – Alemanha; 78 - França, Itália, Reino Unido; 54 – Espanha, Polónia; 27 – Países Baixos; 24 – Bélgica, Grécia, Hungria, Portugal, República Checa; 19 – Suécia; 18 – Áustria; 14 – Dinamarca, Eslováquia, Finlândia; 13 – Irlanda, Lituânia; 9 – Letónia; 7 – Eslovénia; 6 – Chipre, Estónia, Luxemburgo; 5 – Malta.

Sem sequer saber isso, os cidadãos irão votar, para quê?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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