Irão e a Nova Ordem Mundial

O Nova Ordem Mundial que vemos hoje é baseada cada vez mais numa aliança anglo-saxónica beligerante e prepotente, forjada entre o eixo Canberra-Londres-Washington, cujos alicerces são fundamentados num preceito simples: para ter um “nós” tem de se inventar um “eles”.

É fácil encontrar problemas para quem os procurar. Por exemplo, um “eles” fácil de identificar teria sido os terroristas albaneses do KLA (Ushtria Çlirimtare e Kosoves, Exército de Libertação de Kosovo), contra quem Slobodan Milosevic enviou as suas forças de segurança, mas foi entendido no Capitol Hill em Washington que o KLA pertencia ao lado “nós”, por razões duvidosas.

Enquanto é verdade que nem todos os que são escolhidos para o lado “nós” permanecem ali eternamente (por exemplo, o financiamento das Madrassah e o movimento dos Mujaheddin no Afeganistão – que tinha Usama bin Laden como um dos seus principais líderes – pelos EUA para destabilizar o governo progressista de Dr. Najibullah), é mais fácil rotular e manter o rótulo de “eles” entre os que seguem uma religião diferente ou um ideal socialista.

Por isso os parias de hoje são considerados por Washington a Cuba (só porque Fidel Castro tinha o estofo de fazer frente aos EUA e fazer um sucesso do modelo socialista), juntamente com Chavez (Venezuela) e agora com certeza Morales (Bolívia), porque Washington gosta de pensar que seu modelo capitalista é perfeito – quando a verdade não poderia ser mais diferente.

Os países que adoptaram um modelo socialista provaram que o sistema funciona, pois consegue providenciar sociedades educadas, com mobilidade social, com programas excelentes de Serviços Públicos (com maiúsculas), enquanto o modelo capitalista-monetarista tem falhas fundamentais tão profundas que tem de ser sustentado artificialmente através de subsídios e tarifas, perpetuando e perpetrando uma espécie de imperialismo económico. Em português bem claro: simplesmente, não funciona.

Outra entidade “eles” fácil de identificar é qualquer país muçulmano que tem a ousadia de não obedecer cegamente as ordens de Washington, tal como o Iraque de Saddam Hussein e o Irão de Presidente Ahmadinejad, que não tem problemas em dizer o que sente.

Mentiras e a verdade

Mas tal como no caso do Iraque, essa Nova Ordem Mundial é baseada em mentiras. Nada disseram sobre as mulheres albanesas a fugiram da parte ocidental de Kosovo, para o oriente onde estavam os Sérvios, fugindo do KLA porque não queriam ser vendidas em redes de prostituição. Nada se fez acerca das proclamações contínuas das equipas da UNMOVIC no Iraque, que não havia Armas de Destruição Massiva (ADM). Nada disseram sobre as mentiras de Bush e Cheney e Rumsfeld e Powell acerca da AMD que não existia.

Nada se fez em levar Bush e seus amigos a um tribunal para responder para os crimes de guerra que cometeram no seu acto de chacina no Iraque. Quebraram a carta da ONU, quebraram o direito internacional, quebraram as Convenções de Genebra. Civis foram assinados, pessoas foram torturados e não há qualquer casus belli em qualquer foro de lei ou sob qualquer código legal. E fica assim?

Nada se fez, nada foi dito acerca das aviões militares norte-americanos a atirarem bombas incendiárias contra campos cultivados ao longo do Eufrates entre a primeira e segunda guerra do Golfo e nada se diz sobre os EUA a escolher como alvos infra-estruturas civis durante esta segunda “guerra”.

Muito se disse acerca de Saddam tentar obter urânio do Níger mas nada se disse acerca da descoberta que as “provas” eram documentos forjados.

Hoje, temos o jornal The Guardian a afirmar que o Irão está a tentar construir armas nucleares. A fonte: uma agência europeia de defesa, anónima. Eita! Poderia essa ser a mesma “inteligência magnífica” utilizada por Colin Powell quando mentiu entre os dentes no Conselho de Segurança da ONU?

Se tais histórias (histerias?) não fossem tão perigosas, seriam risíveis, pertencendo ao mesmo tipo de estória como “Extra-terrestre fêmea com seis mamas viola em cadeia vinte homens no banheiro de um clube subterrâneo para homossexuais”. A fonte? Uma ratazana de esgoto, anónimo.

Contudo, não é uma questão para rir e seria compreensível que o MNE do Irão pedisse explicações ao jornal britânico antes de o processar legalmente. Um porta-voz do MNE iraniano, Hamid-Reza Asefi, disse que “É claro que o ambiente internacionalmente lesiva e a disseminação de informação forjada simplesmente beneficia aqueles que querem impedir o processo actual de negociação”.

Nada se diz sobre as afirmações de Teerão que irá apoiar um Afeganistão democrático, estável e vivendo num processo de desenvolvimento sustentado.

Muito será dito este ano sobre a amizade crescente entre Irão, Bolívia e Venezuela, especialmente agora que estão a negociar a área de energia. Como todos sabem, o lobby de energia que controla a política externa de Washington gosta de controlar esse negócio.

Vejam esse espaço. Mas tenham cuidado com as meias-verdades tecidas pela aranha no centro na teia – Washington, a Mãe de Todos os Mentirosos.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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