Então Hillary – Quem são os terroristas? Quais serão as sanções que pedirá à ONU?

Por: Anna Malm*

O ataque de Israel ao barco com ajuda humanitária para Gaza é uma das maiores covardias entre as inúmeras perpretadas por Israel contra o povo palestino. O mundo inteiro se revoltou – o choque foi geral assim como a devida linguagem e demonstrações de ira e indignação. Imediatamente se convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a operação militar israelense. A representante do Brasil junto à ONU apoiou o efetuar dessa reunião extraordinária na tomada de posição do govêrno brasileiro. [1]

O que em linguagem diplomática se denomina como operação militar, o ataque, em linguagem e avaliações da pessoa comum não pode ser considerado senão como um ato de terrorismo, ato esse como tantos outros perpetrados por Israel. Foi um ato terrorístico de pirataria e assassinato, mas é necessário dizer que nêsse caso até mesmo piratas agem com maior discernimento do que o demonstrado por Israel.

Para mim além disso existem alguns aspectos para os quais não encontro resposta apropriada. Na minha opinião só crianças, bêbados ou loucos, iriam ter a idèia de ir descendo um a um, caindo do céu no meio da noite perante uma multidão que de esperar-se não os receberia com gratidão e carinho. Como explicar militares israelenses descendo um a um no meio da noite da maneira como fizeram?

Como todo o mundo a essas alturas deve estar consicente, Israel tem um serviço de inteligência que no mínimo deveria compreender que lá embaixo estariam centenas de homens que com todas as razões do mundo os detestariam e ainda resolveram ir caindo um por um, devagarinho com o resultado de dezenove mortos. Não teriam eles capacidade de planejar melhor? A mim isso me cheira uso de infiltração militar, agindo agressivamente dentro de uma multidão, em sua grande maioria passiva, para justificar o uso de força, o que no caso resultou em dezenove mortos. Muitas coisas esquisitas a serem explicadas.

Coisas a serem explicadas. De certeza. O Brasil em sua tomada de posição oficial considera que [em linguagem diplomática] -o incidente deve ser objeto de investigação independente. Também há uma exigência internacional para um inquérito independente à respeito do ataque militar à um barco civil de ajuda humanitária – exigência essa sustentada pela China, Rússia e França. No entanto, essa exigência internacional para um inquérito independente parece estar a ser contestada por vozes israelenses e americanas, argumentando que Israel tem capacidade de conduzir seu próprio inquérito à respeito, e é de entender-se que a comunidade internacional deveria se satisfazer contanto. É o criminoso a fazer papel de juiz, advogado e procurador ao mesmo tempo.

Na acima mencionada reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, apesar das muitas vozes oficiais, como por exemplo da Turquia, exigindo uma tomada de posição concreta, muito claramente especificadas num texto claro e conciso, onde se exigia uma total abertura das fronteiras do setor de Gaza, o que no final de treze horas de argumentação o que se conseguiu foi um texto declaratório muito aguado que por causa de sua ambiguidade pode ser entendido de muitas formas conforme quem o observe.

Portanto, e por favor preste muita atenção e mantenha só isso em mente quando tudo o mais se dissipar e misturar. Na conclusão desse estudo, depois de se analisar e estudar a situação de todos os ângulos possíveis e imagináveis chegou-se a compreensão de que no fundo só há uma saída realista – a curto prazo - para a situação miserável em que nos encontramos hoje.

É de importância capital conseguir-se uma mudança do sistema de veto usado no Conselho de Segurança da ONU. Sem essa mudança nunca se conseguirá pôr fim aos atos terrorísticos de Israel ou aos avanços criminosos dos Estados Unidos, avanços criminosos esses destinados a conseguir seus objetivos econômicos e nada mais.

É de qualquer maneira uma estrutura que já fez o que tinha que fazer. A estrutura do Conselho de Segurança da ONU foi apropriada no tempo do após guerra – a partir de 1945. Hoje essa estrutura é obsoleta e errada não correspondendo em nada a realidade atual, sendo boa para permitir guerras macabras e injustificáveis para bem de poucos e miséria de muitos, assim como para impedir que a comunidade internacional possa atuar convenientemente contra estados criminosos.

Que o que aconteceu com a “Frota da Liberdade” nos ensine pelo menos essa lição. O Conselho de Segurança da ONU tem que ser reformado e isso é mais é já. Ao meio tempo pode se ir tomando uma ou outra atitude, mas é a própria estrutura de trabalho internacional que tem que ser reajustada para acomodar a realidade atual.

Tendo se isso bem claro então gostaria de apresentar alguns fatores que me pareceram de interêsse nos noticiários internacionais depois dos acontecimentos de ontem e hoje.

Não se pode deixar de concordar que a União Européia –UE, como se apresenta hoje é uma estrutura imperialística. [2]

No entanto, gostaria de destacar que quase tanto quando o primeiro ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, exigindo a abertura incondicional das fronteiras do setor de Gaza, Catherine Ashton – a representante da União Européia para assuntos exteriores e de segurança, se põe clara e também incondicionalmente à frente dessa exigência a partir da estrutura da União Européia.

É uma força a se contar com, se se tem intenção de conseguir um alívio imediato do drama dos palestinos em Gaza, porque como vimos, a ONU, por melhores intenções que tenha, está de pés e mãos atados por causa do poder do veto dos Estados Unidos, o que tenhamos certeza é um problema que não se resolverá amanhã. A mim me parece que a União Européia, através do seu ministério das relações exteriores está em posição de agir no aqui e agora, fazendo a pressão necessária para a abertura e para o levantamento do bloqueio desumano de Gaza. Apoiemos esse esforço se bem que possamos manter nossa atitude crítica quanto a estrutura imperialística do conjunto europeu.

Que se levante o cêrco de Gaza e se considere Hamas dentro de um contexto de relações a serem respeitadas. Deve se considerar também em que extento se tem direito de se tratar essa organização como terrorista.

Nas eleições oficiais de 2006, Hamas, como partido político, ganhou as eleições de maneira incontestável, ganhando a maioria das posições parlamentares numa eleição considerada pelos representantes europeus como justa e democrática. Ainda me lembro de Bush na televisão dando as congratulações aos palestinos pela grande vitória democrática conseguida através das eleições, que nas palavras dele mesmo, foram um exemplo de ação democrática a se admirar. Não se passaram mais de dois ou três dias e lá aparece Bush tentando reverter o que tinha tão espontaneamente dito. Para mim ficou claro que esteve conversando com um ou outro representante israelense. A partir dai tudo mudou. Aqui não se conversa com terroristas e dai para adiante.

E o que foi que se seguiu a tudo isso?

O cerco de Gaza e todos os outros atos criminosos culminando com com o massacre que deixou mais que 1400 mortos em Gaza, na sua maioria mulheres e crianças contra 14 soldados israelenses mortos.

A minha revolta não foi pouca quando ontem, depois do ataque à comitiva de ajuda para Gaza tive que ouvir na televisão, explicado por representantes israelenses, que eram a única democracia na região, e portanto que se lhes desse o devido respeito. Só me faltou chorar de raiva.

Pergunte-se: qual é a diferença entre terroristas e movimentos de resistência armada a uma ocupação militar ilegal? Porque é que os ocupantes poderão ver mulheres e crianças como alvo legítimo sem correr o risco de serem criticados, sendo muito pelo contrário apoiados, não só com palavras, mas com tantos milhões e bilhões de dólares que nem sei como contá-los, mas os que resistem a essa ocupação armada não poderão fazer o mesmo?

Afirmo, sem deixar margens para dúvidas, que sou completamente contra a matar inocentes para fins políticos ou outros, como por exemplo guerras ilegítimas para ganhos econômicos quando não se tem capacidade de planejamento econômico que chegue para tanto.

No entanto, que justiça se faça no assunto e que se chame cada coisa pelo seu nome apropriado.. Terrorista é terrorista e massacre é massacre. Mas precisa se saber quem é quem aqui e também o porque. Quem está sendo massacrado? Onde está a democracia? Quem são os de-facto terroristas?

O sistema de defesa contra mísseis chamado “Iron Dome” desenvolvido por Israel, teve o custo de $200 000 000 para os pagadores de impostos americanos. Isso acima dos $3.000.000.000 de ajuda militar anual forneciada a Israel com o dinheiro dos impostos americanos, muito deles tirados dos trabalhadores sem que a eles próprios se lhes ofereçam condições sociais satisfatórias. [3]

De acôrdo com noticiários da BBC durante um período de aproximadamente quatro anos Hezbollah atacou Israel com 4 000 mísseis enquanto os ativistas palestinianos com mais alguns mil. O que a BBC esqueceu se de apresentar foi que no mesmo período Israel bombardeou os mesmos 12 000 vezes. Juntando se a isso 2 500 de “shells” (granadas -?) e quatro milhões e meio das chamadas “cluster bombs” que são bombas em cacho, cada bomba dividindo-se em muitos componentes.

Nos últimos sete anos tivemos 14 [?- confira se] israelenses mortos para 5 000 palestinianos de acôrdo com “Jane´s Defence Weekly.”

Então, quem são os terroristas e que sanções que se lhes caberá?

Termino êsse estudo citando Emir Sader que tão bem compreendeu a situação aqui estudada [4] :-

- “Quem representa perigo para a paz mundial? O Irã ou Israel? Quem perpetra massacres após massacres contra a indefesa população palestina? Quem impede que a decisão da ONU seja colocada em prática senão Israel e USA, bloqueando a única via de solução política e pacífica para a região?”

Então Hillary – Quem são os terroristas? Quais serão as sanções que pedirá à ONU?

Referências

[1] “Brasil convoca embaixador de Israel após ataque a navios “ em www.patrialatina.com.br

[2] “Conselho Mundial da Paz condena agressão de Israel” - Secretariado do Conselho Mundial da Paz. em www.patrialatina.com.br

[3] “James Gundun, political scientist and counter insurgency analyst. Trench – a foreign policy blog em www.hadalzone.blogspot.com

[4] Emir Sader, “Israel: novo massacre humanitário.” em www.patrialatina.com.br

*Anna Malm é corresppondente do Pátria Latina em Estocolmo na Suecia

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