Coreia do Norte poderá juntar-se ao “Clube Nuclear” em 2003

O ano de 2003 começa com muitas interrogações quanto ao futuro imediato e sobretudo em relação às chamadas crises do Iraque e da Coreia do Norte em que, aparentemente, os E.U.A. actuam segundo estratégias diferenciadas nos dois casos: num caso a confrontação bélica, no outro a via diplomática.

Relativamente à Coreia do Norte, do lado americano parece prevalecer a diplomacia como forma de resolver a crise, apesar do lado coreano exaltar uma política armamentista como resposta ao notório belicismo americano, particularmente evidente no caso do Iraque. A Administração Bush limita-se a marcar posição com a ideia de que o confronto com a Coreia do Norte não é inevitável, enquanto a propaganda coreana chega ao limite do desafio e tenta convencer o mundo que existe um potencial confronto entre todos os coreanos - do norte e do sul - com os Estados Unidos. Os dois últimos inspectores da Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA), que tivera três inspectores no país e que tinham um papel muito limitado na verificação das instalações nucleares coreanas, foram expulsos pelas autoridades norte-coreanas sem que tal facto fosse contestado pelos americanos.

No caso do Iraque, um numeroso grupo de inspectores das Nações Unidas procura sinais de armas de destruição maciça em território iraquiano, mas a Administração Bush parece indiferente aos resultados dessa inspecção e desejar uma confrontação próxima, enquanto alguns milhares de soldados e meios de combate americanos se concentram na região. Saddam Hussein parece estar na defensiva, vai fazendo cedências e evita cuidadosamente qualquer pretexto para afrontamento.

O “Grande Lider” Kim Jong Il”, embora sob muito menor pressão americana do que Saddam Hussein, tem repetidamente andado pelos limites e têm sido os E.U.A. e a Coreia do Sul que se têm afastado da linha de confrontação.

A reabertura das instalações nucleares da Coreia do Norte em Yongbyon, a cerca de 90 quilómetros a norte de Pyongyang, assim como a expulsão dos inspectores da IAEA, criaram uma situação muito perigosa. Nenhuma penalização objectiva foi imposta aos coreanos, exceptuando a recusa dos E.U.A. em negociar com os norte-coreanos, mas o Conselho de Segurança das Nações Unidas irá brevemente discutir este assunto.

As autoridades norte-coreanas têm dado pistas sobre uma possível retirada do Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas é evidente que nenhuma penalização lhes será imposta por esse facto. Alguns especialistas adiantam que a Coreia do Norte poderá produzir o plutónio suficiente para fabricar 5 ou 6 bombas nucleares nos próximos meses. Se entretanto retomar os seus testes de mísseis, então o cenário agrava-se e o futuro próximo da região poderá ser de grande conflitualidade. Recorde-se que, em 1998, a Coreia do Norte disparou um míssil balístico de ensaio até ao Oceano Pacífico, que atravessou o espaço aéreo do Japão.

Os Estados Unidos não têm prestado suficiente atenção à Coreia do Norte porque estão mais preocupados com o Iraque e com os seus interesses na região ou porque entenderão que o problema da Coreia do Norte diz mais respeito à China. Kim Jong Il explora precisamente estes aspectos para ganhar vantagens e se tornar a nona potência nuclear durante 2003.

Luis MACIEL PRAVDA.Ru LISBOA PORTUGAL

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