Filho adoptivo de Portugal traça o fado do Brasil

No Estádio das Antas, Porto as equipas alinharam:

PORTUGAL Ricardo; Paulo Fereira, Rui Jorge, Fernando Meira, Fernando Couto, Costinha, Rui Costa, Maniche, Simão Sabrosa, Pauleta, Sérgio Conceição

BRASIL Marcos; Cafú, Edmílson, Luisão e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Kleberson, Zé Roberto e Ronaldinho Gaúcho; Rivaldo e Ronaldo.

Portugal começou este jogo amigável de melhor forma: Pauleta converteu decisivamente com o pé direito um cruzamento de Sérgio Conceição aos 7 minutos após o primeiro canto. Antes disso, houve uma grande pressão de parte a parte enquanto as equipas tentavam entrosar-se no seu jogo.

Quem entrou no fio primeiro foi Portugal. Os três sectores estão ligados, o seu jogo flui como um motor bem rodado, a sua objectividade é notável. Eis o resultado dos três meses do trabalho de Felipão, penta-campeão do Brasil que pós a equipa portuguesa a jogar como equipa, pela primeira vez em muitos anos.

No flanco direito, Sérgio Conceição e Paulo Ferreira tiveram uma comunicação quase intuitiva, enquanto a experiência de Rui Costa deu ao veterano meio-campista português duas oportunidades, uma com a cabeça e outra, um remate, ambas falhando o alvo por muito, enquanto Maniche e Costinha desfizeram as iniciativas brasileiras no meio-campo, empurrando o Brasil para trás e dificultando a ligação entre o meio-campo e os avançados.

Na equipa brasileira, foi Ronaldinho que despertou primeiro, forçando o primeiro canto a favor do Brasil após 12 minutos. O jogo começou a correr de baliza a baliza, Brasil a entrar cada vez mais no jogo no decorrer da primeira parte. Aos 21 minutos, Ronaldo encontrou-se isolado à frente do guarda-redes Ricardo mas em vez de rematar, fez o mais difícil, que foi atrasar a bola com o seu calcanhar.

Roberto Carlos teve duas ocasiões de enviar os seus mísseis balísticos à baliza portuguesa, batendo no poste aos 30 minutos e depois, aos 41, depois duma entrada dura do capitão português Fernando Couto (como sempre) contra Zé Roberto, batendo no ângulo, enquanto Rivaldo, de pontapé livre, bateu na trave dois minutos depois. A baliza de Ricardo tinha sido abençoada.

Acabou a primeira parte com a noção de que Portugal, classificado em 12º lugar pela FIFA, estava a jogar bom futebol em pé de igualdade com ao melhor equipa do mundo, que acusava o facto dos seus jogadores estarem envolvidos em muitos campeonatos diferentes, mas que estavam a acordar lentamente.

Na segunda parte, o Brasil entrou bem despertado mas Portugal não adormeceu. No entanto, a primeira parte deste período pertenceu à seleção canarinho. Infeliz por não ganhar um pénalti aos 53 minutos, foi muito feliz dez minutos depois, quando Simão Sabrosa cometeu uma falta sobre Ronaldinho Gaúcho fora da área, mas o jogador soube cair dentro. Foi o próprio centro-campista do Paris Saint-Germain que marcou o pénalti com um remate forte à esquerda de Ricardo, que se lançou na direcção certa, mas o remate foi perfeito. 1-1.

Portugal cresceu depois deste golo, Pauleta testando o Marcos por duas vezes, o guardião brasileiro estando à altura do desafio nas duas ocasiões, aos 67 e 76 minutos. Outra vez o jogo se tornou numa batalha de meio campo até que Roberto Carlos foi expulso aos 80 minutos por dar um encontrão ao árbitro, numa altura em que os nervos nas duas equipas estavam a vir ao flor da pele.

No rescaldo, Deco, nascido no Brasil mas recentemente naturalizado português, marcou um daqueles livres que projectou o FC Porto ao topo da classificação na Superliga este ano, fixando o marcador em 2-1, começando um ciclo que se prevê ser vitorioso na equipa das quinas. Deco é o melhor jogador em Portugal e apesar de certos jogadores (nomeadamente Rui Costa e Luís Figo) contestarem a presença do “brasileiro” na sua equipa, a verdade é que Deco é naturalizado português e de acordo com as regras do desporto, pode jogar para Portugal. Jogou, marcou, venceu.

Portugal assim vence o Brasil pela primeira vez desde 1966 e pela terceira vez na história dos jogos entre estas equipas, Brasil tendo ganho 12 vezes. Houve 2 empates.

O Sargentão Felipão começa a talhar este grupo de veteranos, misturados com sangue novo, à sua imagem. Não surpreenderia ninguém se esta equipa portuguesa, com este treinador brasileiro, finalmente conseguisse o seu lugar no pódio dos melhores do mundo.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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