GUEORGUI YARTSEV: "NÃO CUMPRIMOS A TAREFA QUE NOS FOI COLOCADA"

Ao fazer o balanço da actuação da selecção nacional no campeonato europeu, Yartsev disse nomeadamente: "Afinal, que posso dizer? Não cumprimos a tarefa que nos foi colocada. E por quê? Primeiro porque "a priori" era difícil.

O nosso grupo tinha duas equipas favorecidas pelos árbitros. Nós, técnicos e treinadores, tínhamos o compromisso escrito de não criticarmos a arbitragem, mas demasiadas coisas se acumularam. Os espanhóis no desafio connosco não mereciam a vitória. Com os anfitriões - quero dizer, os portugueses - toda a segunda parte do jogo decorreu com dez futebolistas - ou seja, uma equipa sempre incompleta.

No fundo, neste campeonato deram-nos a possibilidade de jogar um só desafio em toda a plenitude - e para ser mais preciso, uma só parte. Só na primeira parte da partida com os gregos o árbitro, diria eu, "soltou as rédeas". Eu não vejo como é que jogam os líderes - isto é, aqueles mesmos portugueses, franceses, espanhóis. Estou de acordo com a maior parte das penalizações que foram impostas aos nossos jogadores.

Mas, meus caros senhores, penalizem também os adversários! Pois, o que significa retirar da partida três jogadores da defesa mostrando-lhes o cartão amarelo? Desaparece assim toda a possibilidade de conduzir uma luta verdadeiramente masculina. Claro, é um duro golpe na psicologia dos futebolistas.

A nossa equipa não fez nenhuma lesão ao adversário. Mas pelos cartões que tivemos somos os mais brutos do campeonato. Segundo, já hoje é claro para mim que as perdas que tivemos mesmo no início das competições resultaram irremediáveis. Imagine só, jogar com uma linha de defesa completamente nova! É uma coisa bem difícil...

Não se esqueça - prosseguia Gueorgui Yartsev - que a nossa equipa incluía 17 estreantes. E não adianta aqui fazer comparações com as equipas da Letónia ou da Bulgária. Estes têm os seus problemas, têm a sua vida. O que mais detesto é que sobre o futebol discorre frequentemente gente ignorante, que pouco domina este jogo. Me diga, por que é que eu e os meus futebolistas têm que ouvir críticas vindas da boca dum comentarista político? Ou pior ainda, os seus conselhos acerca da actuação. Eu acho que cada um deve estar no seu lugar e ocupar-se dos assuntos que lhe competem. Que o meu trabalho seja avaliado por especialistas, de acordo! Eu sei que temos feito pouco pelo país, que desiludimos os nossos adeptos. Mas não adianta levar a coisa até ao absurdo!

E toda a gente de bom senso o sabe e compreende. Desde o início e nos interesses da equipa eu sempre me opus categoricamente à qualificação do nosso grupo como "grupo da morte", se bem que soubesse que seria difícil sair dele. Mas no fundo era assim.

O que mais me enerva em alguns "críticos" não é a sua atitude para comigo próprio, antes sim as suas atitudes para com o futebol russo. Fomos apurados para o campeonato europeu depois de uma pausa de oito anos. Comparando com a situação de então, hoje temos uma equipa de jovens, ao passo que na altura era uma equipa de futebolistas experientes, cheios de força".

Gueorgui Yartsev qualificou de "absurda" a crítica que lhe foi feita enquanto treinador por haver designado um só atacante nos primeiros dois desafios, tendo dito: "Senhores, deixem-me a mim, pessoalmente, decidir sobre a melhor forma de jogar. Eu não vou agora chorar de arrependimento. Se me arrepender, faço-o na igreja. Eu vou responder pelo trabalho feito a 12 de Julho perante o Comité Executivo da União de Futebol da Rússia. E é este organismo que deve aprovar ou reprovar o meu trabalho".

O correspondente do jornal não pôde evitar na entrevista o tema da expulsão de Aleksandr Mostovoy. E teve imediatamente a réplica de Yartsev: "A pessoa que manifestou em público desconfiança em relação à equipa, que pôs em dúvida as suas perspectivas logo após a primeira partida, desacreditou todo o processo de treino, não pode ter lugar na equipa. E acabou!"

A última pergunta: "O Sr. não está arrependido de ter aceite dirigir a selecção?". A resposta foi a seguinte: É melhor arrepender-nos pelo que foi feito do que por aquilo que não foi feito. O melhor professor da vida é a experiência, não é? Se a tenho adquirido ou não? Creio que adquiri. Mas doravante tenho uma opinião diferente sobre algumas pessoas que ora bajulam ora produzem pasquins. Eu não estou zangado com ninguém - pura e simplesmente, tirei as minhas conclusões. Afinal, se eu mesmo sair da selecção, a minha vida não termina aqui. Eu tenho família, tenho a minha causa que devo levar até ao fim. Quero começar a defender a minha tese, relacionada, evidentemente, com o futebol e um pouco com aspectos médicos. Seja como for, eu também sou formado em Medicina".

RIAN

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