Nações Unidas solicitam não subestimar crises humanitárias na América Latina

John Ging, diretor de operações do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), solicitou à comunidade internacional não esquecer-se das crises devastadoras que afetam diversos países da América Latina e Caribe.

Sergio Ferrari

Adital

Desde as Nações Unidas, Genebra, Suíça

Essas declarações integram o balanço final da visita que ele realizou nos últimos dias à Colômbia, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Haiti. O alto funcionário internacional se mostra impressionado com as penúrias que padecem milhões de pessoas nessa região.

Ging recordou que Colômbia possui, atualmente, 7 milhões de refugiados produto da guerra, o que a converte na segunda nação em escala mundial com maior número de migrantes internos. A comunidade internacional não pode ignorar essas pessoas que vivem na extrema pobreza, afirmou.

Embora reine certo otimismo na comunidade internacional, por conta dos importantes avanços do processo de paz que impulsiona o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ging alerta para não subestimar a magnitude dos problemas humanitários que enfrenta o país. Na Colômbia, acrescenta, mais de meio milhão de pessoas foram afetadas pelo El Niño, e não menos de 5 mil mulheres grávidas contraíram o vírus da Zika.

Em relação aos efeitos do El Niño na América Central, ele afirma que [o fenômeno] afetou mais de 4,2 milhões de pessoas, e que se observa uma má nutrição crônica em 48% da população rural. Fatos que sacodem os países centro-americanos, onde já há mais de 80 milhões de pessoas que vivem na pobreza extrema e onde a violência é uma constante. El Salvador e Guatemala exibem as taxas de homicídios mais altas do mundo entre países que não protagonizam um conflito armado. "Também nos preocupa a situação de dezenas de milhares de menores não acompanhados, vítimas de traficantes em seus esforços para emigrarem para os Estados Unidos", enfatiza.

Em relação ao Haiti, Ging aponta que, após seis anos do devastador terremoto, cerca de 60 mil pessoas continuam vivendo em 37 acampamentos de refugiados, e adverte que, com 37 mil casos de cólera reportados no ano passado, corre-se o risco de que a situação piore se não forem reforçadas as medidas de controle.

Ging reforça a necessidade da comunidade de doadores não se esquecer das crises que atravessam os países latino-americanos. Em momentos em que o foco de atenção da comunidade de doadores está concentrado, praticamente de forma total, nos dramáticos conflitos do Oriente Médio.

Quase em paralelo ao chamado da OCHA, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou, em 18 de fevereiro último, que o episódio 2015-2016 do El Niño já superou seu ponto máximo. Advertiu, entretanto, que [o fenômeno] continuará influenciando o clima mundial. A instituição onusiana explicou que se espera que o fenômeno se debilite nos próximos meses.

Segundo a agência da ONU, as temperaturas da superfície do mar, na parte oriental e central do Oceano Pacífico, estiveram 2 graus Celsius acima da média durante o fim do ano, dado que apoia as evidências de que o evento [2015-2016] é um dos mais severos já registrados.

Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, indica que ainda é prematuro afirmar que esse tenha sido o episódio mais severo da história, embora tenha afirmado que o mundo esteve mais preparado do que nunca para resistir a ele. "As investigações científicas realizadas permitirão melhorar nosso entendimento deste fenômeno e suas inter-relações com a mudança climática produzida pelo ser humano", afirma Taalas.

Versão em português: Paulo Emanuel Lopes, para Adital.

Sergio Ferrari

Colaborador de Adital na Suiça. Colaboração E-CHANGER

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