Dili: Calma depois da tempestade

Depois de uma semana de violência, em que duas pessoas perderam a vida, dezenas ficaram feridas e a casa do Primeiro Ministro foi saqueada, a calma regressou ao país mais recente. Enquanto os políticos procuram quem está por trás destas acções, o descontentamento na população civil está tangível e é por aí onde se deve começar a investigar.

Timor Loro Sae é, em termos geo-políticos, um bebé recém-nascido, que precisa de mãe para mamar e que não pode ser abandonado à sua sorte. Muitas foram as promessas em 1999 quando o povo Maubere escolheu o rumo de independência, enquanto o sistema imposto pelos indonésios foi desmantelada.

O sistema, basicamente, era tudo. Era o sistema educativo, o sistema de administração pública, o sistema policial, o sistema de saneamento básico. Muitas foram as promessas de dádivas dos países doadores, muitas foram as promessas de emprego e dum novo começo. Por muito que a comunidade internacional tem tentado ajudar, por muito que o povo português se tem privado para altruisticamente doar para Timor Loro Sae os recursos que decerto precisam para eles, há muitas pessoas em Timor Loro Sae que estão insatisfeitas, sem emprego e algumas até sem comida.

A onda de violência nesta última semana em Dili não é um acto isolado. É antes uma continuação de várias semanas de distúrbios um pouco por todo o país, em Baucau, em Viqueque, em Liquiçá, e por várias razões. Não é verdade que os elementos atrás destes actos são os saudosos do regime indonésio, pro-integracionistas, porque embora possa haver alguns, há muitos que actuam por outras razões.

Há os estudantes que não querem pagar as propinas, há grupos que querem arroz, cuja distribuição não foi bem sucedida, há aqueles que querem roubar os automobilistas numa estrada, há aqueles que querem disseminar a desordem porque são criminosos comuns como em qualquer outro país e há rapazes impetuosos que, bêbados, acham graça em atirar uma pedra a uma figura pública, como por exemplo o Presidente Xanana Gusmão. O país é jovem, as suas camadas sociais ainda não estão bem formadas e há sempre aqueles que irão tentar tirar proveito do clima de indisciplina. Não há, porém, como noticiam vários órgãos de informação internacionais, um movimento controlado que visa re-estabelecer a autoridade da Indonésia no país.

No entanto, a normalidade foi imposta outra vez e a Missão de Apoio das Nações Unidas no Timor Leste (UNMISET) que aumentou a sua actividade para assegurar a paz e ordem pública. É de esperar que a inteligência vence o ânimo exaltado e falta lembrar à população Maubere que, se lutaram muito pela sua independência, seu país, hão de lutar muito mais para o manter.

Lao MENDES PRAVDA.Ru DILI TIMOR LORO SAE

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