A história de Chapeuzinho Vermelho

Como sou uma pessoa supereducada (modéstia à parte!) e não gosto de ofender ninguém me contive na hora do comentário e não explodi! Mas agora preciso desabafar.

Odeio, odeio e odeio xenofobia e intolerância. Assim como Lisboa e outras cidades européias são atualmente “infestadas” pelos imigrantes, houve tempo em que Brasil e outros países da América do Sul e África foram infestados pelos imigrantes europeus. O problema é que, como se diz na Polônia, “o boi esqueceu que já foi um bezerro”!

A intolerância assusta-me. Especialmente que entre muitos valores que adquiri na minha Polônia socialista se encontram: o de ser humanista e solidária com outros povos. Sempre digo que quando sai do meu país não estava contaminada por nenhum bacilo de intolerância. Não fui ensinada a ser anti-semita, racista, imperialista, e no fundo, nem de ser antiamericanista.

Para provar como isso é verdade vou descrever um pequeno acontecimento. Alguns anos depois da queda do Muro de Berlin, estive na parte ocidental da cidade onde conheci uma brasileira que, era atriz. A companhia dela encenava geralmente peças infantis. Ela me contou que, logo depois da queda do Muro a trupe dela foi apresentar a peça sobre o Chapeuzinho Vermelho num teatro do lado oriental de Berlin.

Ela já estava acostumada com as reações das crianças alemãs ocidentais durante a exibição da peça. Por exemplo: quando o Chapeuzinho fugia do Lobo e escondia-se atrás de alguma “moita” e quando o lobo perguntava a platéia onde o fugitivo estava escondido, as crianças apontavam prontamente a “moita” certa e ainda incentivavam o malfeitor a engolir o coitado do Chapeuzinho imediatamente!

Por isso, a minha amiga atriz, teve imensa e agradável surpresa quando presenciou as reações das crianças do lado oriental de Berlin à perseguição do fraquinho Chapeuzinho Vermelho: as crianças não só não revelaram o esconderijo da vítima como também, algumas delas, subiram para o palco e correram atrás do Lobo.

E eu, como aquelas crianças, também fui ensinada na Polônia durante o tão “famigerado” socialismo, sempre defender o Chapeuzinho Vermelho.

Renata KUSZAK-ROCHA BRASIL

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