Negligência do hospital?

Ivan Constanda, trabalhador moldavo da construção civil, morreu no dia 27 de Maio, após acidente de trabalho mortal em Montemor-o-Novo. Trabalhava para uma empresa de construção de Évora e tinha a situação legalizada, nomeadamente o seguro de trabalho.

No dia 8 de Junho, três colegas que se apresentaram na morgue para vestir o corpo e enviar a urna com a dignidade indispensável, verificaram então o estado lastimável em que o mesmo se encontrava, já em decomposição. Só então o pessoal da morgue reconheceu que teria havido uma avaria na câmara frigorífica.

Por considerar esta situação de extrema gravidade, a deputada do Bloco de Esquerda, Ana Drago, apresentou hoje um requerimento ao Ministro da Saúde com as seguintes questões:

1 - Tem o Ministério da Saúde conhecimento deste caso?

2 – O que pretende o Ministério fazer para garantir o rigor da averiguação sobre o ocorrido?

Grupo Parlamentar

Requerimento

ASSUNTO: Apresentado por: Ana Drago (Bloco de Esquerda) Dirigido ao: Ministério da Administração Interna

Data: 27 - 6 - 2005

Ivan Constanda, trabalhador moldavo da construção civil, morreu no dia 27 de Maio, após acidente de trabalho mortal em Montemor-o-Novo. Trabalhava para uma empresa de construção de Évora e tinha a situação legalizada, seguros de trabalho, etc. O patrão responsabilizou-se pelos custos do funeral, incluindo o transporte do corpo para a Moldávia

No dia 8 de Junho, três colegas que se apresentaram na morgue para vestir o corpo e enviar a urna com a dignidade indispensável, verificaram então o estado lastimável em que o mesmo se encontrava, já em decomposição. Só então o pessoal da morgue reconheceu que teria havido uma avaria na câmara frigorífica.

Sergiu Ciobano, um dos amigos de Ivan Costanda, contactado pela agência Lusa, acusou os serviços da morgue de terem "tentado encobrir o que tinha acontecido ao cadáver".

"Sentimo-nos muito revoltados porque ninguém nos dava explicações e só nos diziam que os serviços iam colocar o corpo num saco plástico para seguir para a Moldávia. Só a muito custo conseguimos ver o corpo e nem queríamos acreditar...", frisou.

O imigrante considerou que este caso "só aconteceu porque se tratava de um imigrante e a morgue pensava que ninguém ia reclamar o corpo", tendo o seu compatriota sido "pior tratado do que um animal".

A Associação Solidariedade Imigrante formalizou uma queixa junto do Gabinete do Utente do hospital para "apuramento interno de responsabilidades". Além disso, três cidadãos moldavos, colegas do imigrante, contactaram a PSP e apresentaram queixa ao Ministério Público, no Tribunal de Évora.

O Presidente do CA do Hospital do Espírito Santo de Évora já informou a Associação Solidariedade Imigrante que foi aberto um processo de averiguações para esclarecimento da ocorrência.

De facto, fica a suspeita de que ocorreu aqui um grave caso de negligência ou, no mínimo, de tentativa de ocultação da ocorrência, só desmontada pela insistência dos colegas do trabalhador falecido.

Por considerar esta situação de extrema gravidade, o Bloco de Esquerda vem por este meio, e ao abrigo do regimento em vigor, requerer ao senhor ministro que responda às seguintes questões:

1 - Tem o Ministério da Saúde conhecimento deste caso? 2 – O que pretende o Ministério fazer para garantir o rigor da averiguação sobre o ocorrido?

O Deputado do Bloco de Esquerda

Ana Drago

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