Le Monde denuncia passado obscuro dos proprietários do Prestige

Chamamos à atenção para a notícia do diário francês Le Monde, publicada na edição de hoje, sobre os armadores do petroleiro Prestige e a falta de transparência do sector em geral e desta família particular. Segundo o Le Monde, o Prestige era propriedade de uma companhia liberiana, a Mare shiping Inc, que, no fundo, mais não era que a máscara através da qual se escondiam os seus verdadeiros donos: uma família de armadores gregos, os Coulouthros, sedeados em Londres e no Pireu. Reincidentes em desastres ambientais, este é o terceiro acidente envolvendo as suas embarcações num passado recente. O diário informa que, em 1992, um dos petroleiros dos Coulouthros, l´Agean Sea, encalhou perto do porto da Corunha, libertando uma mancha de petróleo que se estendeu por uma centena de quilómetros. Em 1979, um dos seus maiores petroleiros, o L´Agean Captain, colide com outra embarcação nas Caraíbas, ao largo da ilha de Tobago, derramando 280 mil toneladas de combustível, naquele que constitui até hoje o maior desastre deste género. Os Coulouthros estabelecem-se em 1934, sendo, no final dos anos 70, a maior empresa grega do sector, com 27 embarcações – petroleiros na sua maioria. Mas, em 1981, dois anos depois do brutal acidente na ilha Tobago, a sociedade desfaz-se no meio do maior secretismo. Segundo o Llyod´s List, o jornal de referência em matéria de transportes marítimos, a cascada de empresas de fachada – entre as quais está a proprietária do Prestige – atrás do qual se esconde esta família de armadores é controlada por uma empresa de fundos de gestão, a Universe Maritime, criada em 1998. A notícia do Le Monde demonstra que este acidente ambiental suscita todas as dúvidas sobre a falta de transparência e de regulação de um sector de grande risco e de importância estratégica. Garantir a alteração deste estado de coisas deve ser uma prioridade para que acidentes como os desta semana não se voltem a repetir.

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