Portugal bate no fundo

Em 1986, Portugal entrou na Comunidade Económica Europeia. No fim da tabela. Hoje, na União Europeia, 16 anos mais tarde, continua no fim da tabela. Com os mesmos indicadores. Porquê?

Andam juntos há muito tempo. Portugal e Grécia. Só que agora é Grécia e Portugal, porque Portugal consegue ser ainda mais pobre. Estatisticamente, os cidadãos de Portugal produzem entre 50 e 75% do Produto Interno Bruto da União Europeia, ocupando a mesma faixa que os novos países candidatos Hungria, República Checa, Eslovénia e Chipre.

Como é possível que Portugal ainda não progrediu em termos de indicadores sociais, depois de 16 longos anos de rios de investimentos da EU em fundos de coesão e estruturais? As reformas estruturais necessárias para aumentar a produtividade em Portugal nunca foram realizadas, nem por governos do Partido Socialista, nem por governos do Partido Social Democrata, agora no poder em coligação com o Partido Popular (conservador).

É fácil de explicar. Cada vez que é eleito um governo PSD, há uma onda laranja que ocupa todos os lugares políticos, e não só. Vai até administrações de hospitais, das maiores empresas, das instituições, dos programas de controlo de toxico-dependência e de SIDA, até às Câmaras municipais. Nem sempre o mais competente fica no lugar de destaque.

Quando é eleito um governo do PS, vem uma onda rosa, quase igual, bradando tangencialmente menos do que o PSD, que em arrogância bate os recordes, mas mesmo assim, consegue continuar o mal nacional. Houve um romano que disse que o povo Lusitano nem sabia governar-se nem sabia ser governado.

Enganou-se. O povo português sabe muito bem o que quer. Quer um programa nacional de desenvolvimento, como qualquer outro país que presta, começando com a colocação dos melhores qualificados nos lugares devidos, sejam quais forem, se tiverem, as cores políticas. Assim se desenvolve um programa nacional de desenvolvimento, baseando as colocações na competência, não na apetência.

Portugal precisa dum plano. Só que, quem tem de o implementar terá de ser português porque cada vez que um estrangeiro apresentar uma ideia ou uma crítica, arrotam a frase: “Vai para o teu país se o achas melhor”. Mal criados? Não. Limitados, casmurros, acomodados.

Tão acomodados que deixaram um governo como o actual deslizar-se para São Bento e ocupar a maioria dos lugares. José Manuel Durão Barroso, excelente Ministro de Negócios Estrangeiros no executivo de Cavaco Silva mas péssimo Primeiro Ministro, talvez o pior na história do país, é o exemplo do cancro que é a classe política portuguesa.

Na campanha eleitoral, tentando marcar pontos políticos, andou com um discurso assim: “Este é um caos! O país não pode continuar assim!” Nunca lhe passou pela cabeça que ganharia, só que conseguiu. Colocou uma Manuela Ferreira Leite, talvez a pessoa mais seca e antipática na arena da política nacional, na pasta do Ministra de Finanças. Como boa mulher, e costureira, começou por tirar a tesoura da bolsa e entrou num frenesim de cortar despesas.

Curiosamente, este governo até fechou uma das companhias que dava milhões em rendimento aos cofres do estado, o IPE. Por razões políticas. Porque o Engenheiro António Guterres, antigo Primeiro Ministro de Portugal (Partido Socialista) trabalhava lá. Por isso, este governo perdeu qualquer direito moral de falar sobre necessidades fiscais ou monetárias.

Por isso, até os trabalhadores do IPE ligados ao PSD já dizem que votar mais, nunca. Que vergonha.

Cristina GARCIA PRAVDA.Ru COIMBRA PORTUGAL

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