Carta aberta ao Senhor Ministro Paulo Portas

Excelentíssimo Senhor Ministro, Quando o vi esta semana sorrindo e recebendo palmas nas costas do Donald Rumsfeld, visivelmente satisfeito com os actos de barbárie perpetrados pelas suas forças militares no Iraque, comecei a questionar se algum de vós está ciente da gravidade daquilo que aconteceu.

Senhor Ministro, quando o vi tão bem disposto, com uma cara radiante de alegria, a comparar-se ao homem ao seu lado com tanto orgulho, veio-me a ideia de que o senhor não se importa com quem lida.

Senhor Ministro, ainda apoia a política de Donald Rumsfeld no Iraque? Ainda acha bem que se lança um ataque selvático e assassino contra um país soberano sem qualquer justificação ou base de legalidade? Acha bem, senhor ministro, que se desrespeite a ONU?

Senhor Ministro, acha que a chantagem e a demagogia são utensílios a empregar nos bastidores do Conselho de Segurança? Acha que está correcto assassinar civis? Ainda concorda com o ataque que deixou crianças mutiladas, órfãos, com cicatrizes físicas e psicológicas profundíssimas, que nunca irão esquecer? Preferiria que aquele rapaz que perdeu a família inteira e as suas duas pernas cantasse “God Bless America”...ou “Heróis do Mar”?

O senhor é Ministro de Defesa ou de Guerra? Quando o senhor ministro tiver seu orgasmo de alegria em público por ficar ao lado dum assassino frio e sem vergonha do calibre de Donald Rumsfeld, esquece tudo, pois não?

Quando negoceia com os norte-americanos, juntamente com seu Primeiro Ministro José Barroso, os trade-offs, os benefícios que irão receber por causa de terem ficado do lado do mal, contra a razão, contra o bem, vende a sua alma, senhor ministro, bota os fundamentos da democracia – diálogo, discussão, diplomacia, respeito pela lei – pela pia abaixo, trai a noção de que é uma pessoa íntegra, com princípios, valores, padrões do aceitável, normas.

Senhor Ministro, estar a congratular-se por receber palmadinhas nas costas dum monstro mentiroso, manifestamente inculto, fascista, assassino e criminoso, nada faz para fazer brilhar a auréola de Homem de Estado que lhe dá tanto prazer.

Antes, Senhor Ministro, deverá lembrar o ditado bem português, que vai assim... “Mostra-me os teus amigos e eu digo-te quem es”.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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