Ultraje no Aeroporto de Portela, Portugal

O aeroporto internacional de Portela em Lisboa foi antigamente um exemplo de excelência. Pequeno mas funcional, profissional mas amigável, o ambiente tinha tudo a ver com a famosa hospitalidade à portuguesa. Como tudo mudou.

“O que vem cá fazer? Achas que duzentos Euros vai chegar para alguma coisa? Vai enganar outro. Entre por aí!” Estas palavras foram de certeza ouvidas por milhares de cidadãos brasileiros e de outros países que tentam entrar em Portugal. Das palavras agressivas e da atitude de extrema arrogância, pode-se concluir que a imagem que os serviços da SEF querem lançar, à primeira vista, é que Portugal é um país de atrasados mentais e que os portugueses são um povo de extrema má-criação.

Passado o controlo de passaportes, passemos das palavras às acções. “Entre aí! Espere enquanto chamo a minha colega”. Assim mandaram entrar uma cidadã brasileira, de 40 anos, professora numa escola pré-primária, que vinha em excursão a Portugal para passar uma semana de férias. Foi esforçada a despir-se antes de a funcionaria alfandegária lhe perguntar se não trazia “um saquinho de qualquer coisa por aí algures”.

Banhada em lágrimas, a cidadã soluçou que só queria voltar para o seu país e nunca mais voltar a Portugal. Quantos mais milhares de passageiros irão ser enfrentados por este atendimento terceiro-mundista, quantos mais artigos como este iremos ser forçados a escrever?

Mesmo para os privilegiados cidadãos da União Europeia, nem tudo vai bem na Portela. Para pegar num carrinho para transportar a bagagem, tem de ter um Euro. Quem não tem, não pode usar o carrinho. No dia 31 de Dezembro, estava uma cidadã brasileira, de 81 anos, a chorar desesperadamente porque não tinha a moeda de um Euro e tinha três malas enormes (quantos passageiros têm acesso a moedas de Euro fora de Portugal?).

Eu próprio disse-lhe que não se preocupasse porque as máquinas davam trocos. Coloquei a nota de 5 Euros e...perdi a nota. Na placa na entrada do aeroporto lê-se que a moeda será devolvida. Mentira.

Se Portugal estiver interessado em melhorar a péssima imagem que este aeroporto dá ao turista, sendo este o primeiro contacto com o país, seria melhor alguém prestar atenção. Só que, é mais natural que, à boa maneira portuguesa, se use a frase-chave “quem não está bem, que se muda”. Tudo vai continuar na mesma, o país continuará no fundo da UE e resta saber só quão rapidamente os novos membros irão pular por cima de Portugal na tabela dos indicadores económicos e sociais da União.

Cristina GARCIA PRAVDA.Ru COIMBRA PORTUGAL

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