Calma!

A imprensa internacional está repleta de projecções sobre as consequências da eleição não acontecer no dis 12 de Outubro. No entanto, o processo está em marcha e tudo leva a crer que vai correr bem.

Guiné-Bissau, como é evidente, sofreu muito as consequências da guerra civil de 1998, quando a economia retraiu por cerca de 30%. Nunca mais recuperou. Foi esta guerra que projeccionou Kumba Ialá para a Presidência, com um discurso de tolerância.

No entanto, uma análise da Guiné-Bissau hoje revela que pouco ou nada foi conseguido por Kumba Ialá. Eleito em Fevereiro de 2000 com 72% do voto, foi esforçado a dossolver o parlamento em Novembro de 2002, prometendo eleições novas em Fevereiro deste ano, depois Abril, depois Junho...não se realizaram.

Assim o governo interino de Kumba Ialá chega ao nono mês. Atacado por todos os lados, quer dentro, quer fora do país, todos os olhos estão postos no Presidente. Os seus três anos no poder trouxeram pouco mais do que tensões entre grupos de pressão, que provocaram o presidente a usar medidas draconianas para manter-se no poder, de acordo com os seus opositores ou para normalizar a situação, dependendo do ponto de vista.

Desta vez, Kumba Ialá se vê sériamente confrontado pelo PAIGC, cujo líder Carlos Gomes Júnior tem apoio quer nas cidades, quer entre os agricultores, enquanto nas últimas eleições, Kumba Ialá teve o seu base de apoio fora das cidades.

Não é, porém, de descartar a possibilidade de Kumba Ialá dirigir um discurso nas linhas de “não me deixaram governar” e que, com promessas de um influxo de capital estrangeiro após umas eleições livres e justas, poderá finalmente conseguir produzir alguma coisa.

Quer que seja Kumba Ialá ou Carlos Gomes Júnior, cabe aos guineenses decidirem. As eleições suas suas e não pertencem a mais ninguém. Estas eleições vão-se realizar e vão-se realizar na normalidade. Porque os guineenses merecem, porque os guineenses saber e porque os guineenses souberam construir um país, por muitos problemas que tenha e por poucas condições que lhe foram atribuídas.

São os guineenses que sabem gerir os seus assuntos e não cabe à comunidade internacional interferir e dar dicas sobre este ou aquele candidato. Isso é um assunto interno, um assunto para guineenses.

Djibril MUSSA PRAVDA.Ru GUINÉ-BISSAU

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