Lula: Inflação atual sinaliza para queda de juros

“Estamos afinando a orquestra e, logo, logo, o espetáculo do crescimento vai acontecer no nosso país”, disse o presidente.

A afirmação foi feita durante visita de Lula à fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, na manhã desta quinta-feira, ocasião em que a montadora doou 225 toneladas de alimentos para o programa Fome Zero.

Lula voltou a explicar que ainda não foi possível reduzir os juros porque nestes primeiros cinco meses, o governo federal precisou adotar medidas para evitar que a inflação saísse do controle. Segundo ele, o governo perderia credibilidade se baixasse os juros agora e fosse obrigado a aumentá-los novamente nos próximos meses, diante de uma subida dos índices de inflação.

“Não pensem que o [Antonio] Palocci [ministro da Fazenda] e o [Henrique] Meirelles [presidente do Banco Central] não querem que os juros caiam. Eles devem dormir todos os dias querendo reduzir os juros no dia seguinte. Mas não dá para baixar e depois aumentar porque senão [o governo] perde credibilidade”, afirmou.

O presidente comparou o governo ao plantio de uma árvore. “Você pode estar com fome, mas se plantou um pé de feijão, terá de esperar 90 dias; se plantou um pé de café ou de laranja, terá de esperar três anos. Nós plantamos alguma coisa. Tem que adubar e regar sempre para nascer forte e não morrer com a primeira ventania que ocorrer”, afirmou.

O discurso de Lula ocorreu depois da fala do presidente da Ford no Brasil, Antonio Maciel, que disse concordar com a priorização do governo no combate à inflação, mas pediu empenho do governo no fortalecimento do mercado interno, na redução de impostos e na diminuição das taxas de juros.

Em relação à política de preços dos combustíveis, Lula voltou a chamar de “trambiqueiros” e “espertos” os donos de postos de gasolina que não repassaram a redução de preços definida pelo governo ao consumidor final. Ele lembrou, no entanto, que o Ministério de Minas e Energia criou uma tabela de preços de referência aos postos, que serão fiscalizados pelo governo federal.

O presidente relembrou suas visitas à porta da Ford nos tempos em que era líder sindical, especialmente a greve de 1978, uma das historicamente mais importantes da categoria dos metalúrgicos. “Foi a greve mais tensa, mais nervosa, mas fizemos um bom acordo [aumento salarial de 11%]. De lá pra cá, só houve avanço nas relações entre diretoria, comissão de fábrica e trabalhadores”, disse Lula.

“Ficamos adultos, amadurecemos, e hoje estou aqui. E tenho certeza de que o que penso sobre desenvolvimento e crescimento econômco é o mesmo que pensa o [Luiz] Marinho [presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC] e o [Antonio] Maciel [presidente da Ford no Brasil].”

Fome Zero Além de doar 225 toneladas de alimentos ao programa Fome Zero - que serão levadas em caravana a Fortaleza e Independência, duas cidades cearenses escolhidas pelo Ministério da Segurança Alimentar -, a Ford anunciou que estenderá sua campanha “Ford Zero Fome Zero”.

Até o final do ano, a cada caminhão vendido, serão doados R$ 100 para o programa do governo federal – R$ 50 da empresa e R$ 50 da rede de distribuidores. A expectativa é de que a campanha arrecade em torno de R$ 700 mil. Uma das propostas para a aplicação desse dinheiro é a construção de cisternas em municípios do Nordeste.

"João Ferrador"

Durante sua visita à Ford, Lula foi presenteado, pelos metalúrgicos, com a figura esculpida em madeira do personagem "João Ferrador". Este personagem, que surgiu em 1978 como símbolo da categoria durante a ditadura militar, tinha um bordão "Hoje eu não tô bom".

Com a chegada de Lula à Presidência, conforme explicou um ex-colega do tempo das grandes greves do ABC, o bordão mudou: "Hoje eu tô bom", diz o personagem no presente entregue a Lula.

"A gente está no caminho certo. Com cinco meses de governo, ele tá bom e vai melhorar", disse Silvio Rodrigues Fortes, da comissão de fábrica da Ford.

De outro funcionário, Lula recebeu um par de sapatos da empresa paranaense Fujiwara, que fornece os calçados dos metalúrgicos. Questionado sobre o motivo do presente, o metalúrgico Cleudomar Pedrosa de Menezes, destacado para entregá-lo a Lula, disparou: "É para ele pisar bem firme porque vai ter que matar muita cobra nesse caminho."

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