Gay vende

"É preciso coragem para empunhar a bandeira da igualdade e da liberdade na busca do respeito à dignidade da pessoa humana e da cidadania", diz Berenice.

No entanto — não se enganem — a maior parte das tevês, rádios e jornais do Brasil e do mundo estão apenas querendo "vender um produto" e aproveitar um novo e interessante "nicho de mercado".

As coisas estão melhores hoje para quem luta pelos direitos de amar quem bem entender. É verdade. Mas poucos percebem que por trás de todo este prestígio concedido nos últimos dias ao Orgulho GLBT está o discurso conservador que tenta estigmatizar grupos minoritários — processo fartamente conhecido pelas comunidades de negros e indígenas.

Veja, lá estão os diferentes. Veja o quanto podem ser exóticos. Vamos tirar fotos. Vamos colocar os mais vistosos na tevê. Quanto mais colorido, melhor. Nem parecem pertencer a esta sociedade. Algo muito próximo de alienígenas, aqueles que se filma.

Sem contar o velho e atrasado conceito de que negro defende negro, gay defende gay e por aí vai. E eu, — possivelmente um estudante negro indígena homossexual que vive com um salário mínimo por mês no interior do Piauí e foi duramente perseguido pela ditadura militar — o que estaria fazendo aqui, escrevendo este artigo?

Direitos humanos não possuem cor. Não são rosa nem preto. O cidadão republicano deve ter a decência de ler o artigo 3 da Constituição Federal, que diz: "Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".

A família brasileira — quem diria! — é a primeira a desrespeitar a lei. Vê o homossexualismo como uma decepção. O que eu fiz de errado? Esta garota não tem cura. Este garoto é diferente dos amigos dele. Jogam a auto-estima dos próprios filhos no ralo. Na família, penso, se ama. É no tribunal que se julga.

Estão os "empresários da comunicação" preocupados com isso? Não. De maneira geral, descobriram apenas que gay vende.

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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