Lula: Brasil "está dando a volta por cima"

"Estamos convencidos também de que sempre haverá gente que vai ser contra, da direita ou da esquerda", disse Lula, durante pronunciamento em Caracas, onde se reuniu com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Lula destacou o "fenômeno" que ocorreu na votação da reforma da Previdência, quando "ultra-esquerdistas bateram palmas a ultra-direitistas", que votavam contra a reforma. Segundo ele, também havia gente de esquerda votando com a direita. "Isso não é nenhum fenômeno absurdo. Isso se chama exercício da democracia, que estamos praticando", ressaltou o presidente, de acordo com a Agência Brasil. O presidente disse que é possível que, com essa democracia, o governo esteja dando uma aula "a gente que estudou muito e talvez não saiba colocar em prática a arte da democracia", referindo-se ao governo anterior.

Ao comentar a situação na Venezuela, onde Chávez sofre grandes pressões, Lula disse que o Brasil será sempre contra qualquer tentativa de quebra institucional. "Para nós, a democracia tem regras, muitas vezes, regras exigentes. Parece difícil, mas até agora não apareceu nada melhor do que a democracia para o exercício do poder. Eu aprendi, com a tentativa de golpe na Venezuela, e a democracia cresceu um pouco mais na minha cabeça", concluiu.

Relação desumana Lula classificou de "desumana" a relação comercial dos países ricos com os países pobres, na declaração conjunta com o presidente da Venezuela. Ele disse que os países que estão ricos querem ficar cada vez mais e que os que estão pobres tendem a empobrecer mais.

Segundo o presidente, engana-se o dirigente que pensa que, viajando muito, indo a reuniões da OMC (Organização Mundial do Comércio) e fazendo o discurso de o seu país que é pobre, tem muitos analfabetos e muitas crianças de rua, muitos desempregados, muita falta de casas para o povo morar, vai sensibilizar alguém a baixar os preços, para que consigam vender os seus produtos.

Lula disse a Chávez que a questão dos países ricos tem que ser vista como a lição que ele e o presidente venezuelano aprenderam na luta social. "A nossa união é o grande instrumento para fazermos com que os países ricos do mundo — nem ceder nós queremos que eles cedam, nós apenas queremos que eles coloquem, na prática, o discurso que eles nos fazem a vida inteira. Nós queremos que o comércio seja livre e queremos também a oportunidade de provar que as relações, quando mais livres, nós seremos mais competitivos e, quem sabe, poderemos um dia nós transformar em país rico", concluiu.

Acordos Os presidentes do Brasil e da Venezuela assinaram acordos e protocolos de intenção que permitirão troca de investimentos entre os dois países, com o objetivo de aumentar a integração física, tanto em território brasileiro quanto venezuelano.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, explicou que um convênio para a área de infra-estrutura abre uma linha de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de US$ 1 bilhão, para projetos de exportação de bens e serviços brasileiros.

"Cada projeto será analisado pelo banco e, após o trâmite e aprovação, serão então disponibilizados os recursos individuais para cada projeto", afirmou Furlan. "Essas obras devem estar enquadradas nas prioridades decididas pelos presidentes para a integração física da América do Sul".

O ministro definiu a integração de Brasil e Venezuela como uma nova era entre dois países. "Acredito que, nos próximos quatro anos, haverá grandes investimentos de infra-estrutura, e a América do Sul será diferente, quando esses trabalhos forem concluídos", afirmou.

Partido dos Trabalhadores

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