PSDB: A Voz da Oposição

TEMAS NACIONAIS - A campanha do PSDB vai combinar os assuntos municipais com as questões nacionais. "O partido vai discutir todos os temas federais que tenham a ver com a vida dos municípios", disse o novo presidente do PSDB, José Serra. A campanha tucana, segundo ficou acertado ontem, será coordenada por uma comissão nacional a ser escolhida na próxima reunião da Comissão Executiva, na próxima terça-feira. Uma das tarefas da comissão será discutir a política de coligações do PSDB em 2004. Em conversa com jornalistas, Serra praticamente descartou a possibilidade de alianças com o PT. A mobilização eleitoral incluirá um "mutirão" nos 150 principais municípios, em visitas que contarão com a participação de Serra e outros líderes nacionais da legenda.

As assessorias técnicas do PSDB serão reforçadas, como parte do esforço para acompanhar melhor o desempenho do governo, apontar erros e propor soluções. A reunião de ontem contou com a participação de um dos novos nomes da equipe técnica tucana, o ex-ministro do Trabalho Walter Barelli. Esse reforço das assessorias não significa a criação de um "governo paralelo" de oposição ao PT, esclareceu José Serra.

Reforma da Previdência tem votação decisiva hoje no Senado

A Reforma da Previdência será votada hoje em primeiro turno no Senado. A votação desta terça tem caráter decisivo para o governo, pois se o texto for alterado não será possível promulgar as mudanças da Previdência ainda este ano. O bloco de oposição formado pelo PSDB e PFL, e o PDT, que se declarou independente, pretende apresentar requerimentos durante a votação para tentar aprovar emendas que modifiquem a proposta original.

FLA X FLU - O governo precisa de 49 votos dos 81 senadores para aprovar o texto como veio da Câmara. A oposição necessita do mesmo numero de votos para aprovar suas emendas. O PSDB irá apresentar requerimentos de votação em separado das 224 emendas rejeitadas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e como cada senador poderá apresentar pedido de votação em separado de suas próprias emendas a sessão do Senado só deve terminar amanhã.

O vice-líder do partido na Casa, Alvaro Dias (PSDB-PR), disse que está preparado para uma longa sessão. "Estaremos prontos para amanhecer aqui se for preciso e para rejeitar manobras de esperteza do governo. Votaremos contra essa reforma", declarou. Já para o líder tucano, Arthur Virgílio(AM), quem vencer vencerá por pouco e quem perder perderá por muito pouco." Será como um Fla x Flu daqueles dos bons, como antigamente, com gol na prorrogação", prevê.

Gomes: "Serra mostrou competência em todas as missões"

O deputado Eduardo Gomes (TO), em nome da bancada tucana, saudou ontem o novo presidente do PSDB, José Serra. "Desejo êxito e sucesso àquele que mostrou competência em todas as missões que a vida pública lhe atribuiu", discursou o parlamentar da tribuna da Câmara. Para ele, o ex-presidente José Aníbal "realizou um bom trabalho e fez com que o PSDB continue a ser o melhor partido, tanto nas vitórias quanto nas derrotas, por possuir as melhores propostas para o Brasil".

MANOBRA - Da tribuna, Eduardo Gomes também destacou a forma que o governo Lula trata o Legislativo no processo de reestruturação do setor elétrico no país. "Não é possível que o governo federal tenha debatido durante 11 meses o novo modelo para o setor elétrico e entenda que a Câmara dos Deputados aprecie medida provisória", afirmou o deputado. Ele explicou que, nesse caso, o prazo máximo para os deputados apresentarem emendas é de seis dias.

Na avaliação do tucano, o governo Lula trabalha politicamente para dificultar a apreciação, por parte do Congresso, das mudanças propostas para o setor elétrico. "Está em curso no Planalto manobra estratégica que visa protelar apreciação pontual do novo modelo".

Hoje [ontem] é dia 24 de novembro. Portanto, falta um mês para o Natal. Se a medida provisória chegar na próxima semana, como está previsto, receberá emendas e terá sua tramitação prejudicada pelo recesso parlamentar."

Eduardo Gomes fez ainda um alerta: "Não temos condição de deixar o setor de infra-estrutura ao sabor do governo A ou B. Isso é regra mundial. E não podemos também subjulgar ou submeter o Congresso Nacional à apreciação atropelada".

Metas do PT no campo são engodo

O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) classificou como "engodo" as novas promessas do governo Lula para o Plano Nacional de Reforma Agrária. Segundo o Planalto, até 2006, o objetivo é assentar 400 mil famílias, regularizar a posse de terra de outras 500 mil e criar 2,75 milhões de novos postos permanentes de trabalho no setor agrário. Na opinião de Leréia, o governo petista termina 2003 em débito com o povo. "Não acredito mais nas suas metas deles. Estou com medo que esses números sejam mais uma promessa entre tantas outras que não saíram do papel", afirmou o tucano.

Reunião da OEA na Colômbia

A deputada Yeda Crusius (PSDB-RS) está em Cartagena das Índias, na Colômbia, para coordenar o grupo de trabalho intitulado Formação de Liderança e Cidadania Democrática, dentro da terceira reunião anual do Foro Interamericano sobre Partidos Políticos. O encontro, que termina hoje, é promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA). As recentes crises enfrentadas pelos partidos políticos em diversos países da América Latina estão nos centros das discussões da reunião na Colômbia.

CURSOS - Para a deputada, os partidos políticos têm importância fundamental na proposição de políticas consistentes e devem se transformar em laboratórios de idéias com capacidade de disseminação na sociedade. Yeda acredita que os cursos de formação para militantes, voltados principalmente para as mulheres e para a juventude - como os ministrados pelo PSDB - cumprem função essencial nessa tarefa, além de promover a descoberta de novos líderes.

"No Brasil, o PSDB tem lutado pela consolidação do papel do partido como locus de discussão e elaboração de políticas", afirma a parlamentar gaúcha. "Seguindo o modelo de partidos como o social-democrata alemão, com sua fundação Friedrich Elbert, o democrata cristão, que mantém a fundação Konrad Adenauer, ou mesmo o democrata norte-americano, que lançou a Brookings Institution, o PSDB criou o Instituto Teotônio Vilela para promover a discussão de problemas que afligem a atualidade brasileira", ressalta Yeda, ex-presidente do ITV.

Reforma agrária do PT é "ridícula"

O vice líder do PSDB no Senado Alvaro Dias (PR) criticou a forma e o conteúdo das reformas do governo Lula e classificou o modelo de reforma agrária proposto pelo PT de "ridículo". Alvaro condenou a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que aprovou o texto da Previdência. "Cumpriu-se o ritual da encenação, que permitiu ao governo fazer valer sua vontade de impor ao país um modelo de Previdência Social, que não é aquele desejado pela sociedade brasileira. Nem no tempo da ditadura militar se viu tanta arrogância e prepotência."

GREGROS E TROIANOS - Sobre o Plano Nacional de Reforma Agrária anunciado pelo governo, Alvaro disse que de "tão ruim conseguiu desagradar a gregos e troianos". "Não ouvi nenhuma manifestação de alegria em relação ao plano anunciado pelo governo. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, por exemplo, classifica de ridícula a reforma agrária pretendida pelo governo Lula" , observou. Segundo o tucano, a proposta do Planalto de assentar 335 mil famílias até 2006 deixou insatisfeito todos os movimentos sociais.

"A Comissão Pastoral da Terra (CPT) chamou o projeto do governo Lula de mesquinho. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) considerou a proposta insuficiente. Dom Tomás Balduíno, presidente nacional da Pastoral da Terra, disse que o governo está indicando que fará uma 'reforminha agrária'. Já o MST salientou que o governo deveria, pelo menos, honrar os princípios históricos do PT", concluiu.

Virgílio pede informações sobre perda na safra 2004

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio(AM), encaminhou ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, informações sobre denúncias divulgadas na imprensa sobre o risco de perda de parte da safra agrícola brasileira de 2004 por falta de capacidade de armazenamento. Segundo Virgílio, o país levou quase uma década quebrando sucessivos recordes de safra e isso ajudou a manter o superávit na balança comercial e controlar a inflação. "Agora não é possível que em menos de um ano, parte da safra recorde se perca", alertou o tucano. "Existia um plano de armazenamento. A construção de silos estava prevista no Orçamento. Por isso, cabe ao Senado investigar o que está acontecendo", explicou.

Fogo Amigo

"Na oposição, nós éramos pit bull. Agora, quando viramos governo, temos de ser poodle de madame:

pode até dar alguns gritinhos histéricos, desde que o dono permita." - Senadora Heloísa Helena (PT-AL), constatando a diferença entre a valentia de outrora e o discurso atual do governo petista.

Eu sei o que vocês prometeram na eleição passada

"A economia não deve ser um fim em si mesmo. Ela deve ser um instrumento a serviço da vida. Vamos investir na construção de moradias e nas obras de infra-estrutura, setores intensivos em mão de obra."

Candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 23 de junho de 2002, na Carta ao Povo Brasileiro. Uma vez no poder, Lula deu um novo significado à palavra 'investimento'. Até outubro, apenas 0,53% do programa Infra-estrutura Urbana havia sido liberado. Quanto à economia, devido à política sistemática de contingenciamento orçamentário, se tornou um instrumento a serviço da dívida.

Números

0,40%

É a nova previsão do PIB para 2003 feita pelo governo Lula. O percentual é quase metade do índice anterior divulgado pelo Ministério do Planejamento há menos de um mês - 0,98 % - e mostra que o tempo das vacas magras está longe de acabar.

R$ 3,3bi

É o montante de recursos, a pouco mais de um mês do fim de 2003, que ainda estão contingenciados pelo Palácio do Planalto. A liberação de R$ 353,1 milhões anunciada com alarde nesta semana representa pouco mais de 3% do que ainda repousa nos cofres do Tesouro Nacional.

3%

Foi a queda nas vendas registrada em novembro em São Paulo, em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho da economia fez os comerciantes paulistas adiarem as encomendas e as contratações para o Natal, que tradicionalmente ocorrem neste mês.

12,3%

É o percentual dos recursos previstos no Orçamento de 2003 para o programa Consolidação dos Assentamentos liberados por Lula até o momento. No mesmo período do ano passado, FHC havia liberado 78,2% da verba. Devido a esse contingenciamento orçamentário, às vésperas do fim do ano ainda não se viu nem sinal da "maior e mais pacífica reforma agrária da história do Brasil". PSDB

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X