José Genoino: Presidente nacional do PT

Nela compareceram, para participar nos debates, ministros como Antônio Palocci, Benedita da Silva, José Dirceu, José Fritsch, José Graziano, Luiz Dulci, Olívio Dutra, Ricardo Berzoini, Tarso Genro e Waldir Pires. A maior parte desses ministros integra o Diretório Nacional do PT. Mas o fato mais significativo da reunião foi o comparecimento do próprio presidente Lula, que também integra o Diretório do Partido.

A presença de Lula na reunião não representa apenas um prestigio para o PT, mas um prestigio e um fortalecimento de todos os partidos políticos. As democracias modernas só funcionam bem onde existem partidos sólidos e estruturados, agindo como principais atores do cenário político. No Brasil, temos uma longa tradição de instrumentalização dos partidos pelo poder. Os partidos sempre ficaram num segundo plano. Os políticos, nas suas individualidades, sempre pontificaram. O governo Lula tende a ser marcado por uma inversão desta relação: buscar-se-á o fortalecimento dos partidos e a discussão programática na condução do processo político. A presença de Lula na reunião do PT teve este significado simbólico.

Do ponto de vista político, a reunião do PT analisou o desempenho do governo e indicou algumas diretrizes para o atual momento político. A resolução aprovada no encontro sustenta que os principais êxitos do governo, até agora, ocorreram no terreno da articulação política e na política externa. Na articulação política são destacados os seguintes fatos: o governo ampliou sua base no Congresso, conseguiu evitar que houvesse disputa nas presidências da Câmara e do Senado, fez um pacto com os governadores em torno das reformas e estabeleceu mecanismos de procedimentos institucionais na relação entre União e Estados e sinalizou a necessidade de um novo pacto federativo, tanto na reunião com os governadores quanto com os prefeitos.

Na política externa, o governo Lula conseguiu imprimir uma nova perspectiva para o Brasil: a de exercer uma liderança positiva na América Latina e no contexto da política global. Na América Latina, o governo vem adotando uma postura ativa na busca de soluções para conflitos como os da Colômbia e da Venezuela. Busca também consolidar a democracia e o comércio na região, seja no âmbito do Mercosul ou de relações bilaterais com outros países. O governo deve seguir negociando a implantação da Alca, defendendo os interesses do Brasil e sem se submeter os interesses norte-americanos.

No âmbito da política global o governo Lula pode exercer uma liderança positiva na OMC e em outros fóruns internacionais em torno da temática comercial como, o combate ao protecionismo comercial dos países ricos, os desequilíbrios entre países ricos e países pobres, o tema da pobreza mundial, os conflitos em torno das questões das patentes e dos direitos de propriedade intelectual etc. Num momento histórico em que a economia e as relações políticas e culturais se globalizam, o novo governo deverá imprimir uma ampliação das ações internacionais do Estado brasileiro. Ressalte-se ainda, a atuação firme do governo contra a guerra do Golfo, cujas principais vítimas, como sempre, são as populações civis do Iraque.

Do ponto de vista econômico, a reunião do PT garantiu sustentação clara à política de ajuste que o governo vem adotando, na certeza de que estão sendo construídas as condições para sair da crise e promover as mudanças no sentido do crescimento econômico e da geração de emprego e renda. Está claro, tanto para o PT quanto para o governo, que a política de juros é transitória e voltada exclusivamente para combater a inflação.

Esta é uma diferenciação significativa em relação aos juros altos praticados pelo governo FHC que tinham como objetivo premiar o risco de investimento do capital especulativo, atraído para financiar o déficit fiscal e externo. Com o governo Lula pratica-se uma política fiscal dura, mas necessária. O benefício desse ajuste será colhido amanhã, por toda a sociedade, quando o Brasil diminuir sua dívida e sua dependência externa. Então, com os juros e oferta de crédito barato, poderá incrementar o desenvolvimento.

O PT, exercendo sua autonomia, não deixou também de sugerir diretrizes ao governo. Na área social, o Partido quer uma melhor definição de focos, de métodos, de critérios e de objetivos. Quer também ações pró-ativas do governo em políticas de desenvolvimento e geração de emprego, nosso principal tema de campanha. Quer, ainda, ver o governo funcionando com mais coordenação interna e com definições estratégicas. A reunião mostrou, por fim, que apesar dos debates e das divergências naturais, o PT saiu unido e integrado no conjunto dos indivíduos e grupos internos.

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