TURISMO DE PROMESSA

Em outubro do ano passado, comentamos em artigo publicado em sites e jornais, sob o título “ Lula e o Turismo “, a então acertada e corajosa decisão do Presidente sobre a prioridade concedida ao turismo, colocando-o nos limites do bom senso e entregando a um técnico da envergadura e experiência de Walfrido Mares Guia, a responsabilidade ministerial de comandar um processo de resgate há anos esperado e sempre negligenciado e esquecido.

O turismo sempre fora encarado como um tema muito bom para discurso e, em seguida, filho enjeitado quando se tratava de fixar diretrizes de investimento, priorizadas ações que permitiriam, sem dúvida, fosse o setor encarado de fato como fator de desenvolvimento econômico e social.

Justamente porque militamos na área, colocamos naquele artigo as metas oficialmente anunciadas pelo Presidente Lula, num rasgo de civismo e brasilidade, emprestando à sua atitude e decisão, total confiança e apoio, acreditando como todo o trade turístico no pronunciamento do Presidente. Hoje, passado apenas um ano, o mesmo Presidente, sem qualquer consideração e respeito pela sua palavra e pela esperança que espalhou pelo país, rasga a promessa e a joga no fosso do esquecimento, nivelando-se aos que no passado de nosso turismo também o agrediram e sufocaram, impedindo sua afirmação histórica.

Disse o Presidente, no discurso oficial que lançou o Plano Nacional de Turismo, em outubro do ano passado: “ Vou gerar em quatro anos 1,2 milhão de empregos na área do turismo. Vou aumentar o fluxo atual de 4 para 9 milhões de turistas ano. Quero elevar de 3,8 bilhões de dólares para 9 bilhões de dólares-ano as nossas receitas cambiais e desejo criar condições para ampliar de 40 para 65 milhões de passageiros-ano, nos vôos domésticos. Vou destinar para o setor de Turismo, investimentos da ordem de 19,5 bilhões de reais , destacando de pronto um total de 400 milhões de reais para financiar a pequena e média empresa “.

Esta semana o Presidente esqueceu tudo o que prometeu e reduziu no orçamento deste ano, 32,48% das verbas do Ministério de Turismo, mantendo apenas recursos para custeio, propaganda, viagens e diárias. E não ficou só nesta medida . O Presidente Lula também estava voltando às práticas do passado.

O mais grave e profundamente desestimulante foi o Presidente ter determinado o corte, no exercício de 2005, de 86,3% das verbas e recursos do Ministério de Turismo. Esta quase inacreditável decisão agride, menospreza e bate fundo no coração do segmento que vinha sendo conduzido com acerto e muita dedicação, interagindo com a iniciativa privada, numa parceria respeitosa e solidária.

Esta é a hora do trade turístico brasileiro, sem distinções partidárias, se levantar num protesto contra a precipitada decisão do Presidente.

Ainda é tempo de corrigir esta lamentável determinação, que coloca o Presidente Lula no mesmo nível daqueles que sempre cultuaram promessas eleitoreiras e vazias.

Concedemos, na modéstia deste artigo, ainda, um crédito de confiança ao Presidente. Recuar é preciso. Pelo turismo. Pelo Brasil.

J.C.Monjardim Cavalcanti ([email protected])

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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