Discurso do presidente do PSDB, José Serra

"É tempo de promovermos um choque de competência e moralidade em SP" Cada pessoa tem sua vocação. A minha, desde sempre, foi a causa pública, a luta pelo bem-comum, pelo interesse coletivo. Desde a época de dirigente estudantil, passando pelos mandatos de deputado e senador, de secretário de estado a ministro, minha vocação sempre me levou a trabalhar por um Brasil melhor, um país de progresso, trabalho e justiça social.

É essa vontade que me traz aqui, no início de uma nova jornada. Com disposição, ânimo e satisfação tomei a decisão de apresentar-me ao PSDB como candidato a prefeito de São Paulo. Tomei essa decisão devido a cinco compromissos.

Em primeiro lugar, o compromisso com São Paulo, a minha cidade, onde nasci, onde estudei, onde trabalho, onde moro.

Venho de família de imigrantes pobres, lá da Mooca, na Zona Leste, na época um dos maiores bairros operários da cidade. Gente que vivia do trabalho duro, gente aguerrida. Aprendi que o povo de São Paulo não exige muito, quer um mínimo de oportunidades e de segurança na vida, quer que os políticos e o governo o respeitem. Cheguei até a universidade, até a Politécnica, graças a escola pública. Nela aprendi a importância de mudar o país, para que a nação brasileira fosse de todos.

Depois do exílio de 14 anos a cidade recebeu-me de volta como se eu nunca tivesse me ausentado. Meu compromisso com esta cidade é para sempre. Para onde quer que eu vá - e já andei muito, neste mundo - levo São Paulo na alma.

Pesaram muito em minha decisão os apelos que recebi, partidários e políticos. Mas o que pesou mesmo, que teve papel fundamental na minha decisão foi a convocação da população da minha cidade.

Em segundo lugar, o compromisso com meu partido, o PSDB. Há 16 anos, um grupo de brasileiros idealistas, e eu estava entre eles, fundou um novo partido, começando do zero, mas com o espírito fortalecido por ideais de justiça, de comportamento ético, de coerência e seriedade na política.

Era um grupo pequeno, mas de gigantes e aqui menciono os que se foram : Montoro, Covas, José Richa, Sergio Motta. Esse partido, o nosso partido, o PSDB, em pouco tempo governou os estados mais importantes, governou o Brasil. No governo, acertamos e erramos, mas acertamos muito mais do que erramos. Não traímos nossa história, nosso passado. Aliás, não temos nenhum problema com nosso passado, para explicar ou revisar nossas ações.

Nunca vendemos esperanças que fossem se transformar em ilusões, nem grandes expectativas que fossem virar frustrações. O PSDB foi testado e aprovado. O PSDB me chamou para esta luta. Aqui estou. Não poderia ser diferente.

Em terceiro lugar, o compromisso com o meu País. São Paulo não é apenas a maior cidade do País. É a mais brasileira das cidades. Aqui estão brasileiros de todas as partes, estrangeiros de todos os lugares - paulistanos todos. Tirar a cidade de São Paulo do caminho errado é uma contribuição fundamental para o Brasil. Tenho andado pelos estados e ouvido pessoas, perplexas, indagando: o que está acontecendo com o Brasil? Por que o País está parado, o desemprego está aumentando, a renda está caindo, as políticas sociais retrocedendo? Os brasileiros estão cada vez mais inquietos e descontentes, mais frustrados.

A esperança se transformou em decepção. A nossa cidade tem sido vítima antecipada da incoerência do PT. Tem sido travada há mais tempo pela inépcia, pela frustração de uma administração que faz no exercício do poder exatamente o contrário daquilo que promete quando precisa conquistar o voto. É tempo de promovermos na cidade, como exemplo para o Brasil, um choque de competência, de moralidade administrativa, de verdade e de diálogo verdadeiro com as pessoas.

Em quarto lugar, o compromisso com as pessoas. Quem, como eu, dedicou os últimos quarenta e tantos anos à causa pública e à luta popular, não pode ficar indiferente ao clamor das pessoas desta cidade. A população já não suporta taxas e impostos pesados que se transformam em imensos gastos com propaganda enganosa, empreguismo e obras caras, de última hora, eleitoreiras. População que sofre a fuga de empresas; a desorganização dos transportes; a inação na educação; o retrocesso na saúde. O paulistano não gosta do descaso, não gosta de governantes que não fazem e não gosta, também, dos governos de última hora, que só aparecem na véspera da eleição.

Em quinto lugar, o compromisso comigo mesmo. A batalha será dura, eu sei. Mas eu não ficaria em paz comigo mesmo se não apresentasse o meu nome aos paulistanos. Tenho muita vontade e disposição para ser prefeito de São Paulo. Estou preparado para isso. Preparado depois de ter tido experiência como secretario estadual, deputado, senador, duas vezes ministro e, porque não dizer, de ter contribuído para dar uma virada na Saúde no Brasil e depois de ter tido, nesta cidade, praticamente a metade dos votos na eleição para presidente do Brasil. Estou num bom momento: maduro e experiente, mas com fôlego e garra de iniciante.

Eu aprendi uma dura e importante lição quando tive de partir para o exílio aos 22 anos de idade. Não basta querer mudar o Brasil. É preciso saber mudar o Brasil. E nós sabemos como fazer. Por isso, estou convencido que conseguiremos mudar esta cidade. Fazê-la melhor, mais justa, mais humana. Vamos conduzir esta campanha com alegria, com energia, com convicção. Não será uma campanha contra nada, mas a favor da cidade e do Brasil, olhando pra frente. Vamos dar um exemplo ao Brasil.

Vamos mostrar que competência, seriedade e honestidade fazem a diferença.

Vamos à luta e à vitória.

Como bem disse o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade: "Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.(...)

José Serra PSDB

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